domingo, 31 de março de 2013

A dor

De onde vem a dor? E onde ela dói?
Se ela vem da solidão, se ela vem da troca, se ela vem do tempo passado ou do tempo futuro, se ela vem da ausência, se ela vem da rotina, se ela vem do medo, se ela vem das certezas ou das incertezas, se ela vem das promessas quebradas, se ela vem das palavras ditas ou não ditas, se ela vem de perto ou se vem de longe, se ela vem das notícias ou das faltas destas, se ela vem do erro ou do acerto, se ela vem de dia, de tarde ou de noite, se ela vem da realidade ou dos sonhos (ou melhor, dos pesadelos), se ela vem do olhar, se ela vem de uma data comemorativa, se ela vem dos encontros ou desencontros, se ela vem dos lugares, se ela vem das fotos, se ela vem das memórias, se ela vem dos sons ou dos cheiros, se ela vem do frio, do calor, do claro ou do escuro, se ela vem dos exageros, das faltas, dos excessos ou da escassez, se ela vem das profundezas do infinito ou da mais singela realidade, o que importa é que ela vem. Ah... ela vem sempre. Ela dói sempre, constante e insistente.
E onde ela dói? Ela dói no peito, dói nas pernas, dói nos braços e na cabeça. Ela dói nas veias, na pressão alta, nas arritmias, nas disritmias, no pulso e na garganta seca.
Ela dói no sono, dói na estrada, dói no carro, dói no hotel e no escritório. Ela dói na praia, no shopping, no clube e em casa, dói mais no pensamento.
Aprender a conviver com a dor é uma dádiva, é um prêmio. Saber guardar a dor dentro de um potezinho, escondido no fundo do armário, na última gaveta por baixo de todas as roupas é a forma de não deixar a dor ser percebida pelas pessoas próximas. Pintar um sorriso na cara, abrir os botões da blusa e ir de encontro ao próximo vento de peito aberto é o remédio, ou melhor, é a anestesia necessária para diminuir os efeitos da dor.
Nunca olhar para o relógio e ter a exata noção dos segundos que se sucedem e dos que se passaram é a mágica que a dor proporciona.
A dor não é tão assim maléfica. Aliás, o seu único defeito é que ela dói. Parece um pleonasmo, uma redundância mas é verdade. O único problema da dor é exatamente o fato de doer, de acharmos que não iremos aguentar, que não suportaremos e que não superaremos. Mas a dor é inevitavelmente necessária, é ela que traça nossos limites e é ela quem estabelece nossas regras, nossas capacidades. É exatamente a dor quem nos faz permanecermos vivos.


Pascoa

Alguns aniversários

Dia dos pais

Natal

Ano novo

Férias

Carnaval

e agora

Páscoa

Nada mais será como antes!










sábado, 30 de março de 2013

Tiro ao alvo

Parque de diversões, espingardinha de chumbo na mão, 10 tiros certeiros dão ao exímio atirador o melhor prêmio, um bicho enorme de pelúcia, um erro diminui o tamanho do urso consideravelmente, 8 acertos e uma caixa de bombom de gosto duvidoso é levada para casa.
Ainda no parque de diversões, as argolas também premiam, às vezes mais pela sorte do que pela maestria do arremesso mas tudo não passa de um jogo, de uma diversão acertar a caixa de fósforos e ser premiado com uma garrafa de espumante ou um jogo de pega varetas.
E assim vamos brincando de roleta, de tiro ao alvo, de arremessos, de gangorra...
Embora nem tudo seja brincadeira, nestes momentos nos damos direito ao erro pois perdemos apenas alguns poucos vinténs, alguns centavos e um pouco de tempo.
Mas e naquele momento que não podemos errar? e naquele momento que os 10 tiros terão que ser certeiros pois o prêmio não é apenas um urso de pelúcia gigante e sim o direito de ser feliz e, principalmente, fazer as pessoas ao redor felizes sob pena em errar apenas meio disparo, carregar esta responsabilidade para o resto da vida?
Acredito que realmente sejamos todos iguais na essência porém uma das coisas que diferem umas pessoas das outras é justamente o senso de responsabilidade sobre as vidas alheias.
Existem pessoas que se importam e que quando devem tomar alguma decisão, alguma atitude, pesam antes os efeitos destss em relação à vida dos seus próximos e existem aquelas pessoas que pensam em sí no primeiro momento e depois vão remediando as consequências dos atos tomados.
Existem pessoas que definem sua vida como um eterno parque de diversões e que arremessam as argolas e gastam os tiros à esmo, sem rumo, sem planejar os demais cômodos da casa, apenas o seu próprio  quarto.
Aliás, existem pessoas que habitam quartos decorados apenas por espelhos, refletindo apenas a sua própria imagem, voltando para sí apenas o que, no alto de seu egocentrismo, importa.
Ah... que engano! A vida cobra, a vida é cruel e tudo volta no acerto de contas. O limbo, o purgatório habitam nossa própria consciência. Os conflitos mais difíceis de vencer são os que temos conosco mesmo. As guerras mais sangrentas são as das nossas consciências, dos nossos atos, das nossas decisões em momentos que poderíamos ter pensado mais, refletido melhor, buscado ajuda, reconhecido nossas fraquezas, admitido nossos erros e sobretudo, termos tido humildade suficiente para reconhecer e mudar. Mudar na essência, mudar no mais alto grau de punição a nós próprios em benefício dos que realmente importam.
As argolas, as balas de chumbinho da vida real são as vidas das pessoas. Não podemos errar.

