quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ah o amor!

Ah amor.. de tí não espero mais nada.
Já me fizeste sentir todas as emoções, já me surpreendeste de todas as formas.
Ah amor... quantas noites acordado eu dediquei a tí. Algumas delas extasiado de alegria, outras tantas assombrado por tua força, amaldiçoado por tua dor.
Ah amor... Como podes subverter as mais concretas leis da natureza. Como consegues escurecer os mais belos dias e clarear as melancólicas noites com tamanha facilidade.
Ah amor... Concebido com o único objetivo de propagar felicidade, vieste com tamanha carga de tristeza que te tornaste insuportavelmente indecifrável. Consegues derrubar o mais temido guerreiro da mesma forma como tornas indestrutível o pequeno e frágil ser arrebatando-o com tua força.
Ah amor... Tu és o dono de todas as histórias, ou melhor, és o motivo delas. Tu és a razão ou o objetivo? Tu és para tantos o início e tantos outros tu és apenas o fim.
Ah amor... De ti emanam todos os sentimentos secundários. Alegria, tristeza, certeza e insegurança, verdade e suspeição, virtude e desgraça, coragem e medo.
Ah amor.. Percebes que és dúbio? Consegues ser a doença e a cura na mesma medida, na mesma proporção.
Ah amor... O ódio não é teu contrário, o ódio não é teu antônimo. És tu disfarçado pregando peças em nós, humanos indefesos.
Ah amor... de tí não espero mais nada. Mudaste tanto com os anos, tornaste multifacetado, menos duradouro, mais individual, menos companheiro, mais arrogante.
Ah amor... Se me fosse dado o direito de voltar no tempo e mudar alguma coisa na minha vida eu não o faria. Daria a tí este presente para que encontres no passado o exato momento onde deixastes de ser amor para seres esta mistura que és hoje!




domingo, 8 de dezembro de 2013

As flores de plástico não morrem

Na vida nem tudo são flores! Esta expressão popular mostra que nem tudo acontece da forma como queremos que aconteça e que não temos controle total sobre as questões que nos afetam. Aprendemos isso de um jeito ou de outro. Na dor ou no conformismo, aprendemos. Faz parte do crescimento e do amadurecimento do ser humano pleno.
O que difere as pessoas umas das outras é justamente a forma como se interpreta o que são as flores nas suas vidas e o tempo que estas duram.
Muitas pessoas esquecem que as flores não são eternas e que, mesmo que as coisas aconteçam de acordo com nossa vontade, uma hora elas acabam. Como as flores, das coisas restam apenas as sementes.
Muitas pessoas agem com a soberba da prerrogativa de serem superiores e fazerem o que bem entenderem com a sua vida e com a vida das pessoas que as cercam como se suas flores fossem eternas, como se o céu fosse sempre de brigadeiro, como se o mar estivesse sempre na calmaria e os ventos sempre a favor.
E como estas pessoas têm sorte, como estas pessoas conseguem aos trancos e barrancos, empurrarem e adiarem o acerto de contas com a própria vida.
Mas nossa vida não é feita com flores de plástico... E uma hora inevitável, chega a fatura, chega a conta para pagar do que fizemos dos nossos dias.
Mesmo aqueles que nunca retribuíram os favores, mesmo aqueles que jamais foram gratos, mesmo aqueles que sequer pensaram em dividir, aqueles que enganaram, aqueles que se
utilizaram da força de outros para se erguer, aqueles que fizeram falsas promessas, aqueles que mentiram e que construiram suas bases apenas em interesses próprios, estes aproveitarão muito de seus artíficies, saborearão suas vitórias e gozarão de sucesso.
Mas para todos chegará a hora de replantar, chegará a hora que seremos obrigados a abrir a mão e mostrar as sementes das flores que cuidamos. E flores de plástico não geram sementes!



sábado, 30 de novembro de 2013

ùltimo segundo

Não importa qual seja a sua religião ou qual o Deus que você adora...
Não importa quais sejam suas rezas, suas orações; Para todos, sem exceção, chegará um dia o momento do acerto final.
Chegará um dia em que sua vida será colocada na balança e lhe será cobrada a colheita das sementes que plantou.
Um dia, Aquele que lhe deu ferramentas, Aquele que lhe deu o terreno, Aquele que lhe deu as sementes para iniciar sua vida virá para se alimentar de seus frutos.
O Deus que cremos habita em nós. O Deus que cremos reside em nossa própria consciência.
Então, quando quisermos mais vida e não conseguirmos, quando quisermos continuar respirando e nosso corpo não corresponder, o saldo de nossas ações será apresentado.
E é justamente o que fizemos durante nossa semeadura que determinará se este último segundo será recompensado.
E aí será apresentado para cada um de nós o maior segredo de nossa existência: Este último segundo é ETERNO. este último segundo se repetirá interminavelmente em nossa alma. Neste últmo segundo a alma se carrega de todos os nutrientes para viver fora do corpo, da matéria.
No saldo da nossa colheita, Aquele que lhe deu as sementes distribuirá com justiça todas as doses de satisfação e arrependimento. E nossa alma então passará a viver destes dois sentimentos para todo o sempre.
A nossa passagem pelo corpo que habitamos é efêmera, absolutamente rápida porém as atitudes que tomamos, nossas decisões e exemplos ecoarão através dos anos.


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Globalização do amor

Os anos vão passado, as décadas vão se sucedendo e as modas e costumes vão mudando de acordo com  as novas tendências, de acordo com o passo largo da civilização.
As músicas, as roupas, as artes, a arquitetura, os penteados, os calçados, até mesmo os pensamentos, tudo, absolutamente tudo se transforma com o passar dos anos. Os limites mudam com o passar dos anos. Até a tradição e o original sofrem mudanças com o passar dos anos.
Dois fatores contribuem de forma definitiva para o crescimento exponencial destas mudanças: A globalização e o avanço das comunicações.
É definitiva a forma como a globalização arrebatou nossas vidas e estamos fadados a tomar apenas um caminho, apenas uma única forma de comportamento. Estamos nos tornando iguais a todos, estamos nos tornando uma só pessoa, um só pensamento. Tudo está mais próximo e acessível, tudo é mais fácil e perto. E com  a facilidade, com a proximidade, vem o conforto, e com o conforto vem a preguiça e com a preguiça vem a falta de atitude e com a falta de atitude vem o conformismo.
Estamos além de nos tornando uma só pessoa, nos conformando em sermos iguais. Nem melhores, nem piores. confortavelmente iguais.
Então um dia no futuro nós perguntaremos às nossas crianças: Quem nasceu primeiro? A globalização ou as redes sociais?
É inacreditável como as redes sociais, como a comunicação virtual está proporcionando a massificação de um só caráter, de uma só moral. 
São tantas curtidas e compartilhamentos das mesmas coisas que estamos cedendo à terceiros nosso direito de pensar. E quando cedemos nosso direito de pensar, caminhamos no escuro, sem aproveitar a estrada nem ao menos sabendo aonde ela nos levará.
Caminhamos na mesma onda, nos mesmos pensamentos, nos mesmos usos e costumes de todos. 
E por falar em mudanças, me assusta uma enorme e silenciosa mudança que está acontecendo com um sentimento chamado AMOR.
Será que ninguém ainda percebeu a transformação do sentido do sentimento chamado amor?
Proponho uma volta ao passado para compararmos como era o amor antes das redes sociais e após as redes sociais.
Sei que "ainda" não posso generalizar mas era muito mais frequente aos namorados de antigamente o sentimento de cuidado e carinho visando o bem estar um do outro. O crescimento pessoal, o respeito à individualidade do ser amado.
Antes era muito mais aguçado o sentimento de preocupação, o cuidado e o carinho presente, real.  O planejamento do futuro e a solidificação do compromisso. Antes o amor era menos intenso porém muito mais duradouro.
Hoje, protegidos pelo poder do teclado, encorajados pelo click do mouse, o amor transformou-se em algo incrivelmente potencializado, extremamente intenso e decepcionantemente passageiro. Ama-se rápido demais, desgosta-se rápido demais e começa-se tudo novamente mais rápido ainda.
O amor que antes era o sentimento mais autruísta, mais generoso que existia, de repente tornou-se um sentimento egoísta. Inverteu-se o sentido.
Procurávamos alguém para agregar, para crescer junto, para edificar família, para transmitir valores, para educar filhos enfim, procurávamos alguém para quem seria praseroso darmos o melhor de nós.
Hoje não mais. Hoje nao convivemos com defeitos, hoje não toleramos erros. Hoje amamos até o momento da primeira crise, até o momento da primeira insatisfação, da primeira desconfiança.
Estamos aprendendo a amar intensamente, o tempo todo, independente da pessoa.
Muito além de um simples sentimento, o amor está se transformando em um vício incontrolável que encontramos e perdemos em diversas pessoas ao longo de nossa jornada pela vida. Aplicamos a máxima: O que importa é ser feliz! Recomeçar! A fila andou! Partir para  a próxima! A vida que segue. 
Vamos amando cada vez mais intensamente pessoas que não duram uma vida, alíás, pessoas que não duram nem o tamanho de nosso próprio egoísmo.
Em tempos de globalização, o amor se transformou em commodity.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Alicerce

