Onde era motivo, onde era objetivo, onde era a vida, não passa de um pronome de tratamento.
Formalidade onde só havia cumplicidade, intimidade e comunhão.
E eis que restou apenas o respeito à outro indivíduo e mais nada.
E eis que haverá indiferença, repulsa, mágoa onde havia admiração e amor.
E eis que não haverá nada belo, nada lindo, não haverá sorrisos e nem preocupação.
E eis que as escolhas foram feitas, as cartas jogadas à mesa.
E eis que uma vida inteira fora colocada no lixo. Fora jogada fora.
E eis que não haverá o conjunto união, não haverá o conjunto intersecção. Haverá apenas o conjunto unitário.
E eis que não haverá a oração, a frase. Não haverá o sugeito, nem verbo nem predicado. haverá apenas a palavra.
E eis que não haverá a reação química, não haverá a substância, não haverá a molécula, não haverá o átomo, não haverá o elétron e o próton. Haverá apenas o nêutron.
E eis que não haverá a pontenciação, não haverá a multiplicação. Haverá apenas a divisão, a subtração.
E eis que não haverá a fotossíntese, não haverá a eliminação de oxigênio. Haverá apenas o CO².
E eis que do carbono não se fará diamante, apenas grafite.
E eis que os alquimistas não conseguirão jamais criar a matéria, não haverá manipulação. Haverá estática.
E eis que não haverá aceleração, não haverá movimento, haverá inércia.
E eis que não haverá a pessoa. Não haverá o adjetivo. Haverá apenas o pronome de tratamento. Haverá apenas o Vossa Exelência, Vossa Eminência, Vossa Alteza, Vossa Magnificência.
E eis que onde era tudo, não será mais nada.
E eis que onde era amor, será apenas, Doutor.

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