quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Exclamações

Onde estão todas as cores que meus olhos não podem ver neste momento? Por onde andarão todas as matizes do mundo se agora só vejo o escuro do quarto?
Quando me calo, a quem meu silêncio atinge?
Quando falo, a quem machuco?
Quantos são os segundos que se passam quando estou parado no tempo?
Quantas rugas surgem em minha face e em tantas outras faces ao meu redor?
Quais são as respostas para as perguntas que não faço?
Qual o final das histórias dos livros que não lí?
Quais os nomes dos animais de estimação que não tive?
Quem são os amores que não tive coragem de viver?
Onde ficam os lugares que não me atreví a ir?
Quais os erros que não cometí?
E quais os acertos das atitudes que não tomei?
Quantos perdões não pedi?
Quantas desculpas não aceitei?
Quanto tempo terei antes de acabar com todas estas interrogações?
Como aprenderei a me desfazer destas interrogações e transformá-las em exclamações?
As perguntas serão sempre as mesmas e a resposta será apenas uma.
Sobrevivemos dia após dia. Mas vivemos mesmo, passamos a saber o que é a vida apenas quando nos damos conta que esta é uma só. Não tem retorno, não tem um segundo que se repete. Não há momento que reviva, não há dia que se perpetue.
Quero sim ver todas as cores possíveis, calar-me e expressar-me ao meu bel prazer, ler tantas histórias quanto forem possíveis, perguntar os maiores absurdo, viver todos os amores, ir a tantos lugares que meus pés me carreguem, cultivar plantas, dar nome aos cães e gatos, errar, acertar, agir, perdoar e ser perdoado, esquecer as interrogações e viver de exclamações sempre que abrir meus olhos e fizer minha vida, minha única vida, acontecer!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Passadear

Nossa lingua portuguesa é mesmo cheia de encantos... Por conta do aniversário de uma pessoa muito querida semana passada, estava eu pensando em uma forma de presenteá-la, mesmo que remotamente ou virtualmente. E em meio a estes pensamentos, a palavra "presente" veio-me várias vezes à cabeça e não pude deixar de analisá-la e a brincar com ela.
Presente e seus significados, presente e suas variações... Presente significa estar junto, naquele momento, naquele local. Presente significa tempo verbal, atual, momento instantâneo. Presente significa algo que se dá a outrem.
Então presentear significa dar algo a outrem para uso imediato?
Continuei com minha linha de raciocínio e minhas brincadeiras literárias e pensei: Por que não PASSADEAR?
Por que não podemos dar às pessoas um pouco de passado? Presentear com o passado, passadear!
Então faço uso desta palavra para expressar que algumas pessoas precisam de um pouco de passado em suas vidas. Algumas pessoas precisam de lembrar suas origens, lembrar de onde vieram e todo o caminho que percorreram até o presente.
Muitas vezes guardamos nosso passado em gavetas tão bem fechadas, tão escondidas que fica a sensação que nascemos a cada dia. Esquecemos pessoas, lugares, lutas, perdemos toda a referência de origem, de aprendizado. Vivemos apenas do presente, almejamos apenas o futuro.
Agradamos as pessoas presenteando-as e acredito realmente que também podemos agradá-las mais ainda passadeando-as com recordações, com ensinamentos, fazendo-as olhar um pouco para trás para perceberem o que realmente é importante nas suas vidas.
Utilizando uma frase de outro texto meu: NA vida de uma pessoa, é mais importante sua história que sua geografia.
Então sugiro que passadeemos mais uns aos outros... relembremos mais as histórias, os momentos, os ensinamentos, as vitórias e as derrotas. Sugiro que passadeemos mais entre as pessoas que já nos esquecemos, dos lugares que já vivemos, dos sabores que já sentimos. Sugiro que busquemos no passado os momentos mais bonitos e os ofertamos às pessoas ao nosso redor.
vivemos muito apressados... vivemos no presente... Vamos passadear, vamos futurear! Ambos estão muito ligados.... Pois no futuro seremos apenas aquilo que o passado nos permitir.

