Apesar de toda a complexidade da criação, prova-nos que somos todos iguais e que existe para cada fase, uma frase, para cada época uma música, para cada circunstância um cantor.
Gostamos de uma música justamente pela identificação de sua letra com o momento que vivemos. E a música foi criada justamente para preencher um vazio, exaltar uma lembrança, provocar sentimentos, atenuá-los, potencializá-los.
Vou além disso, muito além quando afirmo que a música é o melhor instrumento para evocarmos nossas memórias, nossos passados. Voluntariamente ou não.
E quando então uma música nos pega de surpresa como me pegou Renato Russo hoje quando ouví Vento no litoral " Aonde está você agora além de aquí dentro de mim?".
A música tem o poder de erguer o mais pesado dos corações bem como arrazar a mais pura das almas simplesmente trazendo de volta momentos, fases, situações.
E quando então do nada nos deparamos com um trecho qualquer, de surpresa, sem procurarmos. Quando a música nos surpreende de uma forma inevitável como Tom Jobim que pinta esta obra: " E cada verso meu será pra te dizer que por toda a minha vida vou te amar" ou Martinho da Vila com a indiscutível letra de Disritmia: "Eu quero ser exorcizado Pela água benta desse olhar infindo Que bom é ser fotografado Mas pelas retinas desses olhos lindos..."
Não existe classificação de ritmos quando se é tocado por uma música. Pode-se gostar de MPB, Bossa Nova, Rock, Blues, Samba, Axé e outros tipos de manifestação musical. Sempre haverá uma situação cíclica, sempre haverá alguém cantando sobre os mesmos problemas, as mesmas angústias, os mesmos amores e desamores. A mistura das palavras é mágica e absolutamente original.
Qual é a sua música? Qual aquela frase que arrepia os pelos do corpo quando é ouvida na voz de um cantor? Qual a música que te faz feliz e qual a música que te remete a momentos felizes? Cada pessoa que ler este texto irá pensar em uma música, do presente e do passado provando que somos seres com os mesmos sentimentos, os mesmos problemas e aflições.
Quantas músicas não queremos lembrar também? Quantas músicas ouvimos que nos fazem tristes, melancólicos? Quantos versos foram feitos com uma intenção e acabaram tomando outro caminho?
Nesta eu cito uma que já postei aqui anteriormente, que não é bem uma música e sim uma declamação de Vinícius de Moraes musicada por Tom Jobim: Soneto da separação:
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente...
Estes dois gênios da música, estes dois gênios dos sentimentos conseguiram superar qualquer demonstração de absoluto sofrimento quando criaram as conexões exatas para estas palavras.
O mais interessante disso tudo é que esta é a minha opinião que pode ser diferente da opinião de qualquer outra pessoa do planeta. E esse é o sentido da música, particularizar os sentimentos que são iguais em cada um de nós!
ouçam!
Princesa.... Kkkkkkk
ResponderExcluir