Saudades de brincar com as letras do seu nome em meus cadernos de escola, tramar incríveis coincidências para ao menos passar perto dela.
Adorar dormir cedo para ir à escola no dia seguinte e vê-la, sorridente em meio a tantos alunos espalhados pelo pátio. Contar os minutos para a hora do recreio para olhar, mesmo que por 15 minutos apenas, o seu rosto destacando-se em qualquer lugar.
Saudades de abaixar a cabeça e gaguejar quando por vez ou outra ela falava comigo, por qualquer assunto que fosse, de estar em qualquer lugar e imaginar onde ela estaria naquele momento, dos sonhos do primeiro beijo, da ansiedade pelo próximo encontro.
Saudades daqueles namoros platônicos, daquelas sensações únicas, daqueles tempos de hora marcada para chegar em casa, passeios forçados, encontros e desencontros.
Saudades dos telefonemas anônimos na esperança de que ela atendesse e eu ouvisse só um alô!, saudades dos cartões anônimos, do chiclete oferecido, do cheiro de seus cabelos, da roupa nova, do som da sua voz.
Saudades do tempo em que o presente da namorada era comprado de acordo com a mesada dos pais, que os cinemas eram fora do shopping e marcados com duas, três semanas de antecedência, saudades das matinês nos clubes, dos feriados em família, saudades do tempo em que os amores doíam sem serem sequer consumados.
O tempo passa, os argumentos mudam, as pessoas amadurecem e por incrível que pareca, involuem, retrocedem, colocam em questão diversas variáveis mais complexas que a equação de Torricelli.
Preocupam-se demais, com conceitos, com dinheiro, com sucesso, com a felicidade a todo custo.
Saudades do tempo em que tinha hora para tudo, saudades do tempo em que eu não era dono de nada. Nem do meu próprio tempo.
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