Paquiderme

Sempre passei por um problema recorrente em minha vida. Este problema era cíclico, ia e vinha em determinados momentos, em determinadas situações e épocas. Eu praticamente não podia baixar a guarda, eu praticamente não conseguia me sentir seguro e relaxado. Era como um câncer que vinha, se instalava e a cada sessão de quimioterapia ele desaparecia para voltar mais forte depois. Era uma luta que não tinha fim e que nos momentos em que a doença parecia estar sob controle, eu sorvia de uma felicidade ilusória, efêmera.
Então era assim que eu vivia, ora sob os efeitos da doença, como em carne viva, exposto à dor intensa, aguda, ora sob efeito da quimioterapia que me fazia esquecer a dor e almejar uma nova vida. Uma vida correta, como deveria ser.
Resolví mudar tudo. A doença não tinha cura e a quimioterapia estava só protelando o inevitável. Resolví tentar outra tática, outra coisa para não ficar mais em carne viva e nem anestesiado esperando a próxima crise. Resolví deixar de ser como aqueles animais de pele fina, sem pelos e sem escamas (os anfíbios) e me posicionei pronto para ser como os paquidermes. animais de pele espessa, elefantes, hipopótamos e rinocerontes.
Resolví não esconder minha doença, resolvi encarar meus problemas de forma aberta e clara com todos que me rodeiam e isto, esta tática, esta estratégia, este modo de ver as coisas foi justamente o que me fez criar esta pele grossa. A cada vez que me expunha, a cada vez que falava ia criando uma crosta, uma carcaça cada vez mais pesada, cada vez mais espessa, impenetrável.
Hoje convivo com meus problemas, internos, passados no tempo, contemporâneos na memória porém sem aquela sensação de nervo exposto, sem aquela sensação de carne viva, de dor aguda e constante.
Hoje sou um paquiderme, em que a doença existe, dói e ninguém vê.

terça-feira, 26 de março de 2013

Apenas mais uma de amor!!!

Assistindo ao big brother brasil me veio à cabeça!!

Lulú Santos


Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido
Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer
Eu acho tão bonito isso
De ser abstrato baby
A beleza é mesmo tão fugaz
É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer
Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer
Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho, o que eu perco
Ninguém precisa saber


Apenas nós sabemos o valor que as pessoas têm, o quanto elas são importantes em nossas vidas. Apenas nós sabemos o exato tamanho que cada pessoa ocupa em nosso coração e o tempo que elas demandam em nossos pensamentos.
E nos dias modernos cada vez mais este valor, esta importância, este tamanho e este tempo são um segredo guardado a sete chaves. Muitas vezes morremos sem revelar ao nosso parceiro, nosso amigo, nosso parente, o que eles significavam para nós. Seja por falta de tempo ou seja mesmo por vergonha ou até mesmo um mecanismo de defesa (quem demonstra sentimento é fraco), vamos cada vez mais nos tornando introspectos, fechados, reservados. Damos às pessoas apenas o que queremos e não o que elas realmente merecem. Não falamos tudo o que precisa ser falado, não demonstramos tudo o que teria que ser demonstrado. Ah!! O mundo moderno transformando as pessoas, tornando-as cada vez mais competitivas, cada vez mais seletivas e cada vez mais egoístas. Mundo rápido, de mudanças mais rápidas ainda, de valores, de culturas, de preferências de usos e costumes que não duram mais do que uma estação, que não duram mais do que a próxima novidade. 
E como é difícil de apegar, e como é difícil gostar de alguém, e como é mais difícil ainda confiar em alguém de graça! Tudo se compra, tudo se troca. Nada, absolutamente nada mais é de graça. Neste mundo imenso, onde há lugar para todos, parece que todos resolveram ao mesmo tempo, ocupar o lugar do próximo.
Então, ela chegou. Quieta, calada. Esguia. Sem som definido, sem vontade definida nem objetivos certos, ela apenas chegou. Faz aproximadamente três anos. Estabeleceu aos poucos seu território, fincou devagar suas raízes e cuidou para que elas se aprofundassem. Esperta ela... o que importa realmente não são as belas folhas e flores que dão cor a uma planta e sim as raízes que a sustentam. E o tempo foi passando, e as pessoas foram chegando e partindo, uma de cada vez. E ela alí, firme, leal, compenetrada. Aguentando o nervosismo de muitos e controlando o seu próprio, sorrindo com mais frequência e até mesmo opinando em algumas vezes, jamais saiu do lado. Jamais abandonou o seu posto. Fiel.
Cresceu lá fora, cresceu, nem tanto, aqui dentro, modificou-se, metamorfoseou-se e adaptou-se às mudanças do meio com a mesma simplicidade e ternura de sempre. Foi tornando-se bela, foi tornando-se essencial, foi tornando-se companheira, foi tornando-se amiga, foi tornando-se amada.
E os anos foram passando, bons momentos, maus momentos, sol e chuva no mesmo instante molhavam e iluminavam nossas vidas, nosso cotidiano. Tornamo-nos uma família, às vezes de duas pessoas, outras de três, quatro, cinco, duas novamente, quatro, tanto faz. O que importava era a base, era o par. A dupla. Família é assim mesmo, pessoas também vêm, pessoas também se vão. Nós ficamos. O tempo que foi preciso, nós ficamos. Juntos.
Mais do que dinheiro, mais do que profissão, mais do que trabalho ou carreira, ficamos.
E agora ela se vai. Que bom, que gosto, que satisfação que ela se vai. Se vai completa, inteira, formada e decidida, se vai para melhor, para crescer, para fincar suas raízes profundas da mesma forma que fizera aqui.
O coração lamenta, a razão comemora... Se vai dar certo ou errado não importa. Importa a decisão, a certeza, o objetivo, a objetividade. Ela se vai. Que triste!!! Que felicidade!!!
Mas desta vez não sem antes saber de tudo, de todos os segredos e de todas as coisas que a brutalidade dos dias modernos tenta sufocar. Confesso que digitalmente é mais fácil, menos vergonhoso pois basta acabar e clicar em publicar que tudo torna-se irremediavelmente mundano!!! O mundo todo pode ficar sabendo, ou não!
O que importa xú é que te amo. Que realmente não me toquei, que não me liguei a tempo de que realmente você se vai levando uma grande parte do meu dia pois ultimamente os meus dias eram ocupados em sua grande parte por você. Fora da minha família carnal, você é a pessoa que tenho mais próxima, a pessoa com quem mais me importo, a pessoa para quem mais torço, a pessoa com quem mais me preocupo, a pessoa com quem mais falo sobre tudo e sobre todos, a pessoa em quem mais confio e a pessoa que me dá não as maiores porém as mais constantes alegrias do dia a dia.
É com você que conto, que divido, que me divirto, que me abro e que ouço. 
É você a pessoa com quem falo de você. Diretamente, sem recados, sem desvios. é você a pessoa que não tenho que medir palavras. É você a pessoa atualmente, mais direta na minha vida.
Vai fazer falta? Claro!
Mas uma falta boa, alegre, divertida. Pela rotina, pelo dia a dia, pelo cotidiano, pela mesmice, pelo novo e pelos velhos dias, obrigado por tudo. eu te amo xú.


segunda-feira, 25 de março de 2013

Passado, presente e futuro



Se tem coisas que deixamos de acreditar nas nossas vidas com o passar do tempo, eu posso afirmar que na minha deixei de acreditar em duas. No passado e no futuro.
No passado deixei de acreditar quando percebi que ele não contava para decisões do presente. No passado deixei de acreditar pois nele ficam guardadas coisas que por mais verdadeiras, por mais intensas, por mais incríveis, já não existem mais, já foram, viraram lembranças que sem servem para confortar a alma.
A minha descrença no futuro vem das coisas que ouví no passado. Justamente no passado que não acredito mais ecoavam palavras soltas ao vento, palavras que eu pensei que pudesse reter em minhas mãos porém o som não se armazena. O som passa, diminui e se extingue como o fogo sem o oxigênio. Som e vácuo são inimigos. E hoje a vida é um imenso vácuo.
A minha descrença do futuro está diretamente relacionada ao passado sacrificado, dias perdidos, noites mal dormidas, privações de todas as formas que no fim, bem no fim da jornada, não levaram a lugar algum.
Mas não tenho descrença nos tempos verbais. Não tenho descrença nos dias, nas estações, nas datas comemorativas. Não tenho descrença no dia e na noite, nos segundos e nas horas.
Descreio nas pessoas, não em todas mas em algumas. Mas estas pessoas, ah... e que pessoas. Fundamentais. Desacreditadas, totalmente desacreditadas.
Não conhecemos o coração do igual, do semelhante. Não sabemos para que ele bate até que somos apresentado aos seus limites. Não aos nossos, aos deles.
Deixei de acreditar no passado e no futuro pelos meus motivos. Se isto vai mudar eu não sei. Só sei que me resta o presente pois é nele que eu vivo. É nele que as pessoas podem me surpreender, para o bem ou para o mal, isto não importa. É no presente que vivo, é no instante que habito, que interajo, que me encorajo e que me sustento. É no presente que eu vejo com lucidez o que está realmente acontecendo. É no flash, é no agora que a alma alheia se revela. E é justamente no presente que eu consigo ver, em conjunto, o quanto as pessoas carregam de passado e almejam de futuro.
É no presente em que vivo o único lugar onde as pessoas não me iludem, não me surpreendem. É no presente em que vivo o momento em que as armas estão igualitariamente disponíveis e ao alcance de todos. É no presente em que vivo que vive também a justiça. É no presente que todos são iguais.
Para os males da razão, um pouco de amor. Para os males de amor, um tanto de razão!



domingo, 24 de março de 2013

Vida em ebuilição - O fim.

Tudo que é construído, tudo que existe, toda edificação sofre a ação do meio externo modificando sua estrutura. Todo edifício, toda ponte, estádio de futebol, monumentos, ruas, casas, carros, navios, enfim, qualquer que seja o objeto manipulado, a ação de fatores externos contribui para sua vida útil ser encurtada.
Seja pela ação do uso ou até mesmo a ação do sol, da chuva, dos ventos, dos elementos químicos, das reações com o meio, tudo tem um fim.
Nós mesmos, humanos, temos nossa vida útil. O oxigênio que respiramos, o oxigênio que nos mantém vivos é o que vai aos poucos nos matando através dos radicais livres que invariavelmente acabam superando nosso poder de reestruturação da cadeia de dna.
Vamos nos curvando, vamos enrugando, enfraquecendo aos poucos até o fim.
A reforma, a manutenção e o cuidado são os paliativos, são as ferramentas que utilizamos para aumentar o tempo útil, seja de uma construção, seja de nossa própria existência. Mas tudo tem um fim.
Algumas ações são previsíveis e até mesmo visíveis. Conseguimos identificar uma rachadura, conseguimos ver a ação da oxidação do aço, do ferro em uma construção.
Assim é a vida. Uma jornada para o fim. Um caminho sem réguas, sem quilometragem e sem tempo para o mesmo lugar. Sendo assim, uma boa definição de vida. PASSAGEM. A vida é apenas uma passagem. Tudo acaba. Naturalmente ou sob a intervenção de outros fatores.
Andamos sobre pontes, entramos em prédios, conversamos com pessoas, vamos a lugares, navegamos em páginas, vestimos roupas, usamos aparelhos que, mais dia menos dia deixarão de existir.
Assim é este blog. Assim é o vida em ebulição. E nem a vida, nem o blog são eternos. Estão eboluindo, estão evaporando e um dia a matéria deixará de existir e nem uma gota de água em seu estado líquido estará disponível para a ebulição. tudo terá evaporado.
Mas não sob fatores externos. Não sofrendo intervenções do meio. O blog não é meu. O blog é de quem lê, gostando ou não gostando. Estarei aquí enquanto existir água suficiente para concatenar as palavras loucas que tento ordenar em sentido. Isto  sim, procede. Totalmente.



sexta-feira, 22 de março de 2013

Agora eu sei!

Anos 80, música do grupo ZERO, profetizando muita coisa para mim.


Há muito tempo eu ouvi dizer
Que um homem vinha pra nos mostrar
Que todo o mundo é bom
E que ninguém é tão ruim
O tempo voa e agora eu sei
Que só quiseram me enganar
Tem gente boa que me fez sofrer
Tem gente boa que me faz chorar, me faz chorar
Agora eu sei e posso te contar, posso te contar
Não acredite se ouvir também
Que alguém te ama e sem você
Não consegue viver, não consegue viver
Quem vive, mente
Mesmo sem querer, mesmo sem querer
E fere o outro, não pelo prazer
Mas pela evidente razão, sobreviver
Não é possível mais ignorar
Que quem me ama me faz mal demais
Mas ainda é cedo pra saber
Se isso é ruim ou se é muito bom
O tempo voa e agora eu sei
Que só quiseram me enganar
Tem gente boa que me fez sofrer
Tem gente boa que me faz chorar, me faz chorar
Quem vê o seu rosto
Só pensa no bem, só pensa no bem
Que você pode fazer a quem
Tiver a chance de te possuir, de te possuir
Mal sabe ele como é triste ter, como é triste ter
Amor demais e nada receber
Que possa compensar o que isso traz de dor
O que isso traz de dor
O que isso traz de dor
O que isso traz de dor
Por tudo o que isso traz de dor
Por tudo o que isso traz de dor


quinta-feira, 21 de março de 2013

Miscigenação Moral

Lembro-me bem dos anos 70 nas aulas de ciências quando as professoras e professores falavam sobre a miscigenação, a mistura das raças e os mais variados tipos oriundos desta mistura. Mameluco, cafuso e mulato eram os termos mais falados pois estudávamos a ocupação portuguesa no Brasil, a escravidão e os índios, nativos. Obviamente os laços amorosos entre as raças aconteceriam inevitavelmente e daí os mais diversos tipos de brasileirinhos surgiam para dar ao nosso povo este fenótipo tão particular e diversificado.
Após a abolição da escravatura, o extermínio do povo indígena e a abertura dos portos, o Brasil passou um período de migração onde várias colônias dos mais diversos países europeus se intalaram em vários Estados e novamente outra onda de miscigenação ocorreu.
A mistura do povo Português com o Africano e o Indígena agora sofria influência também de Italianos, Alemães, Poloneses, Pomeranos, Tchecos, enfim, o samba estava armado.
Na segunda grande guerra mundial chegaram os japoneses.
Bem, resumindo, somos o que somos hoje, uma mistura de todas as nações, um fenótipo absolutamente único porém diversificado. Somos exaltados no mundo inteiro por nossa ginga, nossa alegria, nosso esforço e até mesmo pela nossa absoluta capacidade de superação perante às dificuldades.
Fala-se também até hoje da miscigenação nas artes, na cultura, fala-se muito do povo de um modo geral.
Século XXI, globalização, fronteiras caíram e as familias mudaram, a ordem geral das coisas mudou e acredito que seja necessário fazer um estudo pormenorizado da situação. Não há como mais estudar o todo. O todo virou um só, único, sem regras e sem barreiras. As leis passaram a dar muito mais valor ao patrimônio do que à família.
Hoje trata-se muito mais dos direitos da individualidade pessoal do que da coletividade. Seria o fim da família tradicional? Seria o fim da hierarquia? Seria o fim do respeito ao lar e o início da busca pela felicidade individual?
Seremos obrigados a participar de mais uma miscigenação. A miscigenação moral. Teremos que aprender a nos comportar, teremos que aprender a conviver com pessoas oriundas das mais diversas formas de famílias existentes. Filhos de pais separados se relacionarão com filhos de famílias sólidas, católicos conviverão com ateus, evangélicos, espíritas, budistas e afins.
Esta questão moral, esta questão de adaptação de costumes entre duas pessoas com educações tão diferentes, com idades vividas de forma tão distintas farão parte cada vez mais frequente do cotidiano, frequentarão mais e mais os consultórios psicológicos, alimentarão as estatísticas de lares desfeitos.
Pasmem! Aqui no Espírito Santo, o índice de divórcios chegou a 3 por HORA. São 72 casamentos desfeitos por DIA. 114 pessoas por dia descobrem que não foram feitas umas para as outras, descobrem que a felicidade não está ao lado e sim um passo à frente, um lugar desconhecido, uma aventura.
Costumo dizer que a educação e os bons exemplos não representam 100% de garantia de um futuro estável. Acredito firmemente que uma educação exemplar, baseada nos laços de família, relacionada a um futuro estávem contribui em apenas 50% e que o restante é obra do acaso, é obra da sorte. Não do destino, não das mudanças e sim daquelas pessoas que cruzam nossas vidas em determinado momento e alteram toda a trajetória da mesma.
Justamente o que nos torna diferentes é o que no futuro nos fará iguais a todos. Máquinas de fazer sofrer!




domingo, 17 de março de 2013

Pecados

Igreja hoje, segunda leitura, a citação bíblica que narra a entrega pelos Fariseus a Jesus de uma mulher pega em flagrante adultério. A expectativa pela aplicação da lei de Moisés que pregava o apedrejamento até a morte e a posição de Jesus perante esta situação.
O resto da história todos nós conhecemos, quando Jesus disse: "Atire a primeira pedra aquele que nunca pecou". Um a um todos foram se abstendo da aplicação da pena e o perdão foi dado àquela mulher pecadora sob a condição de não mais pecar.
No sermão foi muito bem ressaltada a nossa deficiência ao perdão incondicional e a tendência que temos a julgar imediatamente.
Ora, claro que julgamento imediato é uma condição humana onde o julgador tem o poder de, naquele exato momento, estar em situação privilegiada moralmente sobre o julgado. Não digo a respeito do magistrado, do Meretíssimo Juiz que para isto estudou e tem controle sobre a lei, além de direitos para tal. Digo do dia a dia, do homem contra o homem, do simples pensar, do simples opinar, do simples propagar sua opinião.
Julgamos o tempo todo na mesma proporção que somos julgados. Aplicamos pena e somos penalizados interminavelmente.
Muito bem colocado o sermão, coerente o tempo todo, sem perder a sua linha de raciocínio, o rapaz ressaltou importantes pontos tais como o amor incondicional de Deus ao pecador e a Sua absoluta abominação ao pecado, o número infinito de vezes que Ele perdoa o pecador, fomos chamados ao "mea culpa" e analisarmos nossa conduta como pecadores e perdoadores.
Concluímos que somos excelentes pecadores e perdoadores de nossos próprios pecados. Somos também repetidores destes. E isto é fato.
Julgamos e não aceitamos ser julgados.
E o pecado, tema de hoje da missa e deste texto?
Como pecadores, somos conhecedores destes pecados. Bem melhor quando o arrependimento vem em tempo e não em doses pequenas, dia após dia, noite após noite.
Em um texto mais antigo neste blog afirmo que temos dentro de nós um juiz implacável e um juri condescendente aos nossos erros. Completando, afirmo que temos sonos, sonhos e pesadelos. Sem exceção, somos perseguidos por estes pecados para o resto de nossas vidas, perdoados ou não.

sábado, 16 de março de 2013

tinta ou cimento?

Quem já construiu uma casa vai saber do que estou falando!
Qual é a parte de uma construção de uma casa que lembramos com mais prazer, com mais satisfação? Qual é aquele momento em que nos recordamos e abrimos um sorriso de satisfação de dever cumprido?
Bem, acredito eu que a grande maioria das pessoas devem ter se lembrado da parte da pintura, ou da parte da montagem dos móveis, decoração ou coisa parecida. Não é mesmo?
Realmente, visualmente, esta fase da obra, onde colocamos cor nos nossos sonhos, esta parte da obra onde deixamos tudo mais bonito e mais confortável para nosso uso é a parte que vem à cabeça quando se pensa em dever cumprido, em objetivo realizado.
E é assim mesmo. Estudos indicam que pessoas sonhadoras olham mais para cima quando pensam em algo. Pessoas realistas geralmente olham para frente quando imaginam alguma imagem em suas mentes.
E nós, humanos defeituosos como sempre fomos, na medida em que o tempo passa vamos nos esquecendo de lembrar dos tempos difíceis, da mistura de água, areia, brita e cimento que tanto suor levou de nossos corpos, vamos nos esquecendo das lajotas sobrepostas umas sobre às outras, das lajes batidas.
E nós humanos imperfeitos, insatisfeitos, deixamos de lado justamente aqueles momentos mais importantes de nossas vidas, onde estávamos tão ocupados, tão cansados de trabalhar, de correr atrás da cor que não percebemos as paredes sendo erguidas.
A força está justamente nos momentos mais difíceis, nos momentos mais cansativos, onde se tem menos dinheiro. É aí onde mora a gratidão, a união, a ajuda, o amor e o carinho.
Quem olha apenas a cor de uma parede não saberá nunca dar valor ao trabalho que é erguê-la.
Pinte paredes na sua vida e será admirado pela sua beleza. Construa paredes e será lembrado pelo seu caráter

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sexta-feira, 15 de março de 2013

Segundos

Então sabemos apenas uma única certeza depois que nascemos. Morreremos.
E já que morreremos, falemos pois da morte então.
Como morremos?
Morremos com certeza, dia após dia, segundo após segundo. A vida é uma contagem progressiva de idade e regressiva para um fim incerto porém inadiável.
Morreremos, todos nós e nada deixaremos além de nossa própria vida passada, nossas memórias que também morrem duas, três ou no máximo quatro gerações após nossa passagem. 
Seremos pessoas que quando deixarmos esta vida faremos muita falta no início para algumas pessoas e a medida que o tempo for passando, vamos nos tornando lembranças, depois memórias, depois casos e bem depois, um antepassado, um nome apenas. Fotografias.
Mas e como morremos? Não estou perguntando por aquele último segundo. A minha dúvida é como vamos morrendo aos poucos. Como o acúmulo dos dias nos leva para mais perto da morte? Cada segundo tem o mesmo peso? Cada segundo contribui na mesma intensidade para nosso fim? 
Não....
A vida é feita de segundos que adiam nossa morte e outros que nos aproximam dela. Existem segundos em que até a desejamos!
Existem aqueles segundos que parecem não ter fim, que aliviam nossa alma, que nos dão o prazer de continuar vivos, ativos, seguros, importantes. Existem aqueles momentos maravilhosos que aumentam anos de qualidade na nossa vida, nos dão a certeza de que nossa passagem por este mundo não terá um fim e que a cada dia é um novo recomeço.
Existem segundos, momentos, em que tudo é negro, tudo é amargo e que encurtam os passos para nosso fim, para a morte. Existem segundos que incurtem rugas, embranquecem os cabelos, envergam a coluna e pesam nossos corações. Existem momentos que o nada impera, que a falta de sentido prevalece, que o sono não existe e que o sossego se vai. Existem momentos de amargura, de rancor, momentos de sofrimentos em que a morte parece bater à porta.
E durante a leitura deste texto, inevitavelmente enquanto percorremos os olhos pelas palavras, vamos alimentando nossas mentes dos segundos seculares e dos segundos negros, instantâneos. Vamos alimentando nossas memórias daqueles momentos em que somos imortais e infelizmente daqueles momentos que a morte é desejada como recurso para resolver tudo de uma só vez.
A idéia é justamente esta, realmente para dar a qualquer pessoa que por aqui passar, a opção de escolha sobre em qual segundo queremos ajustar nossos relógios. Viver eternamente está diretamente relacionada à escolha dos nossos segundos!

