quarta-feira, 29 de maio de 2013

Solidão

Não, eu realmente não tenho medo da solidão. Ao contrário, eu a tenho preferido. Viajando pelas estradas do meu Estado, às vezes um dia inteiro sem trocar uma só palavra, apenas retas e curvas, subidas e descidas e o som tocando no rádio do carro tenho tido tempo para pensar, para refletir e conhecer as pessoas como elas realmente são.
Conhecer as pessoas em sua ausência é uma arte que tenho desenvolvido muito bem. Mensurar seus limites, suas ambições e suas satisfações.
As maiores decepções advêm invariavelmente daqueles mais próximos, não por que sejam pessoas ruins mas sim por que os olhamos com os olhos que temos. Olhamos para os queridos como se fossem os ideais de nossas vidas, aquelas pessoas que teriam todos os sorrisos, todas as atenções e todo o tempo para nós.
Esquecemos ou melhor, escondemos de nós mesmos que estas pessoas são independentes, são imperfeitas e que mais dia menos dia terão suas verdadeiras identidades reveladas. A bela e a fera habitam o mesmo corpo. Enxergar isso é fundamental em qualquer circunstância.
Enxergar também estas personagens dentro de nós é o melhor do auto controle. Sabermos que somos belos e feras e quando estes lados se manifestam é de uma utilidade imensa para conhecermos nossos limites. Sabermos até onde podemos chegar, onde não podemos parar.
Particularmente pretendo trabalhar mais meu lado fera. Tenho sido meio passivo no que diz respeito às coisas que me acontecem. tenho aceitado com passividade as coisas que me incomodam. Preciso aguçar, atiçar, alvoroçar mais meu lado fera. Preciso aprender a impor o espaço que me pertence, independente a quem venha doer.
Doi em mim, doerá ao meu redor.
Eu me basto, eu me completo e por vezes, eu me transbordo!

domingo, 26 de maio de 2013

Oportunidades

Então percebemos que as datas se repetem todos os anos, os dias 26 de maio existirão infinitamente até quando algum cometa insano cruzar nossa órbita ou a própria insanidade do homem acabar com tudo irremediavelmente.
Mas ao contrário das datas, as oportunidades são imprevisíveis, elas acontecem em um único momento e têm o inconveniente de não se repetirem. As oportunidades são como portas que se fecham para sempre.
Às vezes estas portas ficam abertas por algum tempo, esperando uma eternidade por uma decisão, por uma atitude. Algumas vezes são instantes apenas, frações de segundos, um piscar de olhos, um pensamento!
E a porta se fecha, separando pessoas, ideais, projetos, vidas, futuros.
Não é como trem, ônibus, taxi, dias... O tempo não volta. A porta se fecha e fora dela só restam o se e o arrependimento.

domingo, 19 de maio de 2013

Anagrama

Fácil assim, eu queria muito acabar com a sua solidão, com este sentimento de carência que você demonstra o tempo todo. Queria carregar você além dos quatro cantos do mundo, aquí dentro de mim. Fazer de nossas duas vidas uma só. Colorir, sonorizar, poetizar, movimentar isso tudo que está em preto e branco, mudo, narrativo e parado. Pelo simples motivo de amar. Simples assim.

Lembre-se: Vive-se em preto em branco como vive-se colorido. Eu mesmo sou a prova disso pois deixei de ver cores faz muitos anos. Sei exatamente a diferença entre as matizes. Viví meus últimos anos em degradê do branco ao preto.

Antes de qualquer coisa, ouvir os sons além dos sons interiores, além dos sons do pensamento, mixar as palavras de um sem número de pessoas, compor uma bela letra sobre uma bela melodia alegra a alma, fortifica os sentimentos, alivia-se as pressões. É uma forma de autoconhecimento, de libertação dos preconceitos.

Ver uma página em branco e nela escrever poesia, com sentimento, com rimas e sentidos é muito mais gostoso do que uma simples narrativa de um dia a dia comum. Juntar letras, formar palavras, concatenar frases, estabelecer as pontuações e transferir emoções faz da história de nossas vidas mais interessantes.

Inércia, falta de ação, quando nada sai do lugar, quando nada se mexe, quando nada de novo acontece, quando tudo permanece como sempre foi. 

