domingo, 18 de agosto de 2013

Deletar, apagar, excluir

Tenho dois sobrinhos naturais, filhos de minha irmã e tenho também uma sobrinha emprestada, de consideração em uma cidade do norte do ES.
Este texto vai para ela que com 16 anos, está sofrendo por amor. Não digo sofrendo no sentido tão obscuro da palavra.
Ela escreveu a seguinte frase: No coração também deveria existir: "Deletar contato", "Bloquear usuário" e "Excluir histórico".
Esta frase deve ter sido compartilhada milhares de vezes e inúmeras pessoas provavelmente acreditam que isso seria a solução para todos os problemas do coração.
Quantas e quantas vezes quando crianças, ao nos machucarmos ou mesmo em algumas dores musculares e ósseas ouvimos de nossos pais, avós, enfim, familiares e outros adultos que isso é por que estávamos crescendo? Quantas explicações ouvíamos de pessoas mais velhas que é por causa do crescimento dos ossos e dos músculos que sentíamos dor?
Então, com o coração (ou melhor - com o sentimento) é a mesma coisa. A dor é necessária para um crescimento sentimental. Sentimos e causamos dores em outras pessoas tantas vezes forem necessárias até o momento que estivemos plenos e seguros para a "dormência amorosa", a estabilidade dos sentimentos. 
É neste momento que entendemos que não há pressa, não há a correria para a conquista, a vontade incontrolável de aproveitarmos todas as oportunidades, de viver cada minuto como se fosse o último.
É justamente neste momento que entendemos que o tempo para. Que os segundos não fazem diferença e passamos a viver nossa vida sem medos e sem inseguranças. É a partir deste momento que passamos a confiar no futuro, a acreditar que o futuro será sempre como este presente que estamos vivendo.
Imaginem se tivéssemos o poder de deletar ou bloquear pessoas ou mesmo excluir histórico dos nossos momentos passados que bagunça seria a nossa vida. Que anarquia total. Falta de compromisso!!!
O delimitador de qualquer situação é a dor. É a perda. Não por que dói na hora e sim por que carregamos para o resto de nossas vidas a sensação daquela dor e a vontade de não sentirmos isso novamente. A dor passa e, felizmente, a memória não. 
Se não fosse assim, seríamos como um bando de loucos alucinados, sem projetos e sem perspectivas futuras. Seríamos um bando de corajosos destemidos sem nunca sabermos como é viver para alguém. Seríamos um bando de egoístas vivendo em um mundo só de ações, de vitórias sem troféus.
Da mesma forma como é preciso um tempo para aproveitar a vitória, saborear todos os gostos da satisfação, é necessário o tempo para a perda, para entendermos onde erramos, para construirmos novas armaduras, traçarmos novas estratégias e buscarmos novos e melhores objetivos. Estes sempre existem.
A dor é necessária para nos limitar. A dor é necessária para valorizarmos os prazeres.
Não há crescimento sem dor e nem dor que dure para sempre. Vamos crescendo sempre, doendo e curando, aprendendo e aproveitando os momentos bons e os ruins de nossa vida. Vamos aos poucos entendendo que todas as pessoas e situações que já passaram não precisam ser apagadas e sim guardadas em um arquivo no nosso HD, em uma pasta com o seguinte nome: aprendizado!

E que este sorriso da foto seja mais valioso que qualquer sofrimento ou desilusão que você possa estar sentindo.
Acredite no seu tio postiço... tudo muda para melhor.

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