domingo, 26 de agosto de 2012

20 DIAS

20 dias se passaram. Um para cada ano de convivência.
Na memória guardo um pouco de cada fase que se passou. A fase do novo, do desconhecido mundo que se abria nos idos de 1992. O dia exato, 17 de julho. Uma sexta feira, aproximadamente oito horas da noite, no máximo nove quando eu jogava em um fliperama a minha melhor partida da máquina 1942.




Estava com todas as vidas extras e bônus quando ela entrou. 13 anos, loira, copo de caipivodka na mão. Viera de guaraparí. Com a irmã, depois de tanto tempo para um final de semana.
Vida simples, Difícil e sem grandes expectativas aparentes. 
Sorriso tímido contrastou com meu comportamento inesperado de não dar atenção.
Também fui pego de surpresa e tive medo. A idade não era compatível com o cor.po. Mais medo ainda.
Motel no mesmo dia. Quanto medo. A bebida tirara dela a percepção do certo e do errado e eu, obviamente, poderia ter me aproveitado da situação.
Agradeço a educação que recebí de meus pais. Senão...
A partir daí, a distância dificultou muito as coisas e paradoxalmente, tornou tudo mais fácil.
Aquela menina simples, de sorriso fácil e olhos brilhantes se entregou a mim e eu, como não poderia deixar de ser, abracei todas as suas lutas, vontades e desejos.
Assim vieram as viagens para guarapari, de quinze em quinze dias, alternadas com vindas para a Serra. Assim vieram os melhores encontros e as mais tristes despedidas no entardecer de cada domingo.
Assim vieram os quilômetros e quilômetros de bicicleta (ao todo 150 por domingo).
E foi assim que a coisa toda tomou uma proporção tão grande que os cinco dias que separavam os finais de semana tornaram-se insuportáveis para ambos e novos planos e mudanças.
Mudanças para Serra. Encontros diários. Escola pois a vida não pode parar.
Daí vieram os conflitos na casa e a vida nos aproximou ainda mais. 
E veio o noivado, no centro de Vitória, atrás de um banheiro público. O cheiro de urina que exalava contrastava bem com a aliança de ferro pintada de amarelo simulando Ouro. 
Mas ouro mesmo era o brilho dos seus olhos castanhos claros. Olhos que ilustram a capa deste blog.
E vieram os planos e os anos se passaram. Quatro anos depois e uma casa pequena construida com a ajuda de todos, veio o casamento.


E veio a primeira filha


E veio a segunda filha


E veio a casa, e veio o carro, e vieram empregos, e vieram cursos, faculdades e vieram todas as conquistas.
A maior delas, na minha opinião, a maior conquista, o maior presente e o bem mais importante nestes 20 anos foi a minha presença, incondicional.
Estive alí, fiel, como um cão de guarda, como um pai, como uma mãe, como irmãos, como um pouco de cada familiar. Estive ao lado em todos os ótimos momentos, e nos ruins também. Muitas vezes empurrei, outras segurei e nos momentos para mim mais difíceis, carreguei no colo.
Iluminei a estrada quando ela não enxergava direito.
Por não saber como terminar este texto, deixo uma reflexão muito bonita que lí de uma amiga do facebook hoje.... é a essência do que é a nossa vida

E como não sei a forma de finalizar este texto, posso dizer que estou aqui, pronto para mais 20 anos, não suportando estes 20 dias e pronto para carregar no colo novamente.



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