E quando você menos perceber, e quando você parar para olhar ao lado, verá que eu realmente me mudei para aquele mundo que você criou para mim. Aquele mundo em que você não está nele.
E você perceberá que todos os seus esforços para que eu fosse para este mundo foram recompensados e que aqui não terá restado mais nada de mim.
E eu terei me adaptado neste novo mundo, e eu terei criado raízes, terei mobilhado com novos sonhos, edificado novas residências, criado meus novos caminhos, com novas pessoas, novos hábitos e novas felicidades.
E o que talvez você não saiba é que este mundo é um universo paralelo, não há comunicação com o mundo atual. Talvez o que você não saiba é que estes mundos sequer tangenciam, sequer são opostos pelo vértice. Não há um ponto sequer em comum. Não há um canal de interatividade, não há conectividade. São eternos paralelos.
E há de chegar o dia em que eu não estarei mais ao lado, não estarei mais ao alcance das vistas, não estarei mais audível. E há de chegar o dia em que eu serei uma remota lembrança e que ao buscar as sinapses neuroniais, estas trarão apenas imagens distorcidas, sons abafados, cheiros indecifráveis e sentimentos confusos.
E há de chegar o dia em que o tempo será colocado na balança, o dia em que o tempo será visto da forma crua, concreta, pesada que ele merece. E há de chegar o dia em que a percepção de que o tempo não volta provocará um profundo penar e uma estranha loucura de querer retroceder pelo caminho que não é físico. O caminho é temporal.
E há de chegar o momento em que perceberemos que existem duas variáveis quando se percorre caminhos. Existem as variáveis espaço e tempo. A primeira, conseguimos reverter, a segunda, apenas dobrar. Algumas vezes não temos pernas para voltar mas na maioria delas, não temos mesmo é o tempo. Implacável.


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