segunda-feira, 10 de junho de 2013

Pentágono Amoroso



O advento e a popularização da internet há aproximadamente 20 anos, o surgimento das salas de bate papo, os programas de mensagens instantâneas, as webcams, as redes sociais, os smartsphones, enfim, todo este avanço nas comunicações, toda esta interatividade proporcionaram uma mudança drástica no comportamento das pessoas.
A entrega virtual, a forma como as pessoas "se dão", se apaixonam é algo sem dúvida, assustador, algo digno de estudos profundos.
A virtualização dos relacionamentos trouxe um novo patamar de amor. Aquele amor decidido, duradouro, avassalador, eterno. As pessoas encontram suas caras metades instantaneamente pois falam abertamente sobre tudo, colocam todas as cartas nas mesas, sem vergonha nem pudor. Confia-se demais, acredita-se demais em tudo que é dito, em todas as promessas e nas decisões tomadas em um rompante de entusiasmo.
Os namoros tornaram-se não só públicos mais além, tornaram-se compartilhados. A necessidade de demonstrar para todos o sentimento, as fotos de todos os momentos, as postagens com frases de efeito, o descaso pelos relacionamentos passados, a auto afirmação, a certeza, a falta de medo, enfim, toda a exteriorização do coração, o escancaramento dos sentimentos acabaram criando uma nova espécie de relação. A relação virtual-real!
Quando esta relação tende a ser mais real do que virtual, geralmente já se começa pela união definitiva dos casais, entendendo-se que este tempo virtual de conhecimento pode substituir a presença física, pode demonstrar efetivamente toda a moral e ética dos parceiros em questão.
Obviamente que a realidade é totalmente diferente e o tempo de convívio em comum começa também rapidamente a erodir toda aquela base construída virtualmente. Claro, a base virtual é frágil, carece de embasamentos fundamentais para relacionamentos duradouros.
Vive-se em velocidade alucinante, ama-se e desapega-se com a mesma facilidade, com a mesma intensidade e com o mesmo descaso à instituição família. O tempo não está sendo medido mais em anos e sim em meses, familias formam-se e são desfeitas cada vez mais rápido e uma legião de crianças são e serão cada vez mais obrigadas a conviverem com a situação de pais separados e meios-irmãos.
Já não me surpreendo tanto quando vejo que os triângulos amorosos estão dando lugar a pentágonos amorosos.
Será o preço da modernidade, será o preço da globalização? 
Realmente é necessário globalizar o amor?




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