domingo, 6 de outubro de 2013

Religião

Padre Fábio de Melo disse " A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos.
Excelente colocação que merece várias análises tanto do ponto de vista religioso (como representante do catolicismo) quanto do ponto de vista prático.
Ele termina este pensamento da seguinte forma: ...porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito.
Isto vai além da religião, ultrapassa todas as regras e limites impostos por padres, diáconos, bispos, monges e quaisquer outros representantes das mais diversas religiões. Deus é conceito único. É o criador. Absoluto. As regras, os limites, o que realmente importa não varia de religião para religião. Independente da religião, todos procuramos a paz de espírito. As variações são decorrentes de seus líderes.
Do ponto de vista religioso é isto. Basta. Simples e fácil. Paz de espírito. Já do ponto de vista prático, precisamos identificar quem é o outro a quem se refere o Padre Fábio de Melo.
Existe um pouco de nós mesmos dentro deste outro pois caso contrário viveríamos em uma interminável anarquia... Mas é só um pouco dentro de nós. O resto do outro quem seria?
Seriam os vizinhos, os amigos, os conhecidos, os parentes, os irmãos de igreja, um namorado, um patrão, um desconhecido?
Existem três básicas colocações a respeito da criação divina. Crescei e multiplicai-vos. Livre arbítrio. Imagem e semelhança de Deus.
A finalidade da criação é com certeza a perpetuação da espécie. Deus não criaria o homem sem este objetivo. Deu a nós a possibilidade do livre arbítrio justamente pela certeza de que, se fomos criados à Sua imagem e semelhança, poderíamos sempre conduzir as rédeas de nossas vidas que por fim, estaríamos tomando as melhores decisções de acordo com Sua vontade.
As regras, as normas, o poder ou não poder fazer as coisas vieram depois. Vieram através dos Seus "mensageiros", dos Seus "representantes".
Fomos criados para sermos felizes, fomos criados para sermos corretos seguindo às leis Divinas. Não nascemos com manuais de instruções e nossas vidas não são propriedades destes outros a quem se refere o padre Fábio de Melo em seu texto.
Fábio de Melo, padre católico, poderia ser Batista, poderia ser Protestante, poderia ser Testemunha de Jeová, poderia ser Maranata, poderia ser Budista, poderia ser apenas Fábio de Melo que suas palavras estariam absolutamente corretas. O erro está mesmo dentro de nós quando nos limitamos a conceitos, preconceitos, quando nos submetemos aos olhares de terceiros e deixamos estes nortearem nossas vidas.
Erramos quando deixamos de fazer o que queremos para fazer o que achamos que os outros querem que façamos. Erramos quando nos mantemos estáticos em lugares que não acrescentam nada, quando nos prendemos a considerações e coisas do passado. Erramos quando não aceitamos as mudanças, quando tememos o futuro um pouco diferente do que sempre imaginamos. Erramos quando tememos e quando duvidamos das nossas próprias capacidades de sermos felizes.
Da mesma forma que erramos em não perdoar, erramos quando perdoamos algo que vai de encontro da nossa própria segurança, da nossa própria felicidade pois, no fim de tudo, no derradeiro fechar dos olhos, seremos só nós e Deus!  Como bem disse o Padre Fábio de Melo "...porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito."
Termino assim: Triste é quem faz sua vida em um único caminho.



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Livro

Somos pessoas em constante evolução. Necessitamos energia para evoluir, necessitamos alimento. Vivemos pelo que consumimos e a capacidade de processar e transformar a comida em energia que nos mantêm vivos.
Vivemos de vitaminas, proteínas, carbohidratos, sais minerais...
Não.. com isto sobrevivemos.
Vivemos mesmo é de sensações, de sentimentos, de sonhos, vitórias, conquistas. Vivemos de projetos, vivemos de arrebatamentos.
Somos arrebatados constantemente por todos os sentidos.
De repente, sem mais nem menos, somos arrebatados por um cheiro... somos arrebatados por uma voz, quem sabe por um filme, uma música ou mesmo um lugar. De repente, sem mais nem menos, somos arrebatados por um dia de sol ou uma noite fria de luar. Somos arrebatados por nuvens, pássaros, pela chuva e até mesmo a lama que suja nossos calçados.
De repente, sem mais nem menos, somos arrebatados por um sorriso ou por uma lágrima. Até mesmo pela coincidência dos dois no mesmo rosto no mesmo instante. Somos arrebatados por uma música, pelo arco íris, por uma flor e pela abelha que nela retira o néctar para produzir o mel que arrebata de doce nossas vidas.
E de repente somos arrebatados por alguém. Alguém que sem pedir licença muda nossas vidas. Altera nossos sentidos e modifica nossos sonhos. Bagunça nossas listas de prioridades, transforma nossos pensamentos, disturba nossos sonhos e acelera nossos corações.
E de repente, somos arrebatados pelo passado e pelo futuro.
É impossível viver sem passado. Ele sempre voltará para assombrar ou para alegrar nossas vidas. O nosso passado é o que temos de mais presente. O passado serve para nos orgulhar e também para nos ensinar. Para nos orgulhar de nossas conquistas e ensinar onde erramos. O nosso passado não é só o contrário do futuro. O futuro é um baú sem chaves e não temos como ver seu conteúdo. O passado é um baú aberto que podemos escolher o que e quando buscar algo. O futuro é um armário de uma só gaveta - o desconhecido. O passado é um depósito muito bem organizado, etiquetado. O passado é um livro escrito. O futuro é uma página em branco.
Vamos escrever um novo futuro!