Erramos quando escolhemos uma pessoa para nós e vamos idealizando nela todas as qualidades que desejamos receber de alguém.
Passamos vários anos esperando que esta pessoa mude de acordo com nossas vontades, de acordo com os nossos sonhos e não percebemos que o erro aconteceu lá no início. Na escolha.
Não sejamos hipócritas ao ponto de negar que quando começamos a nos relacionar com alguém sempre imaginamos o que as pessoas ao nosso redor pensarão à respeito de quem está conosco. Escolhemos as pessoas também baseado nos efeitos de admiração e inveja que esta escolha causará em terceiros.
É como comprar uma roupa nova, um carro novo, um smartphone de última geração. Queremos ser admirados pelo nosso novo bem. E esse nosso novo bem tem que nos causar satisfação!
E o tempo vai passando e a roupa nova sai de moda, o carro novo "bebe" gasolina demais e  smartphone consome toda a bateria em menos da metade do dia. Mas mantemos nossas aparencias, mantemos nosso padrão de vida pois não podemos retroceder, não podemos ser julgados, apontados, mostrados como exemplo de fracasso.
O erro talvez esteja lá na origem, no princípio de tudo, quando nos dispomos a encontrar alguém. Erramos no nosso primeiro passo.
Erramos quando escolhemos uma pessoa por aparência, erramos quando escolhemos uma pessoa pela idade, pela posição social, pela religião, pelo corpo. Erramos quando procuramos uma pessoa que acreditamos que mudará  de acordo com nossos desejo ao passo que seria muito mais fácil, muito mais prazeroso, muito mais edificante encontrar alguém que realmente quer nos fazer felizes.
As pessoas estão prontas. Todas já com seus valores. Prédios prontos com  os seus alicerces. Podemos até redecorar, ampliar, quebrar e construir novas paredes, pintar com uma cor mais agradável mas nunca mexer em suas bases. As pessoas não mudam seu caráter.












quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Espelho

Então você está parada na frente do espelho. Maquina fotográfica digital na mão, pose preparada, cabelos penteados e roupa alinhada. Ora um sorriso nos lábios, ora um biquinho, pescoço inclinado e um gesto com com os dedos e a foto nas redes sociais. Os comentários e as curtidas.
Distante um metro da parede e dentro da parede mais um metro as duas imagens se confrontam, idênticas. Mesmo sorriso e mesmo olhar.
Há apenas uma importante diferença, há apenas um porém que desiguala estas duas imagens, a real e a virtual.
Apenas a que está fora da parede carrega o pensamento. As emoções, os problemas, os sonhos, as perspectivas e as esperanças estão atrás da máquina digital. Do lado de cá da parede.
Os comentários e as curtidas são para a imagem dentro da parede. Não são para a pessoa e sim para seu reflexo.
Quem vê apenas o reflexo não tem noção, sequer imagina os pensamentos que habitam o lado de fora, atrás do sorriso fácil e os olhos brilhantes.
Ah.. quantas pessoas querem apenas o espelho, quantas pessoas querem apenas o reflexo!!! Quantas pessoas buscam apenas a imagem e quantas pessoas querem deixar de lado os problemas, os sonhos, os desejos, os sofrimentos e as dores!!!
Eu quero ser a pedra.. Eu quero ser aquele que terá o privilégio de quebrar este espelho, acabar com todos os reflexos e curtir, comentar, fazer acontecer os sonhos, enfrentar os problemas, compartilhar as esperanças de que por detrás dos sorrisos e olhos brilhantes não haja nada além da verdadeira felicidade.




sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um lugar

Ei, venha cá, quero propor a você uma brincadeira de confiança. Deixe-me vendar seus olhos. Assim, sem ver absolutamente nada, me dê a sua mão, segure firme que vou levar você a um lugar.
Isso, siga meus passos. Com cuidado, não vou deixar você tropeçar.
Chegamos. Vamos entrar.
Pronto, fechei a porta. Posso tirar a sua venda agora para que você tente saber onde está.
Está vendo algo? Reconhece este lugar?
Não, não tem como acender a luz. Tem que ser no escuro mesmo. Vá apalpando as coisas, as paredes, sinta o cheiro, o tamanho e a umidade do lugar. Veja se reconhece. Ao menos tente.
É grande mesmo... Parece não ter fim... Está se sentindo confortável? Aconchegante aqui não é mesmo?!?!
Cuidado para não tropeçar em alguns pequenos montes de lixo espalhados pelo lugar pois lixo aquí dentro é inevitável. Mas de tão grande que é, o risco é pouco.
Encontrou muitas gavetas? São nelas que eu guardo as coisas mais importantes de minha vida. Não as coisas que eu quero tocar mas sim as coisas que eu gosto de sentir.
Tem também gavetas fechadas para sempre. perdí todas as chaves. não quero achá-las.
Venha mais aqui para o meio. Sinta o cheiro, sinta o ambiente. Está vazio mas cheio ao mesmo tempo.
Outras pessoas já passaram por aqui antes mas não conseguiram ficar. Não quiseram ficar. Talvez não tenham entendido o sentido da brincadeira. Ou acharam que era só brincadeira.
Não dá para brincar muito aquí dentro. às vezes dói muito quando machuca. Uma dor insuportável.
Aquí não é lugar para doer. Pelo contrário. Este lugar eu construí para tentar acabar com todas as dores mas parece que este "troço" cria vida própria e age das formas mais inesperadas possíveis. As vezes eu me perco aquí dentro.
Ainda não sabe onde está?
Você está em um lugar que é meu. Mas um lugar que eu gostaria que você ficasse para sempre. Que habitasse eternamente. Um lugar para você criar residência, fixar memórias.
Eu trouxe você para dentro do meu CORAÇÃO.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Exclamações

Onde estão todas as cores que meus olhos não podem ver neste momento? Por onde andarão todas as matizes do mundo se agora só vejo o escuro do quarto?
Quando me calo, a quem meu silêncio atinge?
Quando falo, a quem machuco?
Quantos são os segundos que se passam quando estou parado no tempo?
Quantas rugas surgem em minha face e em tantas outras faces ao meu redor?
Quais são as respostas para as perguntas que não faço?
Qual o final das histórias dos livros que não lí?
Quais os nomes dos animais de estimação que não tive?
Quem são os amores que não tive coragem de viver?
Onde ficam os lugares que não me atreví a ir?
Quais os erros que não cometí?
E quais os acertos das atitudes que não tomei?
Quantos perdões não pedi?
Quantas desculpas não aceitei?
Quanto tempo terei antes de acabar com todas estas interrogações?
Como aprenderei a me desfazer destas interrogações e transformá-las em exclamações?
As perguntas serão sempre as mesmas e a resposta será apenas uma.
Sobrevivemos dia após dia. Mas vivemos mesmo, passamos a saber o que é a vida apenas quando nos damos conta que esta é uma só. Não tem retorno, não tem um segundo que se repete. Não há momento que reviva, não há dia que se perpetue.
Quero sim ver todas as cores possíveis, calar-me e expressar-me ao meu bel prazer, ler tantas histórias quanto forem possíveis, perguntar os maiores absurdo, viver todos os amores, ir a tantos lugares que meus pés me carreguem, cultivar plantas, dar nome aos cães e gatos, errar, acertar, agir, perdoar e ser perdoado, esquecer as interrogações e viver de exclamações sempre que abrir meus olhos e fizer minha vida, minha única vida, acontecer!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Passadear

Nossa lingua portuguesa é mesmo cheia de encantos... Por conta do aniversário de uma pessoa muito querida semana passada, estava eu pensando em uma forma de presenteá-la, mesmo que remotamente ou virtualmente. E em meio a estes pensamentos, a palavra "presente" veio-me várias vezes à cabeça e não pude deixar de analisá-la e a brincar com ela.
Presente e seus significados, presente e suas variações... Presente significa estar junto, naquele momento, naquele local. Presente significa tempo verbal, atual, momento instantâneo. Presente significa algo que se dá a outrem.
Então presentear significa dar algo a outrem para uso imediato?
Continuei com minha linha de raciocínio e minhas brincadeiras literárias e pensei: Por que não PASSADEAR?
Por que não podemos dar às pessoas um pouco de passado? Presentear com o passado, passadear!
Então faço uso desta palavra para expressar que algumas pessoas precisam de um pouco de passado em suas vidas. Algumas pessoas precisam de lembrar suas origens, lembrar de onde vieram e todo o caminho que percorreram até o presente.
Muitas vezes guardamos nosso passado em gavetas tão bem fechadas, tão escondidas que fica a sensação que nascemos a cada dia. Esquecemos pessoas, lugares, lutas, perdemos toda a referência de origem, de aprendizado. Vivemos apenas do presente, almejamos apenas o futuro.
Agradamos as pessoas presenteando-as e acredito realmente que também podemos agradá-las mais ainda passadeando-as com recordações, com ensinamentos, fazendo-as olhar um pouco para trás para perceberem o que realmente é importante nas suas vidas.
Utilizando uma frase de outro texto meu: NA vida de uma pessoa, é mais importante sua história que sua geografia.
Então sugiro que passadeemos mais uns aos outros... relembremos mais as histórias, os momentos, os ensinamentos, as vitórias e as derrotas. Sugiro que passadeemos mais entre as pessoas que já nos esquecemos, dos lugares que já vivemos, dos sabores que já sentimos. Sugiro que busquemos no passado os momentos mais bonitos e os ofertamos às pessoas ao nosso redor.
vivemos muito apressados... vivemos no presente... Vamos passadear, vamos futurear! Ambos estão muito ligados.... Pois no futuro seremos apenas aquilo que o passado nos permitir.

