sábado, 19 de janeiro de 2013

Necessidades

Até quando a lua e as estrelas estarão no mesmo lugar embelezando a noite dos sonhadores e apaixonados?
Até quando as montanhas estarão no mesmo lugar desafiando os aventureiros e solitários?
Até quando o mar estará no mesmo lugar acalmando as almas inquietas e desesperadas?
Até quando as flores desabrocharão para os amantes?
Até quando os palhaços divertirão os alegres?
Carregamos dentro de nós um pouco de cada estado de espírito, um pouco de cada disposição e indisposição na alma.
Passamos apressados pelas estradas sem olhar para a paisagem, olhamos para cima não para contemplar o céu mas sim para saber se vai chover ou não, não percebemos a cauda do animal abanando de alegria com nossa presença e perdemos o colorido das flores olhando só para frente, só para o futuro.
Perdemos a beleza do dia a dia procurando sempre o novo e o inusitado, perdemos conversas, perdemos experiências, perdemos o convívio, perdemos o amor.
Caminhamos por uma estrada sem volta, deixando reais valores para trás, aceitando a força da marca, a força da mídia, a competição e o consumo desenfreados. Aceitamos os divãs, dispensamos os parques, aceitamos os remédios, dispensamos as caminhadas, aceitamos os rompimentos, dispensamos as conversas, aceitamos as traições, dispensamos o caráter.
Esperamos sentados por alguém que nos proporcione um choque de moral, sabemos de nossos anseios, sabemos das correções e aceitamos o erro. Ingerimos o erro dia após dia esperando que alguém nos salve.
Postamos fotos e frases de efeito, propagamos idéias revolucionnárias sem termos coragem de seguí-las, ficamos mais preocupados em impressionar do que mudar o que não gostamos.
Aceitamos tudo. Aceitamos o fim das letras das músicas, aceitamos o fim da poesia, aceitamos o fim do romantismo, aceitamos o fim dos relacionamentos, aceitamos o fim da honestidade. Aceitamos a globalização e a robotização das pessoas. Aceitamos a nossa própria robotização,
Procuramos estender nossas vidas, procuramos a todo custo continuar no mercado de trabalho, adquirir bens materias para no fim tudo se transformar em litígios, em processos.
Precisamos cada vez mais de advogados, promotores, juizes. Precisamos cada vez menos de professores, músicos, escultores, escritores.
Precisamos cada vez mais, de verdade, é de nós mesmos. Precisamos nos encontrar.


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