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MInha história

Algumas coisas me pertencem, várias coisas, grandes e pequenas, importantes ou não, essenciais ou banais, algumas coisas me pertencem.
Algumas coisas pertencem só a mim, exclusivamente a mim e mais  ninguém. Minhas sardas por exemplo, algumas pintas (venos melanocíticos) e até mesmo algumas verrugas!
O formato de meu nariz, meu dedo do pé meio torto e os dedos juntos do pé (sindactilia) são coisas próprias minhas. Minha meia calvície, minha miopia, a estatura (ou falta dela como alguns preferem dizer), minhas mãos pequenas e meus órgãos internos fazem parte de um conjunto de particularidades únicas, ímpares que colaboram para a construção desta pessoa que lhes escreve. 
Alguns poucos bens materiais me pertencem. Meus discos, cds, dvds, meus textos, minhas roupas e perfumes, meus sapatos e tênis comprados com muito cuidado de acordo com minhas preferências.
Aliás, as preferências também são minhas, assim como as opções, assim como meus gostos e desgostos. O que faço ou o que deixo de fazer são coisas só minhas. As consequências não! 
Algumas coisas me pertencem em regime de sociedade. As consequências do que faço por exemplo, o que atinge as pessoas que me rodeiam e mesmo as pessoas distantes. Minha prole, o espaço físico que ocupo, oxigênio inalado e gás carbônico expelidos são meus compartilhados, assim como foram os professores, os tios, tias, primos, primas avós e avôs, pai e mãe. 
A minha rua não é só minha, meus vizinhos não são só meus. 
Então minha vida é minha e a vivo individualmente e compartilhadamente ao mesmo tempo. 
O que faço é meu e o resultado é compartilhado.
E a minha história? E os anos que viví até o dia de hoje e os que ainda viverei que eram para serem só meus e não foram?
Da minha história sei eu, das pequenas coisas da minha história, daquelas coisas que realmente fazem a diferença, que realmente diferenciam a pessoa que sou das pessoas que me cercam, só eu sei. Os meus segredos e sentimentos guardo para mim. Compartilho o comum, o trivial e o necessário. Deixo que saibam o que todos podem saber. As aflições, as angústias, as dores e os sofrimentos, estes, infelizmente, são só meus.

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terça-feira, 12 de março de 2013

Pendure a alma no varal e deixe que as coisas ruins evaporem

Existem várias definições para a palavra FANTASMA. 
A primeira, a original, designa aparição de espectro, materialização de espírito de alguém já falecido. Outra designação bem utilizada em nossa língua, sugere que fantasmas sejam os medos internos que temos de alguma coisa ou situação, alguma barreira pessoal não conseguimos transpor ou que adiamos o embate.
Não posso deixar de citar também como definição de fantasma a memória recorrente de algum erro, algum desvio de conduta cometido no passado e que, devido ao nosso sentido de correção, como forma de auto punição, não conseguimos apagar de nossos pensamentos.
A palavra fastasma e suas variações sempre remetem a algo inexistente e improvável, até mesmo impossível de existir. Fantasioso, algo que só existe na cabeça, nos pensamentos, fantamasgórico, algo que amedronta, fantasia, algo irreal e desejável são apenas exemplos linguísticos comumente usados. Com um pouco de licensa poética podemos associar até mesmo sonhos e ambições às variáveis de fantasmas. Fantasias. Novamente fantasias.
Correndo deles ou com eles, somos obrigados a conviver com vários fantasmas nas nossas vidas, fatos e pessoas do passado que não conseguimos "deletar" de nossa mente. Este imenso HD que carregamos não permite a "formatação" e o lixo vai se acumulando anos após anos. Volta e meia mexemos em uma pasta e lá está o arquivo, seja no formato JPEG, WAV, PDF ou DOC que se abre automaticamente, trazendo de volta os medos e as más recordações. Sons, cheiros, cores, sensações... Tudo volta irremediavelmente.
Desde pequenos somos condicionados a temermos os fantasmas. Esta tática educacional sempre é uma forma primária de estabelecer limites às crianças, incurtindo nestes pequenos seres os limites necessários para mantê-los em segurança. E assim crescemos, evitando situações e temendo os fantasmas.
Condicionados que somos vamos sempre adiando e evitando os fantasmas, aprendendo a conviver com eles ao menos da melhor forma possível. Eles existem, aos montes, em todos os lugares, em todos os momentos. Eu mesmo os tenho sentido, eu mesmo os tenho evitado, sem sucesso diga-se de passagem, eu mesmo sou assombrado por eles, dormindo ou acordado. Às vezes chego a ouví-los... por um instante apenas, tempo suficiente para gelar a alma. Aquele frio exotérmico, que vem de dentro para fora.
Não, não falo com fantasmas, não interajo com eles. Coexistimos, inevitavelmente porém apenas coexistimos.
Para evitá-los, siga um exemplo de uma frase que lí hoje: 

segunda-feira, 11 de março de 2013

O que é o que é?

