Temos uma capacidade imensa de tomarmos as palavras como impulsos emocionais antes da razão e geralmente acabamos nos ferindo e ferindo as pessoas que estão ao nosso redor.
E então, quando estas palavras vêm seguidas de atitudes é que a coisa pode piorar de vez pois somos orgulhosos e para nós é muito mais fácil tomar um caminho errado do que retroceder, reconhecer os erros e abusos, nos desculpar e corrigir o que foi dito.
Muitas de nossas atitudes são tomadas justamente por não darmos à razão o tempo necessário para processarmos os caminhos corretos. Brigamos, discutimos, defendemos teses que nós mesmos sabemos não terem validade nenhuma em prol deste orgulho, desta necessidade que temos de estarmos certos o tempo todo e as pessoas erradas.
Sentimos necessidade de transmitir nossas idéias, nossas atitudes como se estas fossem o motivo e a justificativa para tudo o que é correto sem medirmos as consequências e sem pensarmos no futuro.
Magoamos e decepcionamos pessoas por conta deste orgulho. E no fundo sabemos que não estamos certos. Logo após este orgulho (ou junto dele) vem a vergonha e o medo da reação das pessoas perante nossa "fraqueza" como se reconhecer o erro e começar de novo para tentar acertar fosse um sinal de falta de força. Muito pelo contrário. Reconhecer o erro dentro de nós é muito fácil e até conseguimos parar de pensar neste erro. O difícil mesmo é reconhecer o erro para terceiros, pedirmos desculpas e a chance de voltar e começar tudo de novo. Temos orgulho! E o orgulho é ou não é um sinal de força interior?
Pois eu lhes digo que não. O orgulho é a principal armadura, a maior fantasia, o disfarce que separa a pessoa que realmente somos da pessoa que queremos que outros pensem sermos.
Temos uma alma pura, uma alma limpa e a mascaramos por baixo desta armadura. escondemos nossas fraquezas e nossos erros por acharmos que seremos admirados e seguidos pelos outros.
Algumas pessoas acreditam que os holofotes precisam estar sobre elas para aparecerem, para brilharem, para serem vistos. Algumas pessoas acreditam que seus defeitos somem no lusco-fusco, que desaparecem sobre as suas sombras. Algumas pessoas acreditam que seus defeitos desaparecem apenas por deixar de adimití-los. Passam a vida negando seus defeitos a fim de justificar suas atitudes. Chegam a colocar motivos em terceiros em prol desta perfeição utópica.
Ninguém é perfeito e pessoas passam a vida toda buscando a perfeição desmedidamente, loucamente e até inescrupulosamente sem saber que a perfeição está justamente nas diferenças, na auto avaliação, no acúmulo de experiências certas e erradas, nas diferenças, nas desculpas e nos acertos.
Caímos várias vezes para aprender a andar, trocamos erres e eles para aprender a falar, tiramos notas baixas para aprender a lição, ralamos os joelhos para aprender a andar de bicicletas, patins e skates, arrancamos unhas para jogar bola, quebramos vidraças jogando voley, queimada e basquete, levamos surras e castigos para chegar em casa de madrugada, beijamos sem língua para aprender a trocá-la, namoramos algumas pessoas até encontrar a ideal, ensinamos coisas aos nossos filhos que são certas e erradas ou seja, passamos nossas vidas inteiras errando mais que acertando, passamos mais tempo de nossas vidas tentando algo que julgamos certo sem saber o que é realmente certo e por fim, perdemos muito o tempo para realmente aproveitar o que já conseguimos sempre buscando um algo a mais.
Precisamos ouvir mais e falar menos, precisamos dar um tempo de funcionamento à nossa razão e sobretudo precisamos aprender a pensar não uma vez mas várias vezes antes de tomar alguma decisão em um momento de ímpeto. É desta forma, acredito eu, que vamos aos poucos aprendendo a controlar este monstro chamado orgulho. É desta forma que vamos aos poucos aprendendo que ceder para as pessoas o momento certo é o que nos fará diferentes, únicos, verdadeiros e admirados.
Afinal de contas, o que é um segundo para quem tem uma vida inteira?

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