quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Alcatéia

O fato é que as pessoas geralmente preferem um rosto bonito e um corpo bem delineado à um conteúdo de mais profundidade. É fato também que a preferência sobre a juventude é maior do que a preferência sobre a experiência de uma vida bem vivida.
Existe uma inversão de valores onde o que temos para mostrar para os outros tem um peso bem maior sobre o que realmente precisamos para sermos felizes.
Muitas pessoas realmente acreditam na eterna busca pela felicidade e autoafirmação. Passam anos e anos, os melhores anos, em busca de algo que está em todo o lugar, na essência das pequenas coisas, no cotidiano, no enfadonho e entediante dia a dia, na rotina, no ser, no ar.
Insisto, não existe a perfeita caixinha contendo felicidade. Ela não se encontra, sente-se. A felicidade não está em lugar nenhum além de todos os lugares. Não existe a perfeição das pessoas, apenas o nosso nível de tolerância às pessoas é que varia de tempos em tempos.
Todos são legais, todos são simpáticos, todos são perfeitos dependendo do ângulo em que nos dispomos a vê-los. Da mesma forma que todos são inexplicavelmente irritantes e antipáticos o tempo todo.
Não existe amor por outra pessoa além do que queremos e nos dispomos a sentir por alguém em um determinado momento, em um determinado espaço de tempo em nossa vida.
O fato é que estamos nos acostumando a trocar de pessoas como se troca de roupas, como se troca de sabores de refrigerantes, restaurantes self-services, praias ou shoppings. Enjoamos das pessoas como se enjoa de comer amendoim em excesso por exemplo. Cansamos das pessoas da mesma forma que cansamos de ouvir a mesma música ou ir ao mesmo lugar.
Estamos tratando pessoas com efemeridade, com desdém e com insignificância. Estamos esquecendo que as pessoas têm o mesmo ciclo de vida que temos, que duram o mesmo que duramos e que sentem o mesmo que sentimos. Estamos comercializando os sentimentos, estamos aos poucos banalizando o duradouro, estamos ridicularizando o correto.
Batemos em nossos peitos bradando que somos fortes quando na verdade escondemos nossos medos através de atitudes que vão de encontro aos anseios da modernidade. 
Somos lobos famintos, em uma alcatéia perdida no meio do mundo cada vez mais sem comida.

gente para gente

Não, eu não teria nem um momento de hesitação, não teria qualquer dúvida em decidir se a vida me colocasse novamente na frente da possibilidade de compartilhar uma vida a dois. Aliás, acho até que me coloco na linha de frente, me coloco à disposição, me exponho para que isto aconteça.
A idéia, o pensamento de ter alguém para esperar, alguém que valha o sacrifício de um dia trabalhado, de uma semana de viagens, idas e vindas pelas cidades do meu Estado, todo o tempo de ausência, toda a vontade de voltar só para sentir o cheiro de um suave perfume, o toque de uma pele macia, o balançar de um cabelo sedoso, o olhar de uma mulher meiga.
Não, claro que eu não teria dúvida alguma em querer passar por tudo isso de novo, mesmo tendo vivido tantas e tantas decepções, tantos e tantos sofrimentos. A recompensa ainda é maior do que toda a dor acumulada durante anos de vida.
Algumas pessoas podem achar que isso é loucura, outras podem achar que devo agora é aproveitar a vida e  não me prender a mais ninguém, a nenhum tipo de relacionamento. Já eu acredito que para tudo há um tempo certo, uma pessoa certa e um momento mágico. Acredito que além de cada porta aberta há um conteúdo diferente, novo, inexplorado e também que para cada porta fechada há uma experiência, há um lado certo e um lado errado que ficou para trás.
Escolhemos na nossa vida o tempo e o peso do que queremos carregar. Escolhemos o lugar e o momento para deixarmos a pedra que impede nossa caminhada.
Na vida tem gente pra gente o tempo todo!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