domingo, 6 de outubro de 2013

Religião

Padre Fábio de Melo disse " A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos.
Excelente colocação que merece várias análises tanto do ponto de vista religioso (como representante do catolicismo) quanto do ponto de vista prático.
Ele termina este pensamento da seguinte forma: ...porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito.
Isto vai além da religião, ultrapassa todas as regras e limites impostos por padres, diáconos, bispos, monges e quaisquer outros representantes das mais diversas religiões. Deus é conceito único. É o criador. Absoluto. As regras, os limites, o que realmente importa não varia de religião para religião. Independente da religião, todos procuramos a paz de espírito. As variações são decorrentes de seus líderes.
Do ponto de vista religioso é isto. Basta. Simples e fácil. Paz de espírito. Já do ponto de vista prático, precisamos identificar quem é o outro a quem se refere o Padre Fábio de Melo.
Existe um pouco de nós mesmos dentro deste outro pois caso contrário viveríamos em uma interminável anarquia... Mas é só um pouco dentro de nós. O resto do outro quem seria?
Seriam os vizinhos, os amigos, os conhecidos, os parentes, os irmãos de igreja, um namorado, um patrão, um desconhecido?
Existem três básicas colocações a respeito da criação divina. Crescei e multiplicai-vos. Livre arbítrio. Imagem e semelhança de Deus.
A finalidade da criação é com certeza a perpetuação da espécie. Deus não criaria o homem sem este objetivo. Deu a nós a possibilidade do livre arbítrio justamente pela certeza de que, se fomos criados à Sua imagem e semelhança, poderíamos sempre conduzir as rédeas de nossas vidas que por fim, estaríamos tomando as melhores decisções de acordo com Sua vontade.
As regras, as normas, o poder ou não poder fazer as coisas vieram depois. Vieram através dos Seus "mensageiros", dos Seus "representantes".
Fomos criados para sermos felizes, fomos criados para sermos corretos seguindo às leis Divinas. Não nascemos com manuais de instruções e nossas vidas não são propriedades destes outros a quem se refere o padre Fábio de Melo em seu texto.
Fábio de Melo, padre católico, poderia ser Batista, poderia ser Protestante, poderia ser Testemunha de Jeová, poderia ser Maranata, poderia ser Budista, poderia ser apenas Fábio de Melo que suas palavras estariam absolutamente corretas. O erro está mesmo dentro de nós quando nos limitamos a conceitos, preconceitos, quando nos submetemos aos olhares de terceiros e deixamos estes nortearem nossas vidas.
Erramos quando deixamos de fazer o que queremos para fazer o que achamos que os outros querem que façamos. Erramos quando nos mantemos estáticos em lugares que não acrescentam nada, quando nos prendemos a considerações e coisas do passado. Erramos quando não aceitamos as mudanças, quando tememos o futuro um pouco diferente do que sempre imaginamos. Erramos quando tememos e quando duvidamos das nossas próprias capacidades de sermos felizes.
Da mesma forma que erramos em não perdoar, erramos quando perdoamos algo que vai de encontro da nossa própria segurança, da nossa própria felicidade pois, no fim de tudo, no derradeiro fechar dos olhos, seremos só nós e Deus!  Como bem disse o Padre Fábio de Melo "...porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito."
Termino assim: Triste é quem faz sua vida em um único caminho.



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Livro

Somos pessoas em constante evolução. Necessitamos energia para evoluir, necessitamos alimento. Vivemos pelo que consumimos e a capacidade de processar e transformar a comida em energia que nos mantêm vivos.
Vivemos de vitaminas, proteínas, carbohidratos, sais minerais...
Não.. com isto sobrevivemos.
Vivemos mesmo é de sensações, de sentimentos, de sonhos, vitórias, conquistas. Vivemos de projetos, vivemos de arrebatamentos.
Somos arrebatados constantemente por todos os sentidos.
De repente, sem mais nem menos, somos arrebatados por um cheiro... somos arrebatados por uma voz, quem sabe por um filme, uma música ou mesmo um lugar. De repente, sem mais nem menos, somos arrebatados por um dia de sol ou uma noite fria de luar. Somos arrebatados por nuvens, pássaros, pela chuva e até mesmo a lama que suja nossos calçados.
De repente, sem mais nem menos, somos arrebatados por um sorriso ou por uma lágrima. Até mesmo pela coincidência dos dois no mesmo rosto no mesmo instante. Somos arrebatados por uma música, pelo arco íris, por uma flor e pela abelha que nela retira o néctar para produzir o mel que arrebata de doce nossas vidas.
E de repente somos arrebatados por alguém. Alguém que sem pedir licença muda nossas vidas. Altera nossos sentidos e modifica nossos sonhos. Bagunça nossas listas de prioridades, transforma nossos pensamentos, disturba nossos sonhos e acelera nossos corações.
E de repente, somos arrebatados pelo passado e pelo futuro.
É impossível viver sem passado. Ele sempre voltará para assombrar ou para alegrar nossas vidas. O nosso passado é o que temos de mais presente. O passado serve para nos orgulhar e também para nos ensinar. Para nos orgulhar de nossas conquistas e ensinar onde erramos. O nosso passado não é só o contrário do futuro. O futuro é um baú sem chaves e não temos como ver seu conteúdo. O passado é um baú aberto que podemos escolher o que e quando buscar algo. O futuro é um armário de uma só gaveta - o desconhecido. O passado é um depósito muito bem organizado, etiquetado. O passado é um livro escrito. O futuro é uma página em branco.
Vamos escrever um novo futuro! 



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Decreto

Reservo-me no direito de ter meus próprios sentimentos e deles fazer uso da forma como quiser assim como decreto que estes são de minha única e exclusiva propriedade cabendo a mim o direito de desligar as máquinas que os mantêm vivos.
Fica estipulado que os frutos oriundos destes sentimentos têm a liberdade como limite e de forma alguma outra lei se aplica contra esta premissa. Contra os frutos dos meus sentimentos não infrigirá qualquer lei que os contenha.
Fica estipulado que os meus sentimentos a mim pertencem tendo eu e unicamente eu o direito de nomeá-los e/ou incurtí-los a favor ou contra outrem.
Fica decretado por mim que o amor é incondicional e unilateral e que por conta disto, se basta. Fica decretado que o amor sobrevive sem par pelo tempo que lhe convier e que nenhuma pessoa que não o seu proprietário terá controle sobre o seu tamanho ou duração.
Fica decretado também que o amor é único e não pode ser copiado ou transferido. Que cada ser é gerador de tantos quanto forem necessários os amores para a sua felicidade e que sempre, absolutamente sempre o próximo amor será no mínimo, duas vezes maior que o anterior.
Fica decretado que toda expressão do amor é válida, tais como o beijo, o abraço, as cartas, as poesias, cheiros, cores, músicas e lugares e que todos podem se apossar destes recursos a fim de alimentar o amor.
Fica decretado que o amor terá vários nomes sem nunca perder a sua essência e que os apelidos carinhosos não terão idade para acontecer e nem limites para viver. Viverão dentro do passado e até o futuro. Os termos bem, benzinho, mô, amorzinho, xuxú, xuxuzinho, dengo, denguinho, neném, nenenzinho, gata, gatinha, mimo, pequena,  são de domínio público porém atribuídos a uma única pessoa por vez. (ressaltando que os diminutivos têm peso 2x).
Fica decretado que pensar é uma forma de amar e que o sorriso idiota que emana deste pensamento não pode ser julgado ou ridicularizado sob qualquer pretexto de  pessoas mal amadas.
Fica decretado que o amor é confuso e que não deve haver qualquer estudo para explicar matematicamente, quimicamente, fisicamente, históricamente seus motivos e suas razões. Não há qualquer catedrático versado em amor.
Fica decretato que amar é como andar de montanha russa com os olhos fechados à toda velocidade. Que amar é mergulhar no meio do oceano, que amar é como flutuar por entre as nuvens bem como fincar raízes que se aprofundam no chão. Todas as vertentes têm os mesmos pesos e as escolhas são individuais.
Fica decretado que não há idade para o amor. Fica decretado que não há distância, fronteira, religião ou preconceito para o amor e que toda a sua expressão é verdadeira.
Fica decretado que o amor causa sorrisos e lágrimas nas mesmas proporções, que causa insônia por vários motivos e fica decretado que o amor, quando atinge, jamais voltará o seu vértice.
Fica decretado que o amor é louco, que o amor é insano e que o amor é injustificável.
Acima de tudo, fica decretado que amor é injusto. É simplesmente amor. Que amor é você!




