segunda-feira, 17 de junho de 2013

Brasil

Eis então que agora as redes sociais fervilham com as mais diversas fotos e mensagens exaltando o movimento nacional de protesto. É o assunto do momento e todos os brasileiros estão se sentindo orgulhosos com o poder de mobilização, com a força do povo, com o aglomerado de pessoas que reclamam e buscam melhores direitos e serviços.
A mais efusiva, a mais comentada das frases trás um sentido muito abrangente, muito mais amplo, com um significado muito mais importante e forte: O gigante acordou!
Esta frase faz uma analogia em referência ao tamanho do Brasil e o seu povo, espalhado pelos mais diversos cantos da nação. O povo está se comparando ao tamanho de sua nação, à importância de seu poder.
Lindo e ufânico. Acho cedo demais. Precipitado mesmo.
Opinião minha, única e própria. Que me perdoem os mais entregues à esta onda verde-amarela.
Já fui rebelde, partidário, anarquista e revoltado. Já tive este sangue correndo quente nas veias com a vontade de mudar tudo em um instante. Aprendí que perde-se a propriedade, perde-se o rumo.
Precisamos fazer uma projeção, precisamos ver mais adiante os reflexos, as consequências do que estamos fazendo neste momento. Precisamos abrir os olhos e entender a quem este movimento prejudica e também a quem ele beneficia.
Sim, quais são os grupos, os partidos políticos, as entidades politicamente organizadas que tirarão proveito da força do povo.
Obviamente que temos todo o direito de reivindicar, buscar melhorias, transparência, honestidade e entrega das pessoas que escolhemos para nos representar. É a base da democracia o livre direito de expressão. Não falo disso.
Falo que historicamente o nosso país sempre foi e sempre será dividido pelo bipartidarismo. Sempre fomos classificados como direita e esquerda. Os que são contra e os que são a favor de quem está no comando.
Não conseguimos derrubar, não conseguimos acabar com a cultura do político desonesto. Apenas tiramos a camisa de um para vestir em outro. Sempre foi assim. Lutamos pela independência, lutamos para acabar com a ditadura, para derrubar Collor, para tirar o PSDB do poder, estamos lutando para tirar o PT e logo em seguida, se nada mudar, estaremos lutando para tirar o próximo, ou pior, os próximos partidos políticos que assumirão o poder com o passar dos mandatos.
Não mudamos a nossa inabilidade em votar, não mudamos o nosso sentido de levar vantagens ou agradar os conhecidos, receber e retribuir favores, não mudamos o nosso péssimo hábito de reclamar de tudo.
Analisando a situação, como o país se comportará na próxima semana, nos próximos meses em relação à esta onda de protestos? Até quando as pessoas conseguirão se reunir em passeatas pacíficas sem que os governantes tomem atitudes mais severas? Até quando estas passeatas surtirão efeitos? Quais serão as baixas? De qual lado elas ocorrerão? Quem serão os mártires e os vilões?
Claro, haverão mártires, haverão exemplos, heróis. Somos movidos pelos atos de bravura coletiva...
Qual é a pauta?
Sim, estamos lutando, nos reunindo, parando o Brasil por qual motivo? 20, 30 centavos de real por trecho de ônibus percorrido? Há algo além disso... Precisamos especificar nossos objetivos. Traçá-los estrategicamente.
Estamos sendo influenciados pela esquerda ou pela direita? Estamos sendo manipulados por partidos políticos, pela mídia ou realmente cansamos de esperar algo mudar?
Quem são nossos líderes?
Sim, sou a favor disto tudo que está acontecendo, da mobilização, dos aglomerados urbanos parando ruas, avenidas, cidades e até o Brasil. Que assim seja. Vamos sim à luta e se for verdade o que diz nosso hino, dela não fugiremos.
Só peço aos bravos brasileiros... Muito cuidado ao aceitarmos as armas com as quais vamos lutar.
Sou totalmente contra a presença de bandeiras de partidos políticos nestes movimentos de protestos.
Nem sempre quem nos fornece armas para a luta quer a nossa liberdade...

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