segunda-feira, 23 de setembro de 2013

De graça

À media em que as cercas foram sendo erguidas separando as pessoas por grupos de parentesco e afinidades, fomos perdendo a noção do preço das coisas.
Era comum até poucas décadas atrás o uso da troca ou da oferta por produtos e serviços. As pessoas plantavam e ofertavam o excedente da colheita para seus comuns, trocavam favores em reparos, em situações.
Com o crescimento da população e a escassêz de alimento a coisa mudou um pouco de figura e o principal objetivo além da sobrevivência passou a ser o acúmulo de riquezas.

Acumulamos riquezas e aprendemos a usá-las para conseguir as coisas que nem sempre precisamos ter.
Perdeu-se a noção da dádiva, do presentear, do receber sem desconfiar. Absolutamente tudo é com intenções pessoais.
Á medida em que as cercas foram sendo erguidas e as pessoas se aglomeraram nas cidades, bairros, condomínios, edifícios apagados, não só o ato de dar perdeu referência... O receber também!
Está cada vez mais difícil acreditar na oferta. Na simples oferta. Na simpatia, na troca de olhar, nos sorrisos despretenciosos... Está difícil acreditar no igual.
Até receber e dar amor, de graça, hoje, está sendo difícil.



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