Ás vezes chegamos atrasados em algum compromisso importante. Um casamento, uma festa de aniversário, um batizado ou uma reunião. Perdemos a hora de um curso, da aula, do voo, da viagem. Algumas vezes perdemos um documento, um telefone celular, uma agenda, perdemos uma jóia, perdemos dinheiro, perdemos um sapato, ou mesmo um chinelo.
Perdemos um filme, perdemos o último capítulo da novela, perdemos o caminho mais rápido, perdemos a calma, perdemos a razão e o sentido.
Não fomos educados para perder e sempre que isto acontece, lamentamos muito o bem perdido. Não importa se a perda foi consequência de nosso descuido, sempre lamentamos porém sempre substituímos o que foi perdido e quando isso não é possível, nos adaptamos com o que se foi. Depois da barata, somos o ser vivo com maior poder de adaptação ao meio.
Mas, diferentemente da barata, somos um ser complexo, absolutamente complexo e desenvolvemos ao longo dos tempos uma rede de sentimentos e costumes que jamais serão explicados, jamais serão sequer entendidos. Se formos enumerá-los a lista seria enorme e interminável. Desenvolvemos muito mais do que a habilidade manual e o uso da ferramenta para proveito próprio. Desenvolvemos relacionamentos extremamente complexos, com valores diversos e sempre regidos a base de troca.
Aprendemos a caçar, aprendemos a plantar, aprendemos a viver em comunidade, aprendemos a nos relacionarmos com nossos semelhantes.
Mas alguém já imaginou qual é a base fundamental destes relacionamentos? Alguém já se deu conta do principal elemento que rege estes relacionamentos extremamente complexos?
A troca!!!
É a troca que determina todo e qualquer relacionamento. É a troca que torna a vida em comunidade aceitável e em perfeita harmonia. em todos os graus de intensidade, de acordo com a força e fragilidade dos laços que regem o relacionamento, a troca é o sítio de ligação total.
Sem troca não há afinidade, não há aceitação, não há o convívio.
E, sem perceber, toda esta nossa evolução, toda esta caminhada até o convívio em sociedade, na constituição da família, vivemos à base de troca.
Em todos os grupos constituídos a troca das mesmas idéias e ideais é base fundamental para aceitação.
Tornamo-nos iguais àqueles que admiramos. Temos esta necessidade de sermos aceitos e para tanto trocamos nossa individualidade, nossa personalidade, nossa opinião pela opinião, personalidade e individualidade deste grupo. Temos propensão a nos igualarmos aos nossos. E defendemos isso!!!
Então falando tanto de perda e para não perder o sentido deste texto, existe sim uma coisa a qual nunca nos acostumaremos a perder.... Uma coisa que não recuperamos e quando percebemos, não há nada mais a se fazer.
O tempo!
Este não volta. Não há arrependimento que faça o tempo voltar.
E só percebemos que o tempo se foi quando nos damos conta que em algum momento de nossas vidas, fizemos a troca errada.
A troca e o tempo. Interligados profundamente. Um rege o outro. Para o bem e para o mal.
