Sabe, tenho vivido um conflito muito intenso em minhas relações interpessoais. O que mais me deixa chateado é a minha inoperância, a impossibilidade de agir, de fazer alguma coisa para mudar o panorama que se apresenta. Inalterável.
Claro que não quero me apossar da verdade, longe disso. Ninguém é dono da verdade pois a verdade é ambígua, a verdade tem sempre dois lados, duas causas e duas consequências, no mínimo.
Quero, preciso e tenho todo o direito de defender a minha verdade, o meu ponto de vista pois só eu sei das minhas condições, das minhas capacidades e dos meus desejos. Sei das minhas certezas, sei das minhas responsabilidades e das minhas vontades. Sei de todos os meus sentimentos. Que não são poucos mas são medidos, mensurados dentro de suas dores e suas satisfações.
Tenho controle sobre eles. Controle que até pouco tempo eu não tinha mas a vida me presenteou com esta habilidade. Controlar meus sentimentos sem deixar de sentí-los.
Não uso de artifícios, não uso de subterfúgios nem de desculpas. Não me escondo atrás de conceitos ou muito menos, preconceitos. Minhas armas são a objetividade e estas palavras. Aliás, palavras não me faltam, nem atitude.
Hoje carrego dentro de mim um conflito entre dois elementos. Água e fogo. Não no sentido literal mas sim nos opostos, na tentativa de atingir a homeostase entre razão e emoção.
Meu coração e meu cérebro duelam incansavelmente, incessantemente em busca do mesmo objetivo. PAZ.
Mas a paz egoísta. Cada qual quer que a sua paz prevalesça.
O coração rege o fogo, rege o calor, o contato físico, a paixão, o amor, o agora, o para sempre. O coração me diz que o tempo passa, acaba, o coração me diz que sou perfeito, que tudo posso, que amo perfeitamente o que acho perfeito. O coração me emociona, me agita e me acalma. O coração sofre, sente, recorda, maltrata, irriga minhas células com o sangue cego do querer.
O cérebro rege a água, a razão, a paciência, a correção. O cérebro delimita territórios, estabelece limites morais, hierárquicos. É ele quem me freia, quem me impede, que me tira as viseiras que impedem minha visão total, é ele quem me deixa em alerta, quem marca os segundos e dá a direção oposta. É ele quem prefere o fácil. É ele quem me resfria.
Cada qual, no seu direto, me puxa para um lado. Cada qual, no seu egoísmo, me leva para um caminho, para uma direção.
Todos os dois querem a mesma coisa, todos dois têm o mesmo objetivo e tal objetivo é declarado. Eu não faço rodeios. Meu coração e meu cérebro são diretos.
É a você que ambos querem.
Então estes dois elementos, água e fogo, dentro de seus domínios mandam para você um recado:
A água diz: - A razão é a mais importante das propriedades pois é ela quem vai mostrar para você, no futuro, que cada momento valeu a pena e que você chegará onde quiser chegar, independente das considerações pois o momento que importa, o momento que você tiver mesmo que voar, não haverá ninguém para segurar na sua mão. Serão suas atitudes.
O fogo diz: - O amor é o mais importante dos sentimentos. Nunca desconsidere um amor verdadeiro quando este se apresentar na sua vida. O amor é traiçoeiro portanto não podemos perder todo o nosso tempo apenas amando. É necessário que sentir o amor que recebemos e escolher, não o mais intenso e sim o mais permanente dos amores. Passamos tanto tempo amando que não percebemos o quanto recebemos de amor. E quando não houver o equilíbrio, seu voo não acontece pois muitas mãos o prenderão ao chão.
Vivo neste conflito, neste paradoxo constante. Porém algo me alivia.
Minhas palavras são as minhas armas. E elas são lidas, o tempo todo.
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