No jardim

Não vou negar que não sinto falta. Que não gostaria de ter mais do mesmo, independente de quanto é este mais. O pouco que fosse, já estava bom. Não queria muito mas queria sempre.
Borboletas são assim mesmo, voam aleatórias, não seguem um padrão, uma sequência determinada. São levadas pelo acaso, de acordo com o vento, de acordo com as conveniências e de acordo com as flores do jardim.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

erosão e estalactite

Lembro-me das aulas de geografia ainda no primeiro grau, início dos anos 80, quando estudávamos os processos de erosão.
Ficava fascinado com as imagens de grandes rochas erodidas, formando as mais estranhas e inimagináveis figuras. 
Causava-me espanto e admiração saber que o processo de erosão eólica era causado pela força dos ventos que empurravam partículas de encontro às rochas e que estas partículas, minúsculas, iam, ao longo dos anos, causando a deformação da rocha, deixando-a inevitavelmente modificada eternamente.
Lembro-me das aulas de geografia, ainda no primeiro grau, início dos anos 80, quando estudávamos os processos de formação de estalactites e estalagmites nas cavernas.
Ficava fascinado com as imagens das formações rochosas sedimentares que cresciam do teto para o chão (estalactites) e do chão para o teto (estalagmites).
Causava-me espanto e admiração compreender que minúsculas partículas ao longo de milhares de anos iam se sobrepondo por sedimentação formando aquelas impressionantes e únicas edificações dentro das cavernas.
Hoje, passadas três décadas, faço uma analogia da formação do caráter, da moral e ética do homem ao efeito natural da erosão nas rochas e a formação nas cavernas dos estalactites e estalagmites.
Somos erodidos pela ação das pessoas que passam por nossas vidas. A cada pessoa que colide conosco, nos transforma em algo novo, em algo diferente. A cada pessoa que colide com a nossa vida, vai-se um pedaço do que somos, nos transformando em pessoas únicas, singulares.
Mas o efeito contrário também pode ser notado pois a sucessão de pessoas em nossas vidas nos transformam em estalagtites ou estalagmites pois agregamos um pouco de cada ser, um pouco de cada experiência e vamos crescendo com o passar do tempo. Vamos nos tornando maiores e cada vez mais únicos, cada vez mais singulares.
Somos constantemente erodidos e sedimentados, somos transformados a todo momento pela ação das pessoas que nos cercam. Somos seres únicos e diferenciados justamente pelo acaso, pelos segundos que compõem nossas vidas. Segundos em relação ao tempo e também em relação aos coadjuvantes que nos acompanham.

Forma bizarra produzida pela erosão eólica

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Tratamento de choque

Lembro-me perfeitamente do primeiro dia em que lhe vi. A noite parecia mágica, uma sexta feira, inverno, uma bebida quente para aquecer e o cheiro de seu perfume encheu a sala com mais magia ainda. Seus olhos inocentes buscavam o diferente, o inusitado, seu sorriso tímido expressava toda a curiosidade, toda a vontade de saborear as novidades que se apresentavam.
Não vou mentir e dizer que me apaixonei à primeira vista por que isto não aconteceu. A paixão veio aos poucos, foi enraizando, foi tomando conta de meu ser paulatinamente, de uma forma sucinta até se transformar em amor.
Não conseguia outro oxigênio.
Perdí a noção de tempo e passou desapercebido o momento em que o amor se transformou em dependência, em vício. Não consegui perceber em que época deixei de viver a minha vida para viver a sua, seus planos e seus projetos. Fiquei cego de amor, dependente de você.
A única certeza que tinha era que minha vida só existia se tivesse a sua vida ao lado. Meus pensamentos eram unicamente seus, acordava por você, respirava você e sonhava os seus sonhos, os seus ideais. Eu estava doente. Estava viciado, era um dependente. 
E da mesma forma como você me adoeceu, me curou.
Tratamento de choque. Intenso, dolorido. Mas me curou.
Voltei a respirar outros ares, a ver outras vidas, voltei a ver cores. Antes era preto em branco.
Minha dependência se foi junto com anos de minha vida. Mas costumo dizer que cheguei apenas na metade dela. Tenho ainda outros quarenta e tantos anos pela frente. Iniciar uma caminhada agora não é nada para quem já percorreu tantos desertos buscando algo que nunca existiu.
Vejo agora que a lua deve ficar no lugar onde ela sempre esteve, que as montanhas devem ser admiradas pelo seu tamanho, que os oceanos pelas suas profundidades e mistérios, que os grãos de areia só fazem cócegas nos pés se forem muitos e os pés estiverem descalços sentindo o chão.
Não adiantam os esforços para agradar, não adianta a superação e os desafios, não adiantam as promessas.
Agora percebo que se me pedirem a lua, responderei: Olhe para cima e contemple-a em todas as suas fases.

sábado, 19 de janeiro de 2013

considerações sobre o tempo

Considerações sobre o tempo.

