Tempestades são necessárias por uma série de motivos. Tempestades equilibram o meio ambiente, contribuem para eliminar partículas poluentes do ar, promovem o assentamento das terras, colaboram com o processo de fotossíntese, nutrem os organismos vivos, influenciam no processo de decomposição dos organismos mortos.
Tempestades também são fonte de inspiração para músicas, poesias, filmes.
Tempestades são comumente usadas em metáforas. Pessoas adoram metaforizar em relação a tempestades.
Então, não vou fugir à regra e vou criar a minha própria metáfora para TEMPESTADE.
Semeamos nossa seara, espalhamos nossas sementes e esperamos o tempo e as condições climáticas e de solo se encarregarem do resto. Claro que temos que adubar, retirar as ervas daninhas, espantar os animais famintos, as lagartas, os caramujos, os insetos comedores de folhas.
Somos nós quem decidimos o que plantamos mas não colhemos nada diferente do que plantamos. Como dizem os mais sábios, a semeadura é livre porém a colheita é obrigatória.
Daí, alguns dias chove, outros faz sol, alguns dias são frios, outros quentes, de acordo com a natureza. E nossa plantação vai tomando corpo, vai crescendo, vigorosa ou não de acordo com o tempo que dispomos para cuidar dela. Mas vai crescendo...Até que um dia vem uma tempestade. Uma tempestade grande que inunda toda a nossa seara. Com águas profundas e fortes, levando tudo o que consegue levar, tirando do lugar tudo o que está solto.
E é nesta hora que vemos o que realmente plantamos. É nesta hora que vamos perceber se fizemos uma semeadura com raízes fracas, rasas ou se plantamos árvores com raízes profundas e fortes. É nesta hora, depois da tempestade, quando olhamos para nossa seara, em busca do que sobrou e vamos somando os prejuízos, quando pegamos alguns frutos machucados para tentar aproveitá-los, observando o que restou de pé em nossa plantação que vem a percepção de que, na semeadura, naquele momento exato quando lançamos ao solo nossas sementes, foi que tudo se perdeu.
Não foi a falta de adubo, não foi o sol forte, os dias quentes ou o orvalho, a chuva, os dias frios, os dias secos ou úmidos. Foi exatamente a semeadura. A escolha. A base.
Tempestades sempre existem, e ela são necessárias em nossas vidas para limpar tudo o que é ruim, nocivo ou desnecessário. Tempestades em nossas vidas são bênçãos pois renovam nossa capacidade de reconhecer o erro e os acertos. Tempestades são necessárias em nossas vidas pois mostram a importância de nossos atos no passado e ajudam a prever o que faremos no futuro.
As sementes demandam tempo para se transformar e proporcionar uma colheita. E cada semente tem o seu próprio tempo. Os mais famