Os anos vão passado, as décadas vão se sucedendo e as modas e costumes vão mudando de acordo com as novas tendências, de acordo com o passo largo da civilização.
As músicas, as roupas, as artes, a arquitetura, os penteados, os calçados, até mesmo os pensamentos, tudo, absolutamente tudo se transforma com o passar dos anos. Os limites mudam com o passar dos anos. Até a tradição e o original sofrem mudanças com o passar dos anos.
Dois fatores contribuem de forma definitiva para o crescimento exponencial destas mudanças: A globalização e o avanço das comunicações.
É definitiva a forma como a globalização arrebatou nossas vidas e estamos fadados a tomar apenas um caminho, apenas uma única forma de comportamento. Estamos nos tornando iguais a todos, estamos nos tornando uma só pessoa, um só pensamento. Tudo está mais próximo e acessível, tudo é mais fácil e perto. E com a facilidade, com a proximidade, vem o conforto, e com o conforto vem a preguiça e com a preguiça vem a falta de atitude e com a falta de atitude vem o conformismo.
Estamos além de nos tornando uma só pessoa, nos conformando em sermos iguais. Nem melhores, nem piores. confortavelmente iguais.
Então um dia no futuro nós perguntaremos às nossas crianças: Quem nasceu primeiro? A globalização ou as redes sociais?
É inacreditável como as redes sociais, como a comunicação virtual está proporcionando a massificação de um só caráter, de uma só moral.
São tantas curtidas e compartilhamentos das mesmas coisas que estamos cedendo à terceiros nosso direito de pensar. E quando cedemos nosso direito de pensar, caminhamos no escuro, sem aproveitar a estrada nem ao menos sabendo aonde ela nos levará.
Caminhamos na mesma onda, nos mesmos pensamentos, nos mesmos usos e costumes de todos.
E por falar em mudanças, me assusta uma enorme e silenciosa mudança que está acontecendo com um sentimento chamado AMOR.
Será que ninguém ainda percebeu a transformação do sentido do sentimento chamado amor?
Proponho uma volta ao passado para compararmos como era o amor antes das redes sociais e após as redes sociais.
Sei que "ainda" não posso generalizar mas era muito mais frequente aos namorados de antigamente o sentimento de cuidado e carinho visando o bem estar um do outro. O crescimento pessoal, o respeito à individualidade do ser amado.
Antes era muito mais aguçado o sentimento de preocupação, o cuidado e o carinho presente, real. O planejamento do futuro e a solidificação do compromisso. Antes o amor era menos intenso porém muito mais duradouro.
Hoje, protegidos pelo poder do teclado, encorajados pelo click do mouse, o amor transformou-se em algo incrivelmente potencializado, extremamente intenso e decepcionantemente passageiro. Ama-se rápido demais, desgosta-se rápido demais e começa-se tudo novamente mais rápido ainda.
O amor que antes era o sentimento mais autruísta, mais generoso que existia, de repente tornou-se um sentimento egoísta. Inverteu-se o sentido.
Procurávamos alguém para agregar, para crescer junto, para edificar família, para transmitir valores, para educar filhos enfim, procurávamos alguém para quem seria praseroso darmos o melhor de nós.
Hoje não mais. Hoje nao convivemos com defeitos, hoje não toleramos erros. Hoje amamos até o momento da primeira crise, até o momento da primeira insatisfação, da primeira desconfiança.
Estamos aprendendo a amar intensamente, o tempo todo, independente da pessoa.
Muito além de um simples sentimento, o amor está se transformando em um vício incontrolável que encontramos e perdemos em diversas pessoas ao longo de nossa jornada pela vida. Aplicamos a máxima: O que importa é ser feliz! Recomeçar! A fila andou! Partir para a próxima! A vida que segue.
Vamos amando cada vez mais intensamente pessoas que não duram uma vida, alíás, pessoas que não duram nem o tamanho de nosso próprio egoísmo.
Em tempos de globalização, o amor se transformou em commodity.