Era apenas meio dia no relógio de nossas vidas. Havia percorrido metade do caminho quando o relógio parou inexplicavelmente, preguiçosamente, egoisticamente. Somos prisioneiro das horas, dos dias, dos anos e das vidas das pessoas. O funcionamento do relógio, o tic tac permanente independe de nossa vontade, de nossos esforços. O perfeito sincronismo dos ponteiros está diretamente relacionado à disposição das pessoas que nos rodeiam. Infelizmente dependemos delas para que tudo ande da forma como anda. Não sendo assim, tudo seria uma enorme anarquia e invariavelmente esta enorme anarquia se instala quando os ponteiros param.
Andamos em compasso, andamos os mesmos passos de algumas pessoas, alguns passos pesados, outros leves. Várias vezes carregamos pessoas no colo e outras somos carregado por elas. Nosso fardo pesa exatamente o quanto conseguimos carregar.
Quando o fardo é demasiadamente pesado, as coisas vão escorrendo pelo caminho, o tic fica cada vez mais distante do tac, o tempo parece parar ou até mesmo voar.
É preciso entender que na vida não pulamos obstáculos e sim os transpomos. Não encurtamos o caminho dos objetivos, não criamos atalhos pois os atalhos tornam os objetivos inalcançáveis ou no mínimo, os transformam em fumaça, em ilusão.
Não prendemos fumaça, não armazenamos ilusões. O tamanho do mundo que criamos em nossas mentes deve ser exatamente percorrível com os pés no chão e olhos no horizonte e não para o céu. O céu é infinito para os sonhos. Os sonhos devem ser edificados meio a meio. O que cresce para o alto deve fincar raízes do mesmo tamanho no chão. Só assim se vai longe definitivamente. Acordar de um sonho quando se dorme é muito menos desconfortável do que quando sonhamos acordados. A queda é dolorida, dolorosa.
Antônimos são homeostásicos, antônimos regulam nossas vidas e nos tiram do exagero. O sorriso e o choro, o amor e o ódio, o feliz e o triste, o cansado e o repousado, o feio e o belo, o muito e o pouco, o tudo e o nada devem existir ao mesmo tempo para que tenhamos uma vida real. Quem pula sempre no barco da facilidade, uma hora ou outra morrerá afogado em suas ganâncias, em suas insatisfações. É a vida!




quarta-feira, 6 de março de 2013

dia da mulher

Sexta feira, 08 de março, dia da mulher!
Precisa haver um dia especial da mulher? Precisamos especificar um dia para reverenciar aquela que tem a primordial das funções? Perpetuar a espécie. O maior presente para o gênero feminino. A responsabilidade das responsabilidades.
Porém não basta procriar. Não basta jogar no mundo a metade de seus genes e largá-los. É preciso fazê-lo com consciência e com sacrifícios, é necessário assumir todos os problemas advindos da maternidade e suprir todas as necessidades de seus filhos. É necessário transmitir aos seus filhos todas as carências e afetividades que estes necessitem para crescer fisicamente e principalmente mentalmente. É necessário entender que é dever da mulher estar pronta a toda abstinência pessoal por conta desta responsabilidade.
É necessário a mulher voltar um pouco no tempo e assumir seu papel de provedora, não de bens e sim de sentimentos, de bases familiares, de solidão, da formação da segurança básica de seus filhos.
É necessário que a mulher entenda que pode mesmo e deve ter os mesmos direitos que os homens porém usá-los é opcional e que na maioria das vezes as embrutecem.
Mulher é para ser fofa, mulher é para ser lisa, meiga, frágil e cheirosa. Mulher é para ser cuidada, amada, dengada e venerada não pela sua ousadia ou pelo se cargo e sim por ser simplesmente mulher. A mulher deve ser tempo verbal, deve ser conjugada no imperativo absoluto.
Mulher não deve andar em bando, não deve falar palavrão e beber como os homens. Mulher não tem que ser mandona, autoritária. A mulher deve voltar a saber conquistar tudo o que quer apenas com o olhar e não com a competição, com a superação.
A mulher deve ser sonhadora porém sonhar mais com o passado, sonhar mais com o sentimento e não tanto com a razão.
Para as mulheres fica a dica. Não se apressem, não experimentem tantos por tantas vezes. Protejam-se, valorizem-se, comportem-se. Coloquem-se novamente como troféu e não como degustação. diferenciem-se e esperem "o cara" certo. Ele existe.
A existência do homem ideal está diretamente condicionada ao comportamento de você mulher, que será homenageada no dia 08 de março e, por mim, nos demais 364 dias do ano!




terça-feira, 5 de março de 2013

Castelos abandonados

O que dizer da vida que ebolui hoje, dia 05 de março do ano 2013? sinceramente nada me ocorre, nada me vem à cabeça. Apenas abro o blog e coloco na página em branco esperando que as palavras aleatórias venham a formar algo com um mínimo de sentido. Sigo teclando, despretensioso, imaginando em cada um dos meus mais de 8 mil leitores o que eles precisam, qual seria a necessidade de cada um neste momento. Amor, força, conforto, humor, compreensão, otimismo, verdade, mentira, prosa ou poesia?
O que cada um precisa neste momento?
Fato é que cada sentimento, cada situação, cada relacionamento nada mais são do que cópias, repetições de algo que já existiu e que está existindo neste exato momento. Não existe nada de novo nas relações entre pessoas, não existe nada inédito, nada que nunca já tenha sido vivido antes no que diz respeito aos amores, duradouros ou efêmeros, eternos ou passageiros.

Já defendí esta tese outras vezes. A dor é exclusiva porém as situações são recorrentes.
Apenas o indivíduo sabe mensurar a intensidade e a duração de sua dor, apenas o criador consegue ver todos os seus fantasmas. E aprende a viver com eles, que são eternos, indestrutíveis.
Os fantasmas habitam na memória, nos castelos que nós mesmos construímos e que somos obrigados a abandonar no meio do caminho.
Todos nós temos nossos castelos abandonados nas memórias.

Tim Maia


-"É, engraçado, ás vezes a gente sente, e fica pensando
Que está sendo amado, que está amando, e que
Encontrou tudo o que a vida poderia oferecer
E em cima disso a gente constrói os nossos sonhos
Os nossos castelos, e cria um mundo de encanto onde tudo é belo
Até que a mulher que a gente ama, vacila e põe tudo a perder
E põe tudo a perder..."
Mê de motivo, para ir embora
Estou vendo a hora, de te perder
Mê de motivo, vai ser agora
Estou indo embora, o que fazer?
Estou indo embora, não faz sentido
Ficar contigo, melhor assim
E é nessa hora, que o homem chora
A dor é forte, demais pra mim
-"Já que você quis assim, tudo bem
Cada um pro seu lado, a vida é isso mesmo
Eu vou procurar e sei que vou encontrar
Alguém melhor que você, espero que seja feliz
No seu novo caminho, ficar contigo
Não faz sentido, melhor assim"...
Mê de motivo, foi jogo sujo
E agora eu fujo, pra não sofrer
Fui teu amigo, te dei o mundo
Você foi fundo, quis me perder
Agora é tarde, não tem mais jeito
O teu defeito, não tem perdão
Eu vou a luta, que a vida é curta
Não vale a pena, sofrer em vão
Pode crer você pôs tudo a perder
Não podia me fazer o que fez
E por mais que você tente negar, me dê motivo
Podes crer eu vou sair por aí
E mostrar que posso ser bem feliz
Encontrar alguém que saiba me dar
Me dar motivo
Me dar motivo