De graça

À media em que as cercas foram sendo erguidas separando as pessoas por grupos de parentesco e afinidades, fomos perdendo a noção do preço das coisas.
Era comum até poucas décadas atrás o uso da troca ou da oferta por produtos e serviços. As pessoas plantavam e ofertavam o excedente da colheita para seus comuns, trocavam favores em reparos, em situações.
Com o crescimento da população e a escassêz de alimento a coisa mudou um pouco de figura e o principal objetivo além da sobrevivência passou a ser o acúmulo de riquezas.

Acumulamos riquezas e aprendemos a usá-las para conseguir as coisas que nem sempre precisamos ter.
Perdeu-se a noção da dádiva, do presentear, do receber sem desconfiar. Absolutamente tudo é com intenções pessoais.
Á medida em que as cercas foram sendo erguidas e as pessoas se aglomeraram nas cidades, bairros, condomínios, edifícios apagados, não só o ato de dar perdeu referência... O receber também!
Está cada vez mais difícil acreditar na oferta. Na simples oferta. Na simpatia, na troca de olhar, nos sorrisos despretenciosos... Está difícil acreditar no igual.
Até receber e dar amor, de graça, hoje, está sendo difícil.



Mediocridade

O que esperamos da vida?
Esperamos viver plenamente, realizar nossos sonhos, alcançar nossos objetivos, esperamos amar e sermos amados, esperamos simplesmente sermos felizes.
À medida em que o tempo passa somos invadidos por uma necessidade de sermos aceitos no meio em que vivemos e deixamos de esperar coisas da vida para sermos o que as pessoas querem que sejamos.
Agimos para ser mediocramente iguais a todos e nossas vontades passam a ser norteadas de acordo com os conceitos alheios. Nós nos colocamos abaixo dos julgamentos que achamos que as pessoas fazem a nosso respeito. E vamos nos limitando na vida.
Vamos deixando de viver, de experimentar. Vamos deixando de lado nossos sonhos para vivermos o sonho coletivo. Aprendemos a viver de conveniências, de efemeridades, de suposições e facilidades.
Deixamos as atitudes de lado por conta de conceitos ou pré-conceitos.
Pensamos antes de pensar em nós, nos vizinhos, amigos, parentes, conhecidos e desconhecidos. Ditamos regras e limites, deixamos de sentir os sabores por conta do insípido dia a dia.
Mastigamos isopor, não sentimos o gosto das coisas, vestimos um sorriso amarelo na face e vamos para a rua mostrar que somos iguais. Mediocres iguais. Nivelamos por baixo.
Esperamos da vida uma linha reta, infinita. Não viramos esquinas, não conseguimos mais olhar além, não desviamos dos caminhos, dos trajetos pois não corremos riscos, deixamos de acreditar na palavra, deixamos de confiar no olhar.
Buscamos nos consultórios psicológicos, nos remédios calmantes e tranquilizantes, nas bíblias, nos livros de auto ajuda o segredo  para descobrirmos não quem somos mas sim quem temos que ser para as pessoas nos respeitarem.
Quando enfim percepemos que o que temos da vida é muito diferente do que sempre esperamos dela, olhamos para o relógio e nos damos conta do tempo que passou. Fazemos uma confusão, uma inversão de valores acerca dos tempos verbais passado, presente e futuro. Valorizamos demais o presente, esquecemos do passado e não vislumbramos um futuro diferente do normal (dos outros).
Não aprendemos com exemplos, desconsideramos os mais velhos, olhamos para as mágoas, sofrimentos, pesares dos outros com um escudo como se isto nunca fosse se repetir com nossas vidas.
O que esperamos da vida?



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Competição

Engana-se quem pensa que estou competindo ou que eu seja um vitorioso ou um derrotado. A questão vai muito mais além. A questão é mais profunda do que uma conquista.
Vejo vários atletas que competem, ganham seus troféus e os colocam em uma estante para apreciação das pessoas. Uma forma de exaltar uma vitória, um triunfo sobre os demais.
Claro que em uma competição só existe um vencedor, só existe um primeiro lugar e os louros da vitória não são divididos. Existem aquelas pessoas onde o prazer está em acumular medalhas, acumular subidas ao pódio.
Porém existem aquelas pessoas que praticam a competição pelo prazer do momento, pelo prazer de desenvolver suas técnicas, aprimorar suas capacidades. Existem pessoas que amam o que fazem pelo simples ato de poderem fazer.
A competição com agressividade não é esporte, não é saudável. A competição com agressividade é luta. Não sou lutador!
O que fazer com um troféu depois de conquistado senão colocá-lo em uma vitrine? O que se junta com isso? O que se leva depois disso? Nada.
Quantas pessoas deixam a vitória escapar no último minuto, na última curva, no último chute, na última braçada, na derradeira pedalada, no quase inexistente último milímetro?
A competição é relativa... O prazer da vitória ou o amargor da derrota não podem ser angulos opostos pelo vértice, antes disso, devem ser linhas paralelas.
E o que vem complementando o troféu? Qual é o prêmio? E o que fazer com ele? Dinheiro, fama, reconhecimento, admiração... Quantas pessoas chegaram ao cume da maior montanha e quantas já perderam a vida tentando escalar?
O que é a vida a não ser uma sussessão de derrotas?
Claro.. uma sucessão de derrotas.. por mais vitórias que tenhamos, em determinado momento seremos superados por alguém mais treinado, mais capacitado, mais dedicado, mas empenhado em ter aquilo que temos. Um título, um lugar, uma coisa, qualquer coisa.
O jogo é assim. Treino, superação, fracasso ou sucesso. Ninguém será eterno e o preço de uma vitória pode ser bem dolorido no futuro.
Em qualquer situação, ninguém, absolutamente ninguém é eternamente vitorioso, totalmente predomintante e até mesmo as grandes nações, os grandes impérios já tiveram seu apogeu e sua ruína. Os Síros, os Babilônicos, os Egípcios, Os Gregos, os Romanos, os  Ingleses, Portugal e Espanha na época das grandes navegações, Alemanha, Estados Unidos e Rússia e agora a China. O mundo, os exemplos mostram que tudo é uma senóide. O gráfico é oscilante e não uma reta progressiva.
Até mesmo nos casamentos onde fotos são tiradas com pessoas sorrindo e comemorando, onde os mais belos planos são traçados, os futuros são erroneamente traçados antecipando apenas felicidade.
Até mesmo os planos de suportar qualquer dor ou sofrimento são abandonados quando realmente acontecem.
Existem dois grandes erros em se tratando de considerações sobre as situações. O primeiro é achar que algo é eterno... o segundo... o tempo vai mostrar!!!


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

História - Química e Cultura Popular

Um pouco de história.
Na época do Brasil colonial, fevilhava nas Minas Gerais o extrativismo mineral. Ouro, diamante e uma variedades de pedras preciosas eram retiradas de nosso solo para ajudar a enriquecer a corte portuguesa.
Devido às altas taxas cobradas pela coroa portuguesa, muitos extrativistas, muitos garimpeiros e até mesmo os escravos desenvolveram um sistema para burlar a cobrança dos impostos que consistia em confeccionar imagens sacras em madeira porém recheadas de ouro e pedras preciosas.
Os Santos eram esculpidos em madeira, tendo o seu interior retirado e preenchido com as pedras preciosas e ouro que eram contrabandeados, fugindo da tributação imposta pelos portugueses.
Daí surgiu a expressão Santinho do Pau Oco que com o passar dos anos adquiriu a conotação de uma pessoa com trejeitos angelicais de quem nunca se espera um ato de traição ou falta de moral.

Um pouco de química.
O ouro foi um dos primeiros elementos descobertos pelo homem, por volta do ano 2.600 antes de Cristo e teve sua aplicação mais acentuada na época do império Egipcio nos ornamentos das tumbas dos faraós.
Devido às suas propriedades de cor e brilho e também pela sua escassez na natureza, o ouro é um dos elementos mais apreciados na fabricação de jóias e é símbolo de riqueza e ostentação desde os tempos antigos.
Porém, uma mistura de Ferro e Enxofre, chamada de Pirita, simula tanto a cor quanto o brilho do ouro e por conta disso, pode-se fazer passar pelo metal raro e cobiçado. Muitas histórias de fortunas perdidas e pessoas enganadas são contadas por conta desta similaridade entre o ouro e a pirita.

