Padre Fábio de Melo disse " A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre
que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que
fôssemos.
Excelente colocação que merece várias análises tanto do ponto de vista religioso (como representante do catolicismo) quanto do ponto de vista prático.
Ele termina este pensamento da seguinte forma: ...porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito.
Isto vai além da religião, ultrapassa todas as regras e limites impostos por padres, diáconos, bispos, monges e quaisquer outros representantes das mais diversas religiões. Deus é conceito único. É o criador. Absoluto. As regras, os limites, o que realmente importa não varia de religião para religião. Independente da religião, todos procuramos a paz de espírito. As variações são decorrentes de seus líderes.
Do ponto de vista religioso é isto. Basta. Simples e fácil. Paz de espírito. Já do ponto de vista prático, precisamos identificar quem é o outro a quem se refere o Padre Fábio de Melo.
Existe um pouco de nós mesmos dentro deste outro pois caso contrário viveríamos em uma interminável anarquia... Mas é só um pouco dentro de nós. O resto do outro quem seria?
Seriam os vizinhos, os amigos, os conhecidos, os parentes, os irmãos de igreja, um namorado, um patrão, um desconhecido?
Existem três básicas colocações a respeito da criação divina. Crescei e multiplicai-vos. Livre arbítrio. Imagem e semelhança de Deus.
A finalidade da criação é com certeza a perpetuação da espécie. Deus não criaria o homem sem este objetivo. Deu a nós a possibilidade do livre arbítrio justamente pela certeza de que, se fomos criados à Sua imagem e semelhança, poderíamos sempre conduzir as rédeas de nossas vidas que por fim, estaríamos tomando as melhores decisções de acordo com Sua vontade.
As regras, as normas, o poder ou não poder fazer as coisas vieram depois. Vieram através dos Seus "mensageiros", dos Seus "representantes".
Fomos criados para sermos felizes, fomos criados para sermos corretos seguindo às leis Divinas. Não nascemos com manuais de instruções e nossas vidas não são propriedades destes outros a quem se refere o padre Fábio de Melo em seu texto.
Fábio de Melo, padre católico, poderia ser Batista, poderia ser Protestante, poderia ser Testemunha de Jeová, poderia ser Maranata, poderia ser Budista, poderia ser apenas Fábio de Melo que suas palavras estariam absolutamente corretas. O erro está mesmo dentro de nós quando nos limitamos a conceitos, preconceitos, quando nos submetemos aos olhares de terceiros e deixamos estes nortearem nossas vidas.
Erramos quando deixamos de fazer o que queremos para fazer o que achamos que os outros querem que façamos. Erramos quando nos mantemos estáticos em lugares que não acrescentam nada, quando nos prendemos a considerações e coisas do passado. Erramos quando não aceitamos as mudanças, quando tememos o futuro um pouco diferente do que sempre imaginamos. Erramos quando tememos e quando duvidamos das nossas próprias capacidades de sermos felizes.
Da mesma forma que erramos em não perdoar, erramos quando perdoamos algo que vai de encontro da nossa própria segurança, da nossa própria felicidade pois, no fim de tudo, no derradeiro fechar dos olhos, seremos só nós e Deus! Como bem disse o Padre Fábio de Melo "...porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito."
Termino assim: Triste é quem faz sua vida em um único caminho.