segunda-feira, 4 de março de 2013

Extrativismo da alma

Extrativismo: Atividade de coleta de produtos naturais, sejam eles minerais, animais ou vegetais.
O extrativismo, técnica que surgiu desde o momento que o homem passou a viver em comunidade foi fator fundamental para que as comunidades conseguissem se estabelecer e crescer com menor gasto de energia e otimização de suas necessidades.
Com o passar dos milênios, o extrativismo que nascera da necessidade primordial de alimentação, transformou-se, sofreu diversas adaptações e até os dias de hoje é praticado com as mais diversas finalidades.
Muito se fala na renovação dos recursos naturais e a preocupação com este tema entrou em moda nas últimas duas décadas devido à exploração desmedida destes. O desmatamento e a caça predatória colocaram em risco o equilíbrio da natureza, a homeostase imprescindível para a nossa permanência neste mundo.
Campanhas de conscientização e projetos de reflorestamento, reprodução em cativeiro dentre outros, visam a minimizar anos e anos de predatismo humano.
O extrativismo sustentável tem uma grande participação neste campo pois visa justamente renovar os recursos animais e vegetais através de técnicas que permitem uma utilização cíclica destes recursos sem afetar mais ainda o meio ambiente.
Em relação ao extrativismo mineral onde há o esgotamento dos recursos, tecnologias estudam novas aplicações dos recursos, substituição e principalmente a reciclagem como forma de estender ao máximo a utilização dos mesmos. Se acabar, acabou!
Toda esta explanação serviu apenas de preâmbulo para uma metáfora que há muito me persegue. O extrativismo do homem pelo homem.
Os garimpeiros da alma, dos sentimentos, aqueles seres que têm a capacidade, a necessidade de se alimentar dos sentimentos dos outros, das emoções, da vida alheia, do seu próprio semelhante.
O resultado final é sempre o mesmo, assim como no garimpo do ouro quando este se esgota, o garimpeiro de sentimentos deixa o mesmo panorama da alma da outra pessoa. Um enorme vazio, uma devastidão, um terreno absolutamente inerte, sem vida.
E quando tudo chega ao fim, quando não resta um grama de ouro, o garimpeiro da alma sai em busca de outra mina, outro filão, outra vida para dela se alimentar!

sábado, 2 de março de 2013

Estrada Interminável

Um quarto de gasolina no tanque e acidente na rodovia federal. Fila interminável de carros e tudo parado por um bom par de horas. A noite se aproximando e a agonia aumentando bastante. Calculo as variáveis, tento mentalizar a estrada que tenho pela frente e o hotel mais próximo e logo percebo que, parado naquele lugar por mais meia hora com certeza não teria minha hospedagem garantida pois nós, os viajantes, temos o costume de parar sempre às 18 horas para o merecido descanso.
Alguma coisa eu teria que fazer para não ter que passar a noite dirigindo ou dentro do carro. Olhei para o lado e percebí uma estrada de terra fazenda à dentro. Na porteira, uma pessoa parada que solicitamente orientou que, com muita paciência e um mapa com um interminável dobre à direita e à esquerda, eu conseguiria ultrapassar o acidente e continuar minha viagem.
Arriscar ou não? entrar nesta estrada de terra desconhecida ou permanecer parado na rodovia enquanto ela não é liberada e correr o risco de pernoitar na estrada dentro do carro?
Duas horas já parado me deram a certeza de que o que acontecera logo adiante não era tão simples assim de resolver e por conta disso, resolví me aventurar na estrada desconhecida. Muitas cercas, gado, mata, buracos, poeira e intermináveis desvios, esquerdas e direitas e a gasolina acabando.
De dentro do carro, olho na estrada e pensamento metaforizando esta situação atual com nossas vidas.
Quantas vezes somos tentados a nos embrenhar por estradas desconhecidas, por caminhos sem fim, por distâncias que não sabemos a extensão? O que nos leva a entrarmos em caminhos que vão ao lado contrário de tudo o que já andamos até o momento da decisão?
E quanto combustível temos e até que horas podemos andar antes que a noite chegue e nos pegue desprevinidos? Temos opção de voltar? Temos forças para voltar? A estrada chega ao fim que queremos ou ela é interrompida antes de alcançarmos nossos objetivos?
Uma coisa é certa e verdadeira. Independente dos atalhos e estradas alternativas, aquele acidente que bloqueia a nossa estrada principal, aquele acidente que nos fez parar, mais hora menos hora será removido, será resolvido e a estrada liberada. 
E, onde quer que estejamos, seja parados esperando ou entrando em estradas desconhecidas buscando atalhos, aquela via principal terá seu fluxo liberado definitivamente.
Ah... já ia me esquecendo... A estrada que peguei no início do texto realmente me levou além do acidente e pude abastecer meu carro e seguir para minha hospedagem. Desta vez deu certo mas... quem sabe o dia de amanhã!!!



Expressão de sentimento

Esta música expressa bem como me sinto hoje!

Indios - Legião Urbana



Quem me dera, ao menos uma vez,
Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais por não ter nada a dizer

Quem me dera, ao menos uma vez,
Que o mais simples fosse visto como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês -
É só maldade então, deixar um Deus tão triste.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta prá mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do inicio ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado por ser inocente.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta prá mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.