Foi bom enquanto durou, embora eu ache que tenha durado muito pouco tempo. Embora eu ache que ainda muito mais poderíamos ter tirado desta relação, apesar de eu acreditar que o futuro pudesse ser muito promissor, eu aceito e entendo que este não é um jogo que se joga sozinho. Não há um vencedor. Ou os dois ganham ou ambos perdem.
Lindas palavras deixarão de ser ditas, datas não serão comemoradas, lugares não serão fotografados, momentos não acontecerão. Não da forma conjunta. Tudo depende apenas de escolhas, da antiga relação custo x benefício.
Normal a água escolher sempre o caminho mais curto para descer a montanha exemplificar as atitudes cotidianas dos homens. Também tendemos a escolher os caminhos mais curtos, mais fáceis e de menor gasto energético. O velho ditado que em time que está ganhando não se mexe.
O problema é que fazemos nossas escolhas muito mais baseadas em sensações atuais e não enxergamos o futuro.
Não é preciso ser vidente, ser dotado de poderes extra-sensoriais para enxergar o nosso futuro. Ele está todo desenhado baseado sobre o que estamos fazendo no momento atual. O que não conseguimos de verdade é ler o que escrevemos com uma análise crítica real. Mascaramos o que escrevemos na nossa vida de acordo com a nossa conveniência e preguiça de dar uma guinada em tudo.
Por muitas vezes estive à beira do precipício pronto para pular e recuei por medo de não conseguir voar. Eu sabia que podia, eu sabia que conseguiria chegar leve no ponto mais baixo do desfiladeiro porém sempre faltava coragem, sempre me prendia a conceitos e regras que eu acreditava serem únicas, inquebráveis.
Por várias e várias vezes cheguei no cume sem paraquedas, cheguei no ápice e lá permanecí, recebendo todo o vento e o frio sobre meu corpo e meus ideais até que um dia, sem que eu menos esperasse, o desfiladeiro me engoliu. Não pulei, ele cresceu para cima de mim.
Quebrou todos os meus ossos perder o chão instantaneamente. Claro que doeu, claro que deixou marcas mas estava tudo escrito já. Estava tudo determinado desde o início. Todas as letras estavam no papel, toda a história contada e eu não conseguia ler, não juntava as palavras, não formava as frases, não concatenava as idéias mas estava lá, tudo escrito.
Não há borracha que apague a história pois esta é escrita com o lápis do tempo. O tempo é o grafite que que marca as páginas de nossas vidas. Irremediavelmente.
Algumas pessoas possuem o dom de visionarem o futuro e se prepararem para ele porém a maioria das pessoas o sentem como um nocauteador cruzado no queixo. O futuro nos derruba!
Então em uma destas curvas do caminho, caímos, nos arrebentamos, nos curamos e ficamos novamente de pé. Passamos a enxergar melhor as coisas, passamos a ler nas entrelinhas e só aí conseguimos ver o futuro se formando de acordo com nossas atitudes presentes.
Passamos a ser mais protetores, tentamos alertar quem gostamos sobre este cruzado no queixo que o futuro costuma dar em nossos rostos. Em vão... não adianta... as pessoas correm em direção para o futuro cegamente, velozmente...
Acredito que o futuro de cada um precisa passar por um cruzado no queixo enquanto escolhermos deixar a água correr pelo lado mais fácil da montanha...