Um pouco de cultura popular.
Uma expressão popular, comumente usada nas mais diversas classes sociais e faixas etárias que tenta demonstrar a aversão a algo ou a alguma pessoa é a seguinte: "Não quero nem pintado de ouro".
Tal expressão tende para duas interpretações que são o sentido literal e/ou o sentido figurado. No sentido literal, realmente existe a aversão à alguém ou alguma coisa; Já no sentido figurado, a expressão pode remeter à desvalorização por desinteresse por alguém ou alguma coisa com o objetivo de adquirir com menor custo ou desprendimento de energia.

Uma consideração pessoal.
Juntando a história, a química e a cultura popular em um único contexto, fico imaginando o que rege, o que norteia as relações interpessoais nos dias atuais.
Várias pessoas com atitudes e trejeitos de ícones da moral e da ética manipulam, usam, traem, conspiram, descuidam, desdenham, abusam, exploram, atacam, humilham, subjulgam os seus iguais de acordo com suas vontades e conveniências.
Tantas outras pessoas atribuem valores, admiram, seguem, ajudam, acompanham, adoram, orgulham-se de outras que estão banhadas apenas com pirita e não com o metal ouro propriamente dito.
E de que é feita a tinta para banhar uma pessoa de ouro que realmente importa? A sua aparência? ou a sua idade? Ou seu físico? Ou a sua religião? Ou a sua condição social?
Onde ficam valores como companheirismo, atitude, dinamismo, fidelidade, educação, criação, inteligência, bom humor, disponibilidade?
E vamos passando à margem de nossas próprias vidas, vivendo de aparências para sermos aceitos por pessoas que nem acrescentam coisas tão valiosas assim às nossas histórias.

ah.. e antes de terminar... Nem tudo que reluz é ouro!!!






Imensidão azul

Caso você chege agora encontrará o pier abandonado, vazio. Não haverá nada além do que o vasto e desconhecido oceano. A imensidão azul!
Durante muito tempo estive aqui no pier, andando, contemplando a massa de água, alimentando peixes, acompanhando o crescimento de pequenos moluscos, conchas nas pedras. Passava horas contando as ondas, medindo com os olhos o vai-e-vem da maré, o vôo razante dos pássaros, gaivotas pescando seu alimento.
Não havia hora certa para a minha presença. Bastava a vontade e eu me transportava para o pier; Algumas vezes para ver o sol nascer, tantas outras para admirar o reflexo da lua nas águas frias, inertes.
O caminho para chegar era sempre o mesmo. O pensamento em você. Bastava isso para eu me apossar deste portal para o desconhecido.
Era no pier que eu ria em silêncio de nossos momentos. Era sentado em sua borda que eu planejava nosso futuro. Eram as espumas das ondas que quebravam nas pedras que traziam até mim o seu cheiro. Era o vento que cortava as estacas que me lembravam a sua voz suave.
Os pequenos peixes passando por entre meus dedos imersos no oceano proporcionavam um balé aquático que me fazendo lembrar seu andar alegre e a lua nascendo, matando aos poucos a luminosidade do sol, me trazia para a realidade de sua ausência.
Caso você chegue agora encontrará o pier abandonado, vazio.
Não sei se a poesia do amor é que faziam as ondas colidirem nas pedras, os peixes bailarem entre meus dedos ou os pássaros mergulharem no oceano. De repente eu não ví mais nada além da imensidão azul. Nada mais estava lá. Apenas eu e o pier.
Olhei para o pulso, não havia relógio. Olhei para o sol e ele estava à pino, marcando sempre meio dia. Ao lado dele, a lua marcava exatamente meia noite.
Não havia mais tempo. Nenhum segundo acontecia. Eu e o pier.
A imensidão azul me convidava para outros caminhos, outros tempos, novas lembranças e novos futuros. Um passo à dentro e agora, se você chegar, encontrará só o pier.
Caso você chegue agora, encontrará só o pier. Eu, na imensidão azul!
Faltou apenas um segundo...


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Implosão


Estou há vários minutos parado na frente da tela do computador repousando os dedos sobre o teclado com uma idéia para escrever um texto porém são tantos os ganchos, são tantas as opções sobre o mesmo assunto que não consigo escolher qual rumo seguir.

Sigo traçando os caminhos mentalmente imaginando qual o efeito que as palavras causarão nos leitores e qual o pensamento destes a meu respeito. Não quero de forma alguma que imaginem que eu sou o dono da razão e das verdades e nem tampouco que esta idéia central é aplicada a uma determinada pessoa ou ocasião.
Sempre tentei escrever sobre sentimentos, situações e fatos que fossem generalizados pois acredito realmente que não existem números infinitos e situações únicas de dor e sofrimento, amor e alegrias. Não somos exclusivos e estes sentimentos não pertencem exclusivamente a nós. As histórias se repetem ao longo das vidas das pessoas. Não existe um caso de amor exclusivo. As variações são poucas como uma loja de departamento que vende roupas iguais com números diferentes.
Entramos, escolhemos, experimentamos e levamos conosco aquelas que mais nos convém e deixamos na loja as demais que não nos serviram ou não nos agradaram.
Assim são as histórias de amor!
Existem várias opções já prontas e apenas "vestimos" aquelas que mais nos agradam naquele momento.
Não é raro encontrarmos pessoas que possuem as mesmas roupas que possuímos e também as mesmas histórias de amor que vivemos.
Vinícius de Moraes, em um momento mágico de inspiração diz em Soneto de Fidelidade:

"E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama"


Ora o que mais podemos esperar da vida senão a morte? A angústia da vida!
Ora o que mais podemos esperar do amor senão a solidão? Fim de quem ama!
Reparem que a morte relatada por Vinícius é real e a solidão é abstrata. A solidão a que se refere Vinícius é a ausência de quem se ama em nossas vidas. Seja causada pela morte ou pela opção de nosso amor.
Deixando a poesia de lado e voltando para as histórias de amor que se repetem como roupas em lojas de departamentos, chaga um determinado momento em nossas vidas que somos obrigados a voltar e escolher roupas novas pois aquelas que temos já não nos vestem mais, já estão poídas e rasgadas, feias, sem graça e sem vida.
No amor é assim também. Pode-se até esquecer de regar uma planta um dia ou outro que mesmo assim ela pode florescer com cuidados especiais. O que não dá é para recuperar uma árvore depois que serramos o seu tronco.
Outro dia dei um conselho para uma amiga. Jamais perdoe uma traição!!! Não há motivos ou desculpas suficientes para reverter os efeitos causados por tal atitude.
A traição é uma bomba e quem escolhe perdoá-la não vive em um lar. Perdoar uma traição é escolher viver no meio dos escombros de uma implosão! definitivamente!






segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Um segundo

Um segundo! Apenas um segundo! Cada segundo!
Quanto tempo mede um segundo? Qual o peso de um segundo? Quantas cores cabem em um segundo? Quantos sonhos se realizam ou se perdem em um segundo? Qual o som de um segundo? Qual o cheiro de um segundo?
Um segundo não é nada... Um segundo é tudo...
Um segundo mede uma eternidade, um infinito de tempo. Em um segundo cabe o silêncio eterno e também cabe uma enciclopédia inteira.
Em um segundo cabem todo o peso do mundo e a leveza definitiva da alma, em um segundo pintam-se todas as cores ou o mais profundo negro da escuridão.
Em um segundo cabem as glórias das vitórias ou o amargor das derrotas, as lutas, as guerras, em um segundo cabem a união e a paz.
Em um segundo nascem amores efêmeros, amores eternos. Em um segundo estabelecem as  mais lindas alianças, quebram-se os mais profundos pactos. No mesmo segundo são proferidas as mais lindas juras de amor e consolidadas as mais cruéis traições.
No mesmo segundo cabem nascimento e morte, convivem de mãos dadas o início e o fim da vida. Comemoram-se aniversários, relembram-se os mortos. No mesmo segundo cabem os sons dos sorrisos e os sons das lágrimas rolando pela face dos chorosos.
No mesmo segundo cabem os gritos de alegria e os gritos de dor. No mesmo segundo cabem o sim e o não. No mesmo segundo, sempre no mesmo segundo o certo e o errado conflitam na ponta de uma decisão. Em um segundo, no mesmo segundo, o passo da liberdade, o passo da prisão.
No mesmo segundo, plantam-se sementes, cortam-se árvores, em um segundo embriagam-se os bêbados, dormem os cansados.
No mesmo segundo constroem-se pontes para encurtar caminhos, destroem-se os castelos mais altos.
No mesmo segundo, tudo ou nada..


