quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Fantasmas

Comungar dois corações que se encontram e se amam é a sensação mais maravilhosa que existe. Um homem e uma mulher se conhecem, se enamoram, encontram afinidades, igualdades e se harmonizam completamente durante um período que os cientistas e os românticos chamam de paixão.
Dizem que a paixão perdura por 6 meses ou aproximadamente este período. Outros dizem que a paixão pode ser eterna se bem cultivada e mais alguns dizem que a paixão quando não se acaba, transforma-se em amor.
E o objetivo de toda pessoa na vida é justamente amar. Encontrar o amor, a cara metade, a tampinha da garrafa, o guti-guti, o mozinho, o mozão, a pitucha, o pitoco (não chinchila) e outros apelidos carinhosos que parecem brotar do nada. 
Musicas, filmes, lugares, pessoas, fatos, perfumes, roupas dentre tantos outros itens marcam a vida destes dois corações apaixonados para o resto de suas vidas. Quem nunca passou por isso?
E quando dois corações apaixonados sobrevivem a este período de adaptação, quando passam pelo esfriamento da paixão, onde todos os defeitos, manias, todas as coisas irritantes são "bonitinhas", surgem os planos para o futuro. Surgem os projetos em comum, ambiciona-se o lugar próprio, o cantinho do aconchego. 
Os amigos individuais se afastam dando lugar aos amigos em comum, as famílias se conhecem, se gostam ou apenas se suportam e o casal outrora apaixonado e agora amando-se batalham para a edificação do lar ideal.
Casam-se, individam-se, procriam, batalham, vencem, perdem e convivem..... eternamente? alguns sim outros não.
Acontece que uma variável neste enredo todo quanse nunca é considerada, quase nunca é notada e a coisa toda torna-se uma roleta russa onde o fator sorte é fundamental para a perpetuação deste amor eterno.
Os condicionamentos da infância, a base familiar, o caráter, os limites, o que é aceitável e o que não é aceitável. os limites do normal e do anormal são variáveis, são ímpares e não eternos. Eles não mudam com o passar dos anos. Eles são como algo que ficou congelado e que volta à vida de uma hora para outra.
Esta é uma bagagem invisível que cada parte de um casal trás para dentro de casa e que fica escondida em um baú no sótão e que de uma hora para outra será aberto e todas as assombrações aparecerão para testar toda a paixão, todo o amor do casal.
É aí que a corda bamba começa a tremer e aquele casal que andava sobre ela de mãos dadas entra em crise. É aí que cada um tenta impor ao outro o seu passado correto, a sua própria normalidade e seus próprios limites. É aí que começam as brigas, os desentendimentos, as ofenças e as separações.
Cada um acredita fielmente em sua própria verdade, sua própria normalidade e o senso de defesa fica absolutamente aguçado. Não é culpa de um ou de outro. São os condicionamentos, são os limites trazidos do passado mostrando suas garras, corroendo o amor, a confiança e desmoronando a família.
E a história toda está acontecendo novamente. Todo o passado volta de uma forma avassaladora com esta vontade de se tornar presente. E os filhos vão novamente se condicionando como seus pais, vão acreditando nas suas próprias normalidades, criando seus próprios limites do aceitável, procurando uma fuga, seja em drogas, seja em dificuldades de relacionamento, seja enfiando a cara no trabalho, nos estudos, até que, sem mais nem menos a paixão os atingem, acalmando este passado.
E aquela história de que tudo será diferente daqui para frente esconde todo o passado no baú dos fantasmas.
Mas que eles existem eles existem.
Coloquem seus amores à frente de tudo. testem seus limites, aprendam a ceder, a dar espaço. Aprendam a colocar o outro como prioridade pois a recíproca é verdadeira. Lute pelo comum, não pelo individual. Deixe espaço, conserte seus erros, conviva com os erros do outro, perdoe, seja perdoado, tente não ferir, tente não magoar mas acima de tudo, acredite no DOIS. Acredite no par, acredite no casal. Acredite nos filhos, lute por eles.
Não há lugar no mundo melhor que um lar constituído. Não tente ter a coragem de se enganar por promessas alheias, por vidas perfeitas pois cada um de nós carrega o seu próprio baú para onde quer que vá. E mais dia menos dia ele se abre novamente e nossos fantasmas medem forças com os fantasmas dos outros. Por mais que se ame!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário