Um pouco de história.
Na época do Brasil colonial, fevilhava nas Minas Gerais o extrativismo mineral. Ouro, diamante e uma variedades de pedras preciosas eram retiradas de nosso solo para ajudar a enriquecer a corte portuguesa.
Devido às altas taxas cobradas pela coroa portuguesa, muitos extrativistas, muitos garimpeiros e até mesmo os escravos desenvolveram um sistema para burlar a cobrança dos impostos que consistia em confeccionar imagens sacras em madeira porém recheadas de ouro e pedras preciosas.
Os Santos eram esculpidos em madeira, tendo o seu interior retirado e preenchido com as pedras preciosas e ouro que eram contrabandeados, fugindo da tributação imposta pelos portugueses.
Daí surgiu a expressão Santinho do Pau Oco que com o passar dos anos adquiriu a conotação de uma pessoa com trejeitos angelicais de quem nunca se espera um ato de traição ou falta de moral.
Um pouco de química.
O ouro foi um dos primeiros elementos descobertos pelo homem, por volta do ano 2.600 antes de Cristo e teve sua aplicação mais acentuada na época do império Egipcio nos ornamentos das tumbas dos faraós.
Devido às suas propriedades de cor e brilho e também pela sua escassez na natureza, o ouro é um dos elementos mais apreciados na fabricação de jóias e é símbolo de riqueza e ostentação desde os tempos antigos.
Porém, uma mistura de Ferro e Enxofre, chamada de Pirita, simula tanto a cor quanto o brilho do ouro e por conta disso, pode-se fazer passar pelo metal raro e cobiçado. Muitas histórias de fortunas perdidas e pessoas enganadas são contadas por conta desta similaridade entre o ouro e a pirita.
Um pouco de cultura popular.
Uma expressão popular, comumente usada nas mais diversas classes sociais e faixas etárias que tenta demonstrar a aversão a algo ou a alguma pessoa é a seguinte: "Não quero nem pintado de ouro".
Tal expressão tende para duas interpretações que são o sentido literal e/ou o sentido figurado. No sentido literal, realmente existe a aversão à alguém ou alguma coisa; Já no sentido figurado, a expressão pode remeter à desvalorização por desinteresse por alguém ou alguma coisa com o objetivo de adquirir com menor custo ou desprendimento de energia.
Uma consideração pessoal.
Juntando a história, a química e a cultura popular em um único contexto, fico imaginando o que rege, o que norteia as relações interpessoais nos dias atuais.
Várias pessoas com atitudes e trejeitos de ícones da moral e da ética manipulam, usam, traem, conspiram, descuidam, desdenham, abusam, exploram, atacam, humilham, subjulgam os seus iguais de acordo com suas vontades e conveniências.
Tantas outras pessoas atribuem valores, admiram, seguem, ajudam, acompanham, adoram, orgulham-se de outras que estão banhadas apenas com pirita e não com o metal ouro propriamente dito.
E de que é feita a tinta para banhar uma pessoa de ouro que realmente importa? A sua aparência? ou a sua idade? Ou seu físico? Ou a sua religião? Ou a sua condição social?
Onde ficam valores como companheirismo, atitude, dinamismo, fidelidade, educação, criação, inteligência, bom humor, disponibilidade?
E vamos passando à margem de nossas próprias vidas, vivendo de aparências para sermos aceitos por pessoas que nem acrescentam coisas tão valiosas assim às nossas histórias.
ah.. e antes de terminar... Nem tudo que reluz é ouro!!!
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