Lembro-me bem dos anos 70 nas aulas de ciências quando as professoras e professores falavam sobre a miscigenação, a mistura das raças e os mais variados tipos oriundos desta mistura. Mameluco, cafuso e mulato eram os termos mais falados pois estudávamos a ocupação portuguesa no Brasil, a escravidão e os índios, nativos. Obviamente os laços amorosos entre as raças aconteceriam inevitavelmente e daí os mais diversos tipos de brasileirinhos surgiam para dar ao nosso povo este fenótipo tão particular e diversificado.
Após a abolição da escravatura, o extermínio do povo indígena e a abertura dos portos, o Brasil passou um período de migração onde várias colônias dos mais diversos países europeus se intalaram em vários Estados e novamente outra onda de miscigenação ocorreu.
A mistura do povo Português com o Africano e o Indígena agora sofria influência também de Italianos, Alemães, Poloneses, Pomeranos, Tchecos, enfim, o samba estava armado.
Na segunda grande guerra mundial chegaram os japoneses.
Bem, resumindo, somos o que somos hoje, uma mistura de todas as nações, um fenótipo absolutamente único porém diversificado. Somos exaltados no mundo inteiro por nossa ginga, nossa alegria, nosso esforço e até mesmo pela nossa absoluta capacidade de superação perante às dificuldades.
Fala-se também até hoje da miscigenação nas artes, na cultura, fala-se muito do povo de um modo geral.
Século XXI, globalização, fronteiras caíram e as familias mudaram, a ordem geral das coisas mudou e acredito que seja necessário fazer um estudo pormenorizado da situação. Não há como mais estudar o todo. O todo virou um só, único, sem regras e sem barreiras. As leis passaram a dar muito mais valor ao patrimônio do que à família.
Hoje trata-se muito mais dos direitos da individualidade pessoal do que da coletividade. Seria o fim da família tradicional? Seria o fim da hierarquia? Seria o fim do respeito ao lar e o início da busca pela felicidade individual?
Seremos obrigados a participar de mais uma miscigenação. A miscigenação moral. Teremos que aprender a nos comportar, teremos que aprender a conviver com pessoas oriundas das mais diversas formas de famílias existentes. Filhos de pais separados se relacionarão com filhos de famílias sólidas, católicos conviverão com ateus, evangélicos, espíritas, budistas e afins.
Esta questão moral, esta questão de adaptação de costumes entre duas pessoas com educações tão diferentes, com idades vividas de forma tão distintas farão parte cada vez mais frequente do cotidiano, frequentarão mais e mais os consultórios psicológicos, alimentarão as estatísticas de lares desfeitos.
Pasmem! Aqui no Espírito Santo, o índice de divórcios chegou a 3 por HORA. São 72 casamentos desfeitos por DIA. 114 pessoas por dia descobrem que não foram feitas umas para as outras, descobrem que a felicidade não está ao lado e sim um passo à frente, um lugar desconhecido, uma aventura.
Costumo dizer que a educação e os bons exemplos não representam 100% de garantia de um futuro estável. Acredito firmemente que uma educação exemplar, baseada nos laços de família, relacionada a um futuro estávem contribui em apenas 50% e que o restante é obra do acaso, é obra da sorte. Não do destino, não das mudanças e sim daquelas pessoas que cruzam nossas vidas em determinado momento e alteram toda a trajetória da mesma.
Justamente o que nos torna diferentes é o que no futuro nos fará iguais a todos. Máquinas de fazer sofrer!

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