Uma semana antes de completar meus 44 anos de vida, isso mesmo, 44 anos de vida, percebo que na realidade eu deveria comemorar esta data duas vezes por ano.
Sim, de certa forma eu nasci duas vezes. Uma no dia 15 de junho de 1969, em pleno movimento hippie, paz, amor e rock'n roll, um domingo, dia de decisão, Atletico e Cruzeiro no Mineirão, como costuma dizer minha mãe.
Nascí no meio do turbilhão que assolava o Brasil no final dos anos 60, início dos anos 70, arte, esporte, cultura, música, política, economia.. Tudo se transformava e eu me formava. Como gente.
Esta é a minha data inicial, este é o dia em que vim fisicamente ao mundo, que tudo começou.
Meu segundo nascimento, minha segunda estréia no mundo foi tão dolorida quanto a primeira, foi tão traumática quanto a primeira e foi, justamente, no dia em que eu pensei que tivesse morrido.
Este meu segundo nascimento foi tão diferente que chegou a ser o inverso. Inversamente eu nascia com a sensação de que não haveria mais vida pela frente, que tudo pelo que eu trabalhara, que todos os meus conceitos e tudo o que eu acreditara já não existia mais.
Demorou um tempo para eu perceber que ao contrário da morte, eu nascera de novo. Demandou muito esforço para eu voltar a aprender a andar, falar as primeiras palavras e me alimentar sozinho, deixar os seios que já não me alimentavam há tempos. E não é que há vida além do que aparentemente era morte?
E então eu começo uma nova contagem, paralelamente aos meus já próximos aniversários, completo 44 anos de vida semana que vem e convido a todos para o meu primeiro ano de vida, daqui a dois meses exatamente. Parabéns para mim que só tropecei na pedra que estava no meio do caminho pois, caí, levantei-me, sacudi e continuei no meu caminho. A pedra? Está lá atrás!

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