quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Divórcio

Hoje recebí telefonema de uma advogada reivindicando o direito de sua cliente recomeçar a vida, começar tudo de novo repartindo os bens adquiridos ao longo de 16 anos de convivência.
Virou moda a partir dos anos 90 e a situação se potencializou na virada do milênio, esta questão de felicidade individual acima de tudo. Os diretos a felicidade e a facilidade para se começar tudo de novo.
As trocas de relacionamento, os casamentos acabando cada vez mais com menos tempo de união, o alto índice de divórcios, separações amigáveis ou não.
Propagou-se muito a idéia de que se não está dando certo, o melhor é cada um buscar seu caminho separadamente, individualmente, independentemente de bens e, pior, independentemente da existência de filhos ou mesmo a idade destes filhos. O que importa é ser feliz. É sempre buscar alguém que tenha mais e melhores qualidades, não aceitar os defeitos daquele parceiro que outrora fora o melhor, em busca de algo melhor ainda.
Evoluiu-se a tecnologia, os processadores, computadores, impressoras, celulares, televisores, automóveis, eletrodomésticos, redes sociais, evoluiu-se o relacionamento.
Evoluiu-se o relacionamento? Esta frase é verdadeira?
O relacionamento hoje é efêmero, é baseado na incerteza? Não se pode errar ou desagradar sob o risco de receber um telefonema de um advogado reivindicando o direito ao recomeço de vida de seu cliente?
Então é isto? É mesmo desta forma que tem que ser? E vamos aceitando a modernidade, vamos mostrando para nossas crianças estes exemplos, esta facilidade de começar de novo, independente de quem nos cerca, independente das pessoas envolvidas. Não temos mais tolerância aos conselhos, à adaptação, à aceitação.
Não temos mais as bases de moral, de ética, de família, de futuro e sacrifício.
E vamos nos acostumando com isso, nas novelas, nos filmes, nos vizinhos, nos amigos até que isto chega dentro de nossa casa e mudamos de lado. Aquilo que nunca queríamos para nós agora faz parte de nossa rotina e somos mais uma família que não deu certo junta e que a felicidade será melhor para todos se separados.
E o que poderia ter sido feito? Nada!!! começo a acreditar que nada poderia ser feito. Já nasceu errado e uma hora teria mesmo que acabar... Prefiro pensar assim do que ver que este final já estava escrito e o último capítulo só me foi entregue no dia de ser gravado. O futoro de meu personagem já estava escrito e o autor escondeu até o final, até o último dia.
Mas será que acabou? Será que esta novela passará de novo à tarde (vale a pena ver de novo). Não... com certeza não...
As consequências estarão sempre assombrando nossas vidas, os frutos obrigatoriamente terão que ser colhidos ou apodrecerão em árvores também podres.
Dava para adubar, dava para cuidar, dava para construir uma cerca bem alta no nosso jardim para que ninguém entrasse e pisasse na nossa grama. Faltou mesmo é vontade e compromisso. Cuidou-se de outro jardim, regou-se outra planta, adubou-se outra árvore.
Nosso jardim foi invadido, e nossa grama foi pisada, pisoteada, náo havia cerca, não havia proteção. Nunca houve. O tempo para construir cercas, adubar, regar, tirar as ervas daninhas foi comprometido com outras coisas, umas fúteis outras importantes.
Agora falta apenas apagar a luz.



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