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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Asas de Ícaro

Resta-me então pegar a parafina derretida no chão e com ela confeccionar minhas asas para conseguir sair deste labirinto.
Este labirinto parece não ter fim, parece que o tempo não colabora para encontrar a saída deste emaranhado de problemas e variáveis que se estabeleceram na minha vida e que só me resta andar pelas incontáveis esquinas que não levam a lugar nenhum.
Resta-me então vestir asas de cera e voar em direção ao céu, olhar do alto e perceber o tamanho do labirinto, com todas as suas possibilidades infinitas e só uma saída.
Resta-me encarar o Minotauro do alto, com o vento batendo em meu corpo e o calor do sol energizando meu vôo.
Resta-me apenas plagiar Ícaro? Seria esta apenas a minha única saída? Voar em direção ao sol para este derreter minhas asas e eu enfim perder a vida nas areias da praia?
Voar dos problemas eu continuar camihando pelos labirintos de possibilidades? Qual a melhor saída?
Não há melhor saída e a ação está diretamente e proporcionalmente ligada ao estado de espírito da pessoa envolvida, ao seu objetivo traçado, às experiências adquiridas ao longo do percurso e até mesmo às dores vividas na caminhada.
Atravessamos vários labirintos, enfrentamos vários Minotauros no decorrer de nossas vidas. Voamos em alguns, caminhamos exaustivamente em tantos outros. Andamos em círculos, perdemos a noção de tempo, de distância mas enfim, continuamos vivos enquanto queremos algo. Só morremos quando fugimos da luta.
Caminhar sem objetivo é como voar com asas de cera em direção ao sol.





domingo, 18 de agosto de 2013

Deletar, apagar, excluir

Tenho dois sobrinhos naturais, filhos de minha irmã e tenho também uma sobrinha emprestada, de consideração em uma cidade do norte do ES.
Este texto vai para ela que com 16 anos, está sofrendo por amor. Não digo sofrendo no sentido tão obscuro da palavra.
Ela escreveu a seguinte frase: No coração também deveria existir: "Deletar contato", "Bloquear usuário" e "Excluir histórico".
Esta frase deve ter sido compartilhada milhares de vezes e inúmeras pessoas provavelmente acreditam que isso seria a solução para todos os problemas do coração.
Quantas e quantas vezes quando crianças, ao nos machucarmos ou mesmo em algumas dores musculares e ósseas ouvimos de nossos pais, avós, enfim, familiares e outros adultos que isso é por que estávamos crescendo? Quantas explicações ouvíamos de pessoas mais velhas que é por causa do crescimento dos ossos e dos músculos que sentíamos dor?
Então, com o coração (ou melhor - com o sentimento) é a mesma coisa. A dor é necessária para um crescimento sentimental. Sentimos e causamos dores em outras pessoas tantas vezes forem necessárias até o momento que estivemos plenos e seguros para a "dormência amorosa", a estabilidade dos sentimentos. 
É neste momento que entendemos que não há pressa, não há a correria para a conquista, a vontade incontrolável de aproveitarmos todas as oportunidades, de viver cada minuto como se fosse o último.
É justamente neste momento que entendemos que o tempo para. Que os segundos não fazem diferença e passamos a viver nossa vida sem medos e sem inseguranças. É a partir deste momento que passamos a confiar no futuro, a acreditar que o futuro será sempre como este presente que estamos vivendo.
Imaginem se tivéssemos o poder de deletar ou bloquear pessoas ou mesmo excluir histórico dos nossos momentos passados que bagunça seria a nossa vida. Que anarquia total. Falta de compromisso!!!
O delimitador de qualquer situação é a dor. É a perda. Não por que dói na hora e sim por que carregamos para o resto de nossas vidas a sensação daquela dor e a vontade de não sentirmos isso novamente. A dor passa e, felizmente, a memória não. 
Se não fosse assim, seríamos como um bando de loucos alucinados, sem projetos e sem perspectivas futuras. Seríamos um bando de corajosos destemidos sem nunca sabermos como é viver para alguém. Seríamos um bando de egoístas vivendo em um mundo só de ações, de vitórias sem troféus.
Da mesma forma como é preciso um tempo para aproveitar a vitória, saborear todos os gostos da satisfação, é necessário o tempo para a perda, para entendermos onde erramos, para construirmos novas armaduras, traçarmos novas estratégias e buscarmos novos e melhores objetivos. Estes sempre existem.
A dor é necessária para nos limitar. A dor é necessária para valorizarmos os prazeres.
Não há crescimento sem dor e nem dor que dure para sempre. Vamos crescendo sempre, doendo e curando, aprendendo e aproveitando os momentos bons e os ruins de nossa vida. Vamos aos poucos entendendo que todas as pessoas e situações que já passaram não precisam ser apagadas e sim guardadas em um arquivo no nosso HD, em uma pasta com o seguinte nome: aprendizado!

E que este sorriso da foto seja mais valioso que qualquer sofrimento ou desilusão que você possa estar sentindo.
Acredite no seu tio postiço... tudo muda para melhor.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Amanhã

Hoje recebí uma mensagem por torpedo com uma pergunta: Para que pensar no amanhã?
Além da pergunta, veio um conselho: Deixe a vida em sua casualidade que ela "resolva" (sic) o que for preciso.
Gosto das coisas assim de surpresa justamente quando não tenho nada para escrever pois me motiva, me excita a mente pensar a respeito das opiniões das pessoas.
Defendo com unhas e dentes a seguinte premissa: Independente de qualquer fato ou problema, o amanhã existirá de qualquer forma. 
Claro e lógico, limpo e transparente este pensamento. Não há qualquer forma de parar o tempo, nem o individual e nem o tempo coletivo. Avançamos inevitavelmente segundo a segundo. Intermitentemente. Então caminhamos sempre para o desfecho de um problema da mesma forma que caminhamos para o início de outros. Então é claro que a vida em sua casualidade resolverá alguns problemas, os que forem preciso. Os que forem possíveis pela casualidade. 
O pensamento pode ser tão vasto e tão diverso que muitas vezes podemos nos perder por caminhos infinitos, estradas imaginárias e desejos irreais.
Pensamos no bem, pensamos no mal, Pensamos no amor e pensamos no ódio. Pensamos no rancor e pensamos no perdão. Pensamos em pessoas e tentamos atrair e afastar pessoas com a força do nosso pensamento. Pensamos no passado e pensamos no futuro. 
Então penso que a casualidade resolve os problemas da mesma forma que entrar em um ônibus sem saber o destino e descer apenas no ponto final. Conformar-se com o destino antes mesmo de começar a viagem.
Temos que concatenar casualidade com atitude para dar margem a destinos aceitáveis. A passividade perante os acasos é inimiga do tempo. 
Podemos escolher no que pensar... Pensamentos no passado, pensamentos no futuro. Podemos nos prender no que já foi ou nos perdermos no que virá. 






quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Oportunidade

Talvez a característica mais indiscutível de qualquer ser humano seja o seu caráter.
Indiscutível pois é imutável uma vez formado.
 Já escreví neste blog sobre a diferença entre moral, ética e caráter e não quero me tornar retundante abordando o mesmo assunto novamente porém surgiu a necessidade de fazer uma associação entre duas palavras. Caráter e Oportunidade.
Ora que uma das situações que mais causam repugnância entre as pessoas é o chamado "desvio de caráter" porém o que é o desvio de caráter senão a nossa própria condenação aos atos de outrem que nos prejudicam ou afetam aqueles que tentamos defender?

Pensando desta forma, não existe um desvio de caráter propriamente dito e sim a condenação comunitária ou individual aos atos cometidos ou a postura adotada por uma pessoa em específico.
Todo e qualquer ato, postura ou procedimento é condicionado diretamente ao caráter de uma pessoa. Tudo o que uma pessoa faça ao  longo de toda a sua vida é limitado pelos condicionamentos dos primeiros anos de sua existência, aprendizado adquirido por exemplos transmitidos no meio em que esta pessoa se desenvolveu.
É sabido que o caráter de qualquer pessoa é formado nos primeiros dez anos de sua vida e é a partir da formação deste que seus anos futuros serão regidos.
Os conceitos de moral e ética variam de acordo com usos e costumes, sociedade, época porém não o caráter.
Ouvimos vez ou outra os termos Falta de caráter e Mau Caráter porém não fazemos nunca a avaliação correta destes termos antes de os aplicarmos. Não existem pessoas com falta de caráter e nem pessoas de mal caráter. Existem sim pessoas que vão de encontro com o que achamos correto. Existem sim pessoas que tomam certas decisões, certos modos de vida que são condenados pelas demais.
É aí que entra a associação de palavras que eu gostaria de fazer. Caráter e Oportunidade.
O caráter é latente. Ele não se vê, não se mostra o tempo todo. O caráter é pulsante dentro de cada ser e se manifesta justamente por conta das oportunidades.
Várias vezes vemos algums programas de televisão testando o caráter das pessoas quando fazem aqueles testes de honestidade deixando cair carteiras, jóias e dinheiro para ver quem são as pessoas que devolvem aos supostos donos ou as pessoas que simplesmente pegam para sí o que não lhes pertence.
O que realmente difere as pessoas que pegam das que devolvem? Quais foram as variáveis trabalhadas para a execução deste teste? Em que momento da vida de cada um envolvido no caso o fato ocorreu? Será que tudo foi cuidadosamente levado em conta?
Será que a mesma pessoa pegaria ou devolveria em TODOS os momentos de sua vida ou as circunstâncias variáveis também alternariam os resultados? E quem somos nós para elogiar ou criticar a atitude de cada um de longe, escondidos atrás de telas de TV a quilômetros de distância?
O caráter sempre esteve lá. A sua manifestação foi possível por conta da oportunidade criada.
Não existe nunca a certeza de que um erro será cometido apenas uma vez na vida. Ninguém nunca poderá garantir que jamais trairá a confiança de outra. O que conta na verdade é a oportunidade!
Existe sim o arrependimento, o auto julgamento e a aplicação de uma pena. Acredito no arrependido. Não acredito é na fraqueza do caráter. Não acredito na manipulação e na influência.
Uma vez perdoado um fato, cabe a quem errou o auto controle e cabe a quem perdoou, evitar as oportunidades recorrentes!!!




segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Gente

Conheço gente que é feliz.
Conheço gente que procura a felicidade desesperadamente.
Conheço gente apressada e gente inconformada.
Conheço gente triste e gente deprimida. Conheço gente forte e gente fraca.
Conheço gente atenta e gente cega. Conheço gente cheia de fé e gente incrédula, conheço gente capaz e gente tola, desinformada.
Conheço gente de todas as formas, gente amiga e gente de ocasião. Conheço os azarados e os afortunados. Conheço gente bela e também, gente bela!!!
De toda gente que conheço recolho um pouco de suas caracteristicas e ofereço o que tenho em troca. A todas elas dou o direito ao erro, ao reconhecimento e ao recomeço. A todas as pessoas dou o que posso, dou além do que devo.
De algumas essoas que conheço já esperei além do que deveria, além de suas capacidades de troca, além do reconhecimento, além do conhecimento da gratidão.
De algumas pessoas que conheço nao esperava traição e a tive. De algumas pessoas que conheço não esperava o inverso e nem o avesso e foi o que restou.
Das pessoas que conheço sinto admiração por algumas, respeito por várias, medo de nenhuma e pena de outras.
Tenho pena das iludidas, tenho pena das deslumbradas, sinto pena das que esquecem de onde vieram e das que só pensam para onde vão.
Sinto uma profunda pena das manipuladoras, das arrogantes e das soberbas.
Sinto pena das pessoas sem memória pois estas, em algum momento, estarão perdidas em lugares e situações sem retorno.
Sinto pena das intensas e efêmeras felicidades pois todo e qualque prazer praticado ao extremo torna-se um vício. Um incontrolável e inalcancavel lugar para onde não há caminho.


domingo, 11 de agosto de 2013

Escova de cabelo

As artes são todas lindas. Escultura, pintura, música, cinema, teatro.
A expressão do artista, a mensagem que chega até o seu público, a sua obra de arte.
Não há manual de instrução, não há um código perfeito para se interpretar o que o artista quer dizer através de sua obra.
Toda obra de arte manipula os sentidos, aguça a imaginação do seu consumidor. A identificação entre artista e público é múltiplo facetada. A mesma obra atinge várias pessoas em sentimentos diferentes pois a mágica da interpretação é individual. É única.
Não me aventuro em nenhuma das artes citadas na linha inicial do texto embora eu realmente acredite que com alguma técnica, até poderia ser um médio escultor. Tenho vontade.
Gosto mesmo da literatura, gosto mesmo é das palavras, dos textos. É onde sinto menos vergonha, é onde costumo me abrir, navegar sobre vários oceanos diferentes, expor o que sinto sem o medo dos reflexos, das críticas e considerações.
Costumo dizer que o escritor é o alquimista das letras. É ele que tem o poder de encontrar a poção mágica que transforma tudo em ouro. As palavras. A mistura das letras tranforma inevitavelmente o leitor. Cada livro lido vale mais que qualquer viagem a qualquer lugar do mundo.
Escolher um tema, escolher uma personagem, criar um enredo, uma história coesa, com sentidos coletivos e individuais e, principalmente, prender a atenção de um leitor em meio a tantas páginas aparentemente iguais é realmente um dom absolutamente divino.
Quem escreve não precisa de motivos, não precisa de justificativas. Precisa apenas vontade e coesão.
Pega-se um fato, um lugar ou até mesmo um simples objeto e inicia-se um texto...Há poesia em qualquer objeto, há identidade e história a contar sobre qualquer ciosa.
Que tal falar sobre a identidade e a história de uma escova de cabelo?
Ora que qualquer escova de cabelo fora concebida com a única função de pentear, de manipular os fios de cabelo para que estes tomem a forma pretendida por seu usuário e nada além disso se espera deste simples objeto.
Do fim de sua linha de produção até a sua chegada às prateleiras para o consumo, uma escova de cabelo não tem identidade.  A identidade de qualquer objeto começa a se formar a partir do momento que ele é escolhido por alguém de acordo com suas formas, tamanhos e cores.
Então a escova de cabelo, a heroína deste texto, agora tem seu dono. Tem sua identidade e com o tempo, de acordo com sua utilização e os lugares para onde vai, passa a fazer parte de um enredo, passa a ter uma história.
Casais apaixonados adoram fazer isso. Costumam nomear a música preferida, o local marcante, o perfume e a comida inesquecíveis, as palavras e apelidos individuais e até pequenas coisas como uma tampinha de refrigerante, um papel de bom bom, um laço de fita de uma embalagem qualquer adquirem um valor monumental.
Então a escova de cabelo passa a ter uma história, passa a ter mais valor por esta história do que pela sua função primordial. E este valor se multiplica ao ponto de, simplesmente, se tornar o maior elo que une duas pessoas no passado e presente. É o que restou de outras histórias, de outros tempos, de outras emoções.
E é esta a principal função do escritor. Encontrar perdidas, histórias até mesmo em pequenos objetos que passariam em branco durante toda a sua existência.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Linha Reta

Não se engane, não há nem alegria nem tristeza eternas. Há sim a vontade de ser feliz e a infelicidade de ser triste por alguns momentos pois ambas são etapas de aperfeiçoamento do ser. Desejar algo e lutar pelo que se quer é um direito e enobrece o guerreiro. As armas dispostas por cada um demonstram o tamanho da luta.
Há sempre honra para se defender em cada luta bem como um código de ética a ser seguido. De nada adianta conquistar um território destruindo-o.
Felicidade e tristeza coexistem e nos afetam de acordo com nossa disposição. Há sempre um sorriso verdadeiro a ser dado em meio às lágrimas da tristeza. Há sempre um feixe de luz em meio à escuridão e há sempre um gesto bonito em meio a tanta ingratidão.
Na vida somos apenas meio e não fim. Somos caminho e não  final. Somos como prismas cortados pela luz refletindo as cores. Estamos todos interligados recebendo e emitindo sensações, influenciados e influenciando nos mais diversos níveis vamos nos tornando parte permanente do meio em que vivemos. Este é o princípio da homeostase. Ambições, metas, objetivos, gestos, gostos, modos, manias, moral, tudo, absolutamente tudo se iguala naqueles que convivem.
A nossa vida é o único bem individual e exclusivo da qual não podemos nos desfazer nem outorgar poderes à outrem. A vida nos foi dada para ser vivida, aproveitada, saboreada em meio a tantas alegrias e tristezas. Não há segredo, não há mistério.
A percepção de distância na vida só pode ser medida pelo tempo. Não há retrocesso, não há caminho de volta e o tanto que se anda são segundos, horas, dias, anos. Algumas vezes uma vida inteira até o nada. Não são os olhos que vêem o que se passou. É a memória.
Há sinais por toda a estrada como placas na rodovia, orientando, indicando caminhos, traçando as rotas. Precisamos ouví-los, percebê-los a tempo.
São vozes, conselhos, olhares, são pessoas que cruzam nossas vidas com as delas, são coisas que aparecem do nada, sem explicação transformando tudo. São exemplos.Sim, principalmente os exemplos dos que estão mais adiante que mais nos ajudam a contemplar e aproveitar nossa caminhada.
Quanto mais relutantes formos perante os exemplos, mais difícil será a jornada, mais os calos doerão nos pés e mais distante ficamos de um futuro feliz.
A vida é em linha reta. A realização plena ou a conformidade absoluta.



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Saudade

Como explicar a saudade que sinto neste instante?
Deve ser estranho argumentar com a saudade por que claro, sentimos saudade de algo que estamos privados, de algo que não palpamos, algo que não vemos, algo que já se foi, que está ausente e que em algum momento de nossas vidas nos fez bem, nos fez felizes.
Claro que saudade remete à nostalgia, remete a lembranças, lugares, cheiros, músicas, sensações. Claro que saudade remete a alguém.

