Penso, logo existo, René Descartes, filósofo francês, me perdoe, porém discordo. Existir no sentido prático da palavra é apenas a materialização, a formação do objeto, da coisa, do lugar.
Existe o animal, existe o mar, existe o planeta, existe o vento, existe o homem como existem as mais diversas situações e objetos.
Talvez o sentido real, o objetivo de expressão de Descartes em Discurso do Método seria: Penso, raciocino, existo e logo, me diferencio.
A lógica do pensamento não pode ser outra a não ser a diferenciação, a particularidade, a singularidade de um em meio a tantos iguais. Pensamos e nos diferenciamos das demais espécies. Manipulamos elementos para obtermos facilidades de uso, para diminuir esforços, para descanso, para conforto. Dominamos as demais espécies justamente pelo fato de pensarmos, justamente por esta diferenciação.
E por tanto pensar, por tanto existir, segundo Descartes, criamos diversos sentimentos e infinitas formas de misturá-los. Passamos da barreira de preservação da espécie para algo muito mais profundo e muito mais intimista. Criamos nossos monstros, nossas barreiras, nossas ambições e somos o tempo todo dominados pelo medo. Medo do mundo, medo do outro, medo da morte, medo da falta, medo do amor, medos e mais medos, infinitos medos criados pelo nosso pensamento, pela nossa existência e nossa diferenciação.
E como pensamos errado, como nos enganamos, como tomamos decisões em cima destes pensamentos e estes medos. Uma mistura explosiva!!!
O Pensador, de Rodin, escultura assustadoramente reflexiva mostra através dos séculos o quanto somos diferentes e quanto mudamos nossa postura devido a estes pensamentos, estas idéias que amadurecemos ao longo da vida e que muitas vezes não extravasam, ao contrário, interiorizam e atormentam a nossa existência.
Herbert Vianna, vocalista dos Paralamas do sucesso escreve com propriedade: O céu de Ícaro tem mais poesia do que o de Galileu... Exerçamos Descartes e pensemos sobre isso!!!
Galileu, astrônomo, físico e matemático Italiano, desafiou o poder da Igreja e através de seus estudos mostrou que não éramos o centro do universo, propôs a infinidade do céu. Perseguido e condenado à morte por suas idéias, por sua praticidade. Morreu pelos seus pensamentos.
Ícaro, personagem mitológico, preso no labirinto do Minotauro ansiava asas para chegar aos céus, ansiava poder voar em direção ao sol, à luz e por conta de seus desejos e sem pensar nas consequências, fizera asas de cera que se derreteram. Seus sonhos o mataram.
Onde há mais poesia? No céu de Galileu ou no céu de Ícaro? Onde é mais bonito morrer? Nos sonhos ou na realidade?



Nenhum comentário:
Postar um comentário