Substantivo masculino, especifica a medida de duração de fenômenos.
Progressivo e agressivo, na mesma intensidade universal, segundo após segundo, implacável para os mais idosos, gasto com desperdício pelos mais novos, desejado pelos apaixonados, lento para os abandonados.
Diz-se que há tempo para tudo, há tempo para sorrir e há tempo para chorar. Dizem que o tempo é o melhor remédio e diz-se que temos todo o tempo do mundo.
Fala-se muito dos velhos tempos, dos bons tempos e dos tempos futuros.
Deseja-se mais tempo para amar, para construir, mais tempo para aprender, para ficar acordado. Deseja-se mais tempo para dormir e para brincar.
Ás vezes queremos parar no tempo, outras, queremos que o tempo volte. A ansiedade faz com que desejemos que o tempo voe, a insatisfação faz com que o tempo suma.
Não se perde o tempo pois ele é igual para todos em todas as suas oportunidades. Não existe o segundo diferente, não existe o segundo especial. Especial é o que fazemos com o nosso segundo, especial é a dimensão, a importância que damos, individualmente, ao nosso tempo.
O tempo não é dado, não é emprestado. Não se tira um segundo de sí para dar a alguém. O tempo é intangível, imutável, inacessível salvo o instante.
O tempo pode ser dedicado a outrem e como tal, deve ser visto como um presente.
O maior presente de uma pessoa para outra é o tempo, é a dedicação, é o deixar de fazer para sí para fazer ao próximo.
Valorize cada segundo e compartilhe o tempo necessário para que estes momentos preciosos façam a diferença em sua vida.

Lamentação

Lamento poucas coisas em minha vida. Poucas ao ponto de poder enumerá-las com facilidade porém a minha intimidade e meu senso de preservação não me deixarão expô-las aqui por completo.
À medida que o texto for transcorrendo posso dissertar sobre algumas lamentações porém acredito que uma ou outra lamentação será propositalmente esquecida.
As lamentações de minha infância são absolutamente desnecessárias e mesmo que não fossem, não me ocorrem de fato.
A minha adolescência foi extremamente proveitosa e foi onde tive contato com todas as bases que me fizeram ser quem eu sou hoje, completo ou não. Aconteceram os relacionamentos, as amizades, o contato com a bebida, com o sexo, com o rock'n roll, o convívio com as drogas (sem fazer uso), as mais diversas formas de religiosidade, as euforias e depressões.
Aqui vem o meu primeiro lamento, justamente por não ter sido despertado, ter sido vocacionado para qualquer profissão, para qualquer atividade que proporcionasse um ganho monetário. Não fui despertado nesta fase pela necessidade de proventos, pela responsabilidade de uma carreira profissional. E o tempo passou.
Tudo o que fiz na minha adolescência foi com entrega, foi com profundidade. As mais diversas festas espalhadas pela grande vitória com o som da discoteca, o fliperama com suas luzes fascinantes e os namoros, poucos e intensos.
E o tempo passou.
Emendei a adolescência com a juventude em meio à discoteca e ao relacionamento, casei-me cedo e fechei-me dentro de meu castelo. A partir daí foram mais 16 anos de apenas família.
Fui sempre escada, sempre me colocando em segundo plano por quem estava ligado a mim. Isto é fato.. E o tempo passou.
Portanto, acredito que a grande lamentação de minha vida é realmente a falta de otimização do tempo. A dedicação à prioridades ilusórias e transitórias.
Acredito que o grande lamento de minha vida tenha sido o tempo todo me dedicar mais ao coração do que à cabeça.




auto ajuda

Lemos cada vez menos e cada vez pior.
Trocamos os romances e as poesias, antes constantes e abundantes, por livros de auto ajuda.
A cada dia que passa agimos mais por exemplificações de pessoas que se tornaram um sucesso do que propriamente por nossos instintos e esforços.
Queremos ser bem sucedidos porém sem trabalho, queremos conquistar sem dispender suor.
Ficamos dependentes desta literatura rápída, barata e sem sentido que apenas serve para nos mostrar que o que sempre fizemos, o fizemos de forma errada. Que conversamos errado, que encaramos nosso serviço de forma errada, que não sabemos lidar com nossos romances, com nossas famílias, com nossos filhos, com nossos parentes, com nossos amigos e com nossos superiores.
Agora temos manuais para tudo. Para conquistar, para conseguir emprego, para termos filhos obedientes, para termos saúde, para termos corpo definido, para sermos simpáticos, para identificarmos oportunidades, para diminuir o tempo de ganhar um milhão, para termos sorte, para nos vestir, para comer, para sermos felizes, para sermos satisfeitos.
Mexeram no nosso queijo, mudaram nossas linguagens corporais, nossos sinais linguísticos, nossas falas e até mesmo nossos olhares. Dissecaram nossas necessidades e resolveram de uma hora para outra, encontrar solução para todo e qualquer tipo de problema e limitação que nos impede de sermos felizes.
Antes os livros, a leitura, nos levava para lugares misteriosos, emocionavam nossos corações, criavam em nós um mundo, mesmo que fictício, maravilhoso. Éramos heróis, príncipes, princesas, amantes. Antes, líamos olhando para cima, imaginando coisas, mundos e situações.
Hoje lemos para baixo, lemos apenas para dentro de nós mesmos, de nossos erros e de nossas limitações. Deixamos que estes escritores rápidos mostrem para nós mesmos que não passamos de incompetentes em nossas razões e ainda os agradecemos por isso.

Necessidades

Até quando a lua e as estrelas estarão no mesmo lugar embelezando a noite dos sonhadores e apaixonados?
Até quando as montanhas estarão no mesmo lugar desafiando os aventureiros e solitários?
Até quando o mar estará no mesmo lugar acalmando as almas inquietas e desesperadas?
Até quando as flores desabrocharão para os amantes?
Até quando os palhaços divertirão os alegres?
Carregamos dentro de nós um pouco de cada estado de espírito, um pouco de cada disposição e indisposição na alma.
Passamos apressados pelas estradas sem olhar para a paisagem, olhamos para cima não para contemplar o céu mas sim para saber se vai chover ou não, não percebemos a cauda do animal abanando de alegria com nossa presença e perdemos o colorido das flores olhando só para frente, só para o futuro.
Perdemos a beleza do dia a dia procurando sempre o novo e o inusitado, perdemos conversas, perdemos experiências, perdemos o convívio, perdemos o amor.
Caminhamos por uma estrada sem volta, deixando reais valores para trás, aceitando a força da marca, a força da mídia, a competição e o consumo desenfreados. Aceitamos os divãs, dispensamos os parques, aceitamos os remédios, dispensamos as caminhadas, aceitamos os rompimentos, dispensamos as conversas, aceitamos as traições, dispensamos o caráter.
Esperamos sentados por alguém que nos proporcione um choque de moral, sabemos de nossos anseios, sabemos das correções e aceitamos o erro. Ingerimos o erro dia após dia esperando que alguém nos salve.
Postamos fotos e frases de efeito, propagamos idéias revolucionnárias sem termos coragem de seguí-las, ficamos mais preocupados em impressionar do que mudar o que não gostamos.
Aceitamos tudo. Aceitamos o fim das letras das músicas, aceitamos o fim da poesia, aceitamos o fim do romantismo, aceitamos o fim dos relacionamentos, aceitamos o fim da honestidade. Aceitamos a globalização e a robotização das pessoas. Aceitamos a nossa própria robotização,
Procuramos estender nossas vidas, procuramos a todo custo continuar no mercado de trabalho, adquirir bens materias para no fim tudo se transformar em litígios, em processos.
Precisamos cada vez mais de advogados, promotores, juizes. Precisamos cada vez menos de professores, músicos, escultores, escritores.
Precisamos cada vez mais, de verdade, é de nós mesmos. Precisamos nos encontrar.


Jogo das portas

Percebo agora, passados mais de 150 dias do auge da minha existencia que nós somos os únicos responsáveis pelas pessoas que entram e saem de nossas vidas. Não há interferência do meio externo e não existem influências suficientes capazes de exercer o poder da decisão sobre quem deve permanecer ou sair de nossos relacionamentos.
Durante 20 anos eu mantive as portas fechadas, olhando para o exterior apenas por janelas, contemplando a paisagem além do meu alcance tatil. Não que eu me visse como incapaz de interagir ou que faltasse vontade. A questão vai além, muito além disso. As portas ficaram fechadas por questões de moral, de educação, de princípios, de caráter. 
Então, meio que enferrujado pelos anos dentro de casa, virei a engrenagem da fechadura e a porta se abriu. A princípio entrou a claridade e meus olhos acusaram o excesso de luz, não via com nitidez o que se apresentava à minha frente. Precisei usar mais o tato do que a visão. 
Aos poucos o frescor do vento invadiu a minha casa, reciclando o ar, renovando, mudando até o cheiro de guardado, de mofo e de antigo que estava entrenhado no baú de minhas memórias.
Interessante foi ver que bastava apenas abrir a porta para pessoas começarem a entrar, assim mesmo, de repente, do nada. Interessante foi ver que pessoas já rondavam a casa, já estavam disposta a entrar antes.
Então inevitável foi o pensamento, foi a constatação de que isto sempre existiu na vida das outras pessoas. Inevitável foi constatar que não existe culpa de terceiros pelas pessoas que entram em nossas vidas. Somos nós quem abrimos as portas, somos nós os únicos detentores das chaves. Não há cópias. Justificativas existem sim, e como. Explicações para o fato, desculpas, argumentos. 
Pela mesma porta que entram, pessoas saem. Pessoas vão, voltam ou não, ao seu bel prazer, à vontade de seus próprios caprichos. Não podemos aprisionar pessoas atrás de nossas portas pois não adianta. Quem entra, trás consigo suas próprias portas, suas próprias fechaduras e suas próprias escolhas.
Nossas vidas são, nada além de um jogo de portas abertas e portas fechadas.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Palavras

São Paulo, aeroporto de Congonhas, dia 12 de janeiro de 2013, 18 graus de temperatura agradabilíssima, meio dia e dez minutos e aguardando a conexão para o Rio de Janeiro para enfim embarcar para Vitória - ES e, sentado no saguão do aeroporto me vejo pensando em atitudes e palavras.
Como as atitudes e as palavras das pessoas podem interferir diretamente nas vidas de outras.
As vezes a falta de atitude, as vezes alguma atitude. As vezes palavras ditas e as vezes as que não são ditas. A ação ou a falta dela interferem diretamente em futuros e destinos.
Medos e preconceitos, comodidade e inquietude, satisfação ou descontentamento. As pessoas são como células de um mesmo corpo onde o comportamento de uma apenas interfere na fisiologia do organismo inteiro.
Pode-se com apenas uma frase tirar de alguém tudo o que a pessoa tem. Ou pensava ter.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Erro

Gosto de conhecer pessoas e de me relacionar com elas. Não me envolvo em suas teias e seus enredos, aprecio suas vidas ao largo, margeando de longe. Não interfiro em seus destinos e em suas decisões. Prefiro também não me apegar, a não aprofundar os laços para não criar dependências. Tenho milhares de conhecidos e pessoas que me consideram e conseguem de mim esta reciprocidade.
Aceito as decisões das pessoas, suas rédeas e o controle de seus destinos. E assim vou levando a minha vida, com pessoas entrando e saindo sem muito alarde e sem muitos traumas. Desta forma não sinto aquela sensação de perda quando alguém se vai. E que se vá mesmo.
Agora quando me envolvo, quando estreito os laços, gosto de carregar no colo, gosto de orientar, de compartilhar, de dar o que tenho de melhor.
Acredito piamente que tenho sempre algo para agregar, para conceder, mesmo que seja apenas o meu tempo. Acho que o tempo é valioso, precioso... Acredito que o tempo seja o melhor presente que podemos dar a algúem. O tempo é relativo.
Não gosto de ver quem eu amo errar. Me incomoda e me traz infelicidade também. Algumas vezes sinto certa raiva, algumas vezes certa aflição em ver pessoas que amo tomarem decisões erradas e com isso colocarem seus futuros em risco.
Outro dia mesmo eu disse que para mudar o futuro é necessário mudar as pessoas do presente. E algumas pessoas não querem ver, não querem enxergar que o presente de hoje levará a um futuro igual a um passado de sofrimentos.
Não gosto de teimosias. Não sou dono da verdade mas em certos casos a verdade é coletiva, é escancarada, é fato e é absolutamente jogada na nossa cara. Basta ver e agir. No tempo certo. Imediatamente.
Eu mesmo passei grande parte de minha vida justificando os erros alheios. Perdi meu tempo.
Hoje tento fazer com que alguém não cometa o mesmo equívoco que cometi e não tenho conseguido obter sucesso. Isso tem me feito mal, tem me feito sofrer.
Encontrar justificativas para os defeitos das pessoas não fará delas pessoas melhores. Apenas servirá para adiarmos o inevitável. A decepção!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Cacos de vidros

Não preciso pisar em cacos de vidros para saber que eles cortam os pés nem tão pouco colocar as mãos no fogo para saber que ele queima. Algumas coisas na vida aprendemos por experiências, aprendemos pela dor porém outras aprendemos com os exemplos, vendo o que acontece com outras pessoas ao nosso redor.
Com o tempo aprendemos que as pessoas não mudam seus instintos definitivamente e que o caráter sempre falará mais alto que a moral. Com o tempo vamos aprendendo que os velhos ditados apesar de velhos não são desatualizados. Eles são um alerta dos mais velhos a fim de nos prevenir de problemas. Pé que dá fruta é o que mais leva pedrada - Quem desdenha quer comprar - Temos duas orelhas e uma boca justamente para ouvir mais e falar menos - Falem bem ou falem mal mas falem de mim - A palavra vale prata mas o silêncio vale ouro - Quem não vive para servir não serve para viver - Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier - Só percebemos o valor da água depois que a fonte seca.
São alguns exemplos de frases que passam por gerações sempre tentando informar, orientar, avisar de forma alegre e sucinta sobre a vida e seus problemas, suas dúvidas. São frases que funcionam como premonições.
Uma delas que eu tenho pensado muito e tentado fazer com que algumas pessoas sigam é - Pau que nasce torto nunca se endireita.
Não tem jeito. É como chover no molhado. É fato.
E como tenho visto gente insistindo no erro, gente acreditando que as pessoas mudam com o tempo apesar de estarem rodeadas de exemplos, de fatos, de constatações. Como tem gente que acredita no imutável, no inevitável. Como tenho visto gente se apegando em esperanças inexistentes, acreditando em um futuro diferente do presente.
O futuro é inevitavelmente igual ao presente se você não mudar de caminho agora. Não se muda o futuro se não mudar de pessoas. Pense nisso e acorde!!!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

2013

Enfim entramos no ano de 2013 e o ano trágico de 2012 só existe na memória.
Mas não é que o fim de 2012 foi o recomeço de muita coisa na minha vida?
Não é que o fim de 2012 eu cheguei até a luz do fim do túnel? E que luz...
Que luz clara, brilhante e linda.
Luz que não só clareia, que não só ilumina mas também sustenta, renova, recicla e enche a alma de felicidade e a vida de perspectivas.
Então é assim iluminado que inicio 2013.
Inicio este ano após natal e reveillon com a família, com os parentes, com festas, férias e praias. Claro que poderia ser melhor, claro que poderia ser perfeito e quase foi perfeito. foi por um triz. Faltou pouco e ainda falta um pouco só. Um pouco só de coragem, um pouco só de raciocínio, um pouco mais de sensatez.
A luz que me ilumina precisa também ser iluminada. A luz que me ilumina precisa ser orientada.
É preciso abrir os olhos e as mentes. É preciso ver o quanto antes o que muda e o que jamais mudará. É preciso intervir na zona de conforto e perceber que nem sempre o caminho mais fácil é o mais belo, o mais correto.
2013 deve ser o ano de quebrar os preconceitos, ultrapassar as dificuldades, superar os olhares e dedos apontando direto para nós. Deverá ser o ano de união, de compromissos, de segurança e renovação. Deverá ser o ano do definitivo, do sonho realizado, de sorver a "tanta felicidade". Deverá ser o ano do infinito de nós dois.
2013 deverá ser o ano de abandonar o que perdeu a chance, deverá ser o ano de nos darmos uma chance, uma chance ao novo, ao verdadeiro e ao inexplicavel. Deverá ser o ano de foco, de objetivo, de aprender com o passado e não querer que doa em nós como doeu em outras pessoas.
Deverá ser o ano de seguir o certo, não o fácil, de aprender com os erros e os exemplos. Deverá ser o ano do amor novamente. Da atenção, do carinho, da dedicação, da confiança, da certeza e do certo.
chega de errar!