Somos os autores de nossas vidas e também, ao mesmo tempo, somos na vida das pessoas que nos cercam, coadjuvantes. Escrevemos nossa história porém atuamos na história das vidas das pessoas constantemente.
Muitas vezes escrevemos um drama, algumas comédias, outras um filme de terror, escrevemos filme de romance, escrevemos filme de ação. Ao mesmo tempo, vamos escolhendo os atores que irão contracenar conosco, que farão papel de mocinho, de bandido, que farão as cenas mais intensas e os que participarão apenas como uma ponta. Mas todas as pessoas que passam em nossa vida, são atores escolhidos por nós ou indicados por outros atores a participar de alguma forme e em algum momento da nossa história.
Como escritores, temos o poder de cortar cenas, adicionar, repetir, contratar e demitir os atores no momento que queremos. Somos escritores, diretores e protagonistas. Mandamos em tudo e em todos na nossa própria história.
Porém não somos na maioria do tempo protagonistas. Nosso filme está em cartaz ao mesmo tempo com os de milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo. Somos escritores, diretores e protagonistas de um filme que passa apenas no nosso cinema. Cada um tem seu próprio cinema.
Na maior parte do tempo somos coadjuvante nos filmes das pessoas que nos cercam. Somos coadjuvantes nos filmes de nossos parentes, amigos, filhos, maridos e esposas, colegas de trabalho, motoristas no trânsito, parceiros comerciais, escolas, enfim, cada um está escrevendo, dirigindo e atuando no seu próprio filme e nestes, nós obedecemos. Recebemos o papel e somos obrigados a interpretá-los.
E hoje, enquanto assistia à apresentação de minha filha na escola, me dei conta que haviam atores atuando em leitos de hospitais, presídios, nas ruas procurando o que comer, trabalhando, ausentes, mortos, para morrer em seu último ato.
Enquanto eu estava sendo diretor deste musical, enquanto minha filha estava sendo protagonista do musical dela, haviam presenças e ausências.
Quando o filme acabar e os créditos subirem nesta tela, constarão nomes de muitos e faltarão nomes de muitos.
As ausências me preocupam.
Precisamos aprender a sermos coadjuvantes nos filmes dos outros.
Precisamos a todo custo, sabermos dar uma pausa em nossa exibição para que outro artista brilhe.
corremos o risco de perdermos um filme premiado com o Oscar enquanto atuamos em um thriller classe B.
E quando no futuro, cansarmos de nosso filme, que cinema estará aberto para participarmos do filme dos outros?
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