Mas eu insisto em ir de encontro às convenções e dizer que minha saudade é diferente e inexplicável para mim. É uma situação nova que não consigo lidar com ela e nem entender sua existência.
Sinto saudade do futuro.
Sinto saudade de coisas que eu não viví ainda e que nem sei se viverei.
Sinto saudades de lugares que não irei, de passeios que não farei, de casas que não morarei e de momentos que não viverei.
Mas como isso é possível? Saudade é substantivo abstrato pertinente a frases do passado. Como aplicar saudades no futuro?
Talvez a resposta seja complexa para algumas pessoas mas para mim é tão simples!!!
Sinto saudade de um futuro que eu acredito tão real, tão nítido que por vezes, diversas vezes nele habitei.
Passeei em seus dias como se fossem presente. Fiz de dias inexistentes meus planos mais concretos. Afirmei para mim mesmo a certeza dos meus caminhos e hoje, quando sento ao lado de qualquer saudosista, compartilho de seus sentimentos pois também sinto saudades, também sou melancólico porém a lados opostos. Olho para o futuro e vejo tanta coisa que se foi! Quantas saudades!




terça-feira, 6 de agosto de 2013

Liberdade - ou um ano

Liberdade em sua definição literária: Condição do homem que pode dispor de si ou que não é propriedade de outrem. Poder de fazer ou deixar de fazer uma coisa. Livre arbítrio. Faculdade de praticar tudo aquilo que não é proibido por lei.
Peço um momento de reflexão dos meus leitores no sentido de responder a uma pergunta: Em qual momento foi preciso criar a palavra e a definição de LIBERDADE?
Pois bem, se concordarem comigo, posso dizer que a palavra liberdade advém da perda, advém da prisão, advém das delimitações de território, advém da escravidão.
A liberdade é a filha rebelde da escravidão.
Estamos acostumados a observar apenas as cores da liberdade, os louros da vitória, as satisfações das conquistas sem nos atentarmos contra o quê lutamos ou até por quê temos que lutar para conseguir a liberdade.
No começo não haviam limites, não haviam sonhos, não haviam amarras ou delimitações. No início não haviam regras e não haviam posses nem tampouco sucesso ou fracasso. A liberdade era um abstrato tangível e onipresente. A liberdade era um nada sem significado.
Para que a definição de liberdade fosse estipulada foi necessário que alguém, em algum momento fosse privado de algo próprio, algo particular.
Isto significa também que a liberdade emana da perda, da privação e do desejo. Pensando mais profundo ainda, podemos dizer que a liberdade, o verdadeiro significado da palavra liberdade é reverter. Sim, justamente isso, voltar ao vértice, voltar à origem, ao ponto em que, sem sabermos, já éramos livres. Liberdade nada mais é que recuperar o que já tínhamos. Todos nascemos liveres.
Estamos presos a diversas, regras, conceitos, modos, tipos, situações, pessoas e drogas. Nos prendemos  por conveniência, nos prendemos por comodidade, sossego, preguiça e incapacidades infinitas
Reverter não é fácil e a maioria das pessoas não consegue. A maioria das pessoas passa uma vida inteira com os braços esticados em busca da liberdade porém com os pés fincados no chão pois a liberdade requer sacrifícios, a liberdade requer esforços além de nossas capacidades de discernimento.
A liberdade, a verdadeira liberdade consiste em ser feliz, em viver bem sem aquilo que mais dependemos na vida.
A liberdade consiste em ser antes do ter. A liberdade não é a falta de dependência... A liberdade é o controle sobre o que se quer e o que se tem.
Não há liberdade sem luta, não há liberdade sem dor por que vamos nos prendemos aos poucos, sem percebermos mas, no fim... afinal, no fim de tudo, voltar às origens, reverter e ser livre. É assim, sempre!


ah... talvez as imagens de braços abertos quando nos referimos à liberdade seja justamente a simbologia de deixar ir, de tirar de nossos corpos, de nossas vidas, tudo aquilo que nos torna presos.


terça-feira, 30 de julho de 2013

Interrogação

Várias conversas que tive, seja por skype, torpedos sms ou por telefone, uma frase sempre se destacou, sempre se fez presente através de minha interlocutora: "mas me explica o que você ama em mim!".
Ora, assim como a pergunta, minha resposta nunca variou. Não entrei em contradição.
O que me espanta é a recorrencia da pergunta. Por que tantas vezes? Por que a pergunta se repete se a resposta também é a mesma? Quantas vezes serão necessárias dizer que é de graça, que é pela beleza, que é pela pele, que é pelo cheiro, que é pela simplicidade, que é pela força, que é pela alegria, que são pelos sonhos, que é pela raiva, que é pelo sorriso, que é pelo cabelo, que é pela estatura, que é pelo presente e pelo futuro? Quantas vezes serão necessárias eu dizer que não há explicação e que o sentimento não escolhe hora, local ou razão? Quantas vezes serão necessárias dizer que amor é de graça, que não depende de mão e contra mão? amor não é condicional nem condicionante. Não se ama o se... ama-se o SER.
Ah.. não se pede para amar e nem deixar de ser amado. São coisas intangíveis, inalcançáveis. Apenas o tempo e a razão são capazes desta proeza. Não importa quanto o tempo demore e nem quanto a razão prevaleça.
Ama-se aos poucos. Ama-se com cola! Vai juntando-se os pedaços aos poucos, colando-os um a um, até que sem que se perceba, toma a forma. Não existe amor à primeira vista. Isso é loucura. Existe sim um amor que aparece quando vemos uma pessoa pela primeira vez.
Gosta-se do sorriso, gosta-se da voz, gosta-se do formato dos olhos, nariz, sombrancelhas, gosta-se do cheiro, gosta-se do suor, gosta-se da raiva, dos segundos que se transformam em minutos que se transformam em horas que se transformam em dias que se transformam em impaciência que acabam transformando-se em saudade. É um tanto gostar, um tanto colar que sem que percebamos, o amor está formado. O amor é uma colagem de várias coisas em uma mesma pessoa.
Inexplicavelmente o sentimento se instala e não há tempo ou razão que consigam demovê-lo.
Então eu penso o porquê de tantas repetições da mesma pergunta!
Pelo prazer de ouvir as respostas? Pela fragilidade da auto estima de quem quer se sentir melhor? Pela insegurança e incerteza? Por comparação? algum motivo há!
Então caso a pergunte apareça novamente a resposta vai ser a mesma de sempre.
Amo de graça! por que você é meu número!



segunda-feira, 29 de julho de 2013

Que pena

Pequena...
Pequena porém maior que alguns medos
Não todos, apenas os mais gostosos
Apenas os mais desafiadores.

Pequena...
pequena porém maior que alguns sonhos
Não todos, apenas os mais imediatos
Apenas os mais pessoais.

Pequena
Pequena porém maior que as fraquesas...
Não todas, apenas as da alma
Apenas as mais tradicionais.

Pequena!
Que pena!
Pena que a vida não seja plena
Apenas mais do mesmo
Todos os dias iguais

Pequena
pequena porém maior que seu sorriso
apenas o brilho dos seus olhos
quando encontram os meus

Pequena
Pequena porém maior que a verdade
apenas a ilusão que o mundo muda pessoas
de acordo com os desejos seus

Pequena
pequena da pele suave e cabelos cheirosos
pequena da voz macia porém firme
das decisões mais loucas que me tiram o sono.

Pequena
simplesmente pequena

Que pena!




Vela

Três dias com o blog aberto e sem qualquer criatividade para escrever um texto sequer. Comecei e deletei várias frases, vários parágrafos neste fim de semana. Nada fazia sentido, nada estava do jeito que eu gosto, do jeito que eu geralmente costumo escrever.
Então, assistindo ao Pânico na TV, justamente na matéria em que o Eduardo Streiblitch tenta conquistar o amor de Antônia Fontinelli, ao fim da matéria duas frases despertaram meu instinto criativo e me levou a escrever este texto.
Engraçado como um programa de humor tão bizarro teve, dentro de suas características, colocar uma frase do escritor moralista francês François de La Rochefoucauld, do século XVI de uma forma aplicável a situações atuais e corriqueiras.

"A ausência apaga as pequenas paixões e fortalece as grandes."

É preciso estabelecer as raízes das paixões, dos amores verdadeiros. 
Digamos que o amor verdadeiro seja uma árvore onde a paixão é tudo o que aparece do solo para cima, o tronco, o caule, as folhas, flores e frutos. É a parte saborosa, é a parte visível, a parte palpável.
O que importa mesmo, o que alimenta tudo isso, o que proporciona toda a exuberância das flores e frutos é justamente aquilo que ninguém vê. A raiz.
Assim como as plantas que possuem um ciclo que culmina na florada e frutos, o amor também passa por suas fases. Não tendo raízes profundas, não passa pelo inverno, não nutre a paixão e não dá frutos saborosos.

Outra frase do mesmo pensador

"O mesmo vento que apaga a vela, atiça uma fogueira"

O que significa isto? O que La Rochefoucauld quis dizer com estas palavras?
Talvez o real significado disso seja que, independente de nossas ações, os resultados são aleatórios.
Nada garante um resultado pois não dominamos todas as variáveis. Muitas vezes agimos para apagar uma vela e acabamos inflamando uma grande fogueira ou então o contrário. Temos nossas intenções, agimos em favor delas mas não temos resultado garantido.
Então, ao escrever estas linhas, no meio do texto me dei conta que algumas pessoas podem interpretar isto de forma errada, com personagens diferentes mas eu preciso escrever assim mesmo.
Não serão nem a ausência e nem o vento que apagarão o que eu sinto.