Ao contrário. Fazer as coisas acontecerem, mudar, movimentar-se, andar, correr, transformar, perseguir os desejos, acontecer. Amar

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Rumos diferentes

Agora eu tenho todas as variáveis, agora eu sei de todas as verdades e agora eu tenho condições de encaixar todas as peças que faltavam para me posicionar em relação a esta questão que muito me incomodava.
Sabem quando temos nossas considerações sobre as coisas porém não temos a absoluta certeza de que estamos corretos? Pois bem, era assim que eu me sentia. Eu sabia porém não tinha certeza de que estava correto.
Que alívio. Agora sei que estou correto e que todas as minhas hipóteses e suspeições têm embasamento, tem fundamento e sentido. Agora eu sei que o que eu imaginava ser verdade, verdadeiramente a é.
Pontos de vista sempre têm o seu lugar, sempre têm fundamentação quando se exerce o livre poder de expressão. Podemos perfeitamente adotar uma postura perante uma situação, opinar a respeito, agir de acordo com nossas idéias pois temos direito.
Quando apenas duas pessoas discordam opostos pelo vértice, temos um conflito. Quando duas pessoas discordam de uma, temos um desequilíbrio, quando várias pessoas discordam entre sí, temos um desvio padrão porém, quanto várias pessoas discordam de uma, o que temos? Temos uma teimosia. Temos uma pessoa orgulhosa, temos uma pessoa com medo, acuada.
Hoje passo por uma situação muito semelhante. Várias pessoas discordando de uma. Uma teimosa.
Hoje eu conheço a verdade e não posso exercê-la devido à teimosia. E algumas vidas tomam rumos diferentes por conta disso. Pobre do tempo que será perdido!

terça-feira, 14 de maio de 2013

Caçando borboletas

Eu não vou mais caçar borboletas...
Não que eu não as deseje mais, não que eu não as queira...
Não que eu tenha perdido o encanto pela sua beleza ou a admiração pelo seu vôo.
Eu simplesmente não vou mais caçá-las pois já cuidei do meu jardim.
 
Eu não caço mais borboletas...
Elas voam ziguezagueando ao sabor dos ventos...
Elas não seguem um caminho preciso, uma linha reta...
Elas balançam minha cabeça, elas me deixam zonzo...
 
Eu não coleciono borboletas...
Queria apenas uma, encantado pela sua beleza, admirando o seu vôo...
Ziguezagueando em meu jardim cuidado...
Balançando minha cabeça, me deixando zonzo...
E feliz...

Domesticação

O futuro não pode servir para potencializar nossa falta de ação no passado. O futuro não deve servir para incurtir em nós aquele sentimento de que como poderia ter sido de tivéssemos feito diferente. Justamente por a vida ser uma só é que vivemos neste meio termo de medo e aflição.
Medo de tomarmos decisões erradas e aflição por querer fazer algo e não conseguirmos.
Mesmo desconsiderando a variável tempo, carregamos conosco a percepção exata do relógio da vida, aquele que marca os dias não com horas mas sim com decisões.
Temos mesmo que subconscientemente, a exata noção da perda do tempo e do tempo gasto em determinadas situações e conseguimos prever o impacto que isto causará no nosso futuro.
Muitas vezes por comodismo, nos apegamos a pessoas e situações, muitas vezes por preguiça mesmo, pelo tempo desprendido, deixamos as coisas como elas estão e preferimos não ousar, não arriscar, contendo nossos desejos e nossas vontades.
Familia, amigos, vizinhos, colegas, conhecidos, sociedade, conceitos e preconceitos, religiões, culturas dentre tantas outras variáveis nos apontam os dedos, nos rodeiam, invadem nossas vontades, comandam nossas percepções ao ponto de simplesmente não termos coragem de arriscar, não termos coragem de proporcionarmos a nós mesmos uma mudança significativa no rumo que estamos dando em nossas próprias vidas.
E vamos chegando ao futuro perguntando-nos como teria sido se fosse diferente. Vamos nos limitando, vamos nos prendendo e aos poucos aceitando coisas que não aceitaríamos normalmente, mantendo aparências onde a idéia das pessoas são mais importantes que nossos próprios sentimentos.
E passamos a viver nossas vidas para agradar pessoas, para evitar julgamentos, comentários, fofocas. Vemos os anos correndo presos a promessas não cumpridas, desejos contidos e saudades do que não vivemos.
E passamos a acreditar em pessoas vazias, e entregamos nossas vidas nas mãos dessas pessoas como se as mesmas fossem as únicas donas das verdades. E são. Estas pessoas são donas das suas verdades porém não das nossas. Vemos estas pessoas como professores da pré escola onde a verdade é absoluta.
Professores nos ensinam a ler e escrever mas aceitamos pessoas que querem nos ensinar a viver a sua vida, e não a nossa vida.
Então criamos o desequilíbrio, perdemos nossas forças e vamos aceitando a ração de cada dia, cada vez mais sem forças para mudar, cada vez mais sem forças para sequer revidar. Vamos sendo domesticados, amestrados, ensinados a contentar com o pouco que temos.
São raros os casos onde o animal se volta contra o domador... são raros mas existem!
Solte a sua fera!!!
 
Lembre-se: Um animal amestrado pode até ser bonitinho porém nunca será livre!



sexta-feira, 10 de maio de 2013

Metamorfose

Não borboleta...
Não somos donos das pessoas e nem de suas vontades...
Não mandamos e nem determinamos nada na vida de alguém...
Apenas existimos... Apenas sentimos... Apenas falamos e sugerimos...
Não obrigamos ninguém a nada... Foi você quem me ensinou isso...
Aliás, foi com você que eu senti isso...
 
Não borboleta...
Não voamos como águias...
Não temos sempre o rumo traçado, o objetivo em foco...
Voamos como...
Borboletas!!!
Algumas vezes em direção às flores, outras apenas de acordo com a força dos ventos que nos atingem...
 
Não borboleta...
Nem todas as flores contém néctar...
Nem todas as flores nos saciam..
Algumas vezes apesar de belas, as flores nos deixam com fome, com necessidades...
 
Não borboleta...
Não se volta para o casulo depois que as asas abrem...
Da mesma forma como não se volta no tempo, não se cola os cacos quebrados sem deformar a imagem no espelho.
 
Não borboleta...
Não se come as folhas depois do casulo aberto...
Só o néctar lhe satisfaz...
 
Metamorfose-se de novo borboleta!



quinta-feira, 2 de maio de 2013

subconsciente

Alguns leitores mais assíduos entraram em contato perguntando por que não tenho atualizado o blog. Perguntado se eu estou desmotivado ou sem idéias.
Não. Não é esta a questão. Não é a desmotivação ou a falta de idéias. Aprendí que não devo expor as coisas quando estiver tomado pelo calor da emoção  pois corro o risco de ser  imparcial em minhas colocações.
Não quero ser imparcial em nada pois a justiça é um senso comum porém cada qual tem a sua. Cada qual "puxa" a justiça de acordo com suas conveniências. E é justamente neste ponto que exercemos nosso poder de persuasão. É aí que nascem os grandes líderes. Os humanos que contaminam multidões com a sua certeza.
Para que exista um grande e carismático líder, é necessário que existam pessoas sem idéias próprias. Jesus, Napoleão, Hitler, Che Guevara, Mandela, Karol Wojtyla, Stalin dentre tantos outros se destacaram por conseguirem propagar suas idéias e estabelecê-las como a única verdade.
Percebi que não contar as horas, não acompanhar as datas, não se importar com os dias, semanas e meses é o melhor remédio para colocar as coisas em seus devidos lugares. Percebi também que perder alguma coisa algumas vezes não é sinal de derrota e sim de libertação. 
O que antes me parecia essencial hoje me causa repulsa. O que antes era imprescindível hoje não faz falta. E é justamente deixando de contar o tempo que isto foi possível.
Ainda não domino a arte de dormir. Até hoje sinto dificuldade e até mesmo um certo medo nesta hora do dia. Não sei o que me espera em meus sonhos e por conta disso algumas vezes durmo pouco e em outras os pesadelos são incontroláveis. Tenho que me acostumar com eles, tenho que conviver até que eles cessem naturalmente. 
Ah... eles vão cessar com certeza. A realidade é sempre mais imediata mas o nosso subconsciente é uma caixinha de surpresas e tem vontade própria. De repente sem mais nem menos somos levados pelo subconsciente a situações que não queremos na vida real. Mas é a vida.
Nada mais a lamentar pelo futuro. Sempre disse que um dia após o outro é uma regra inevitável, inabalável. Já tivemos tantos medos antigos superados, por que não superaríamos os próximos? 
Superação!!! em alguns casos nada mais é que voltar ao ponto de origem, deixar a água parada, quieta novamente. Parar de eboluir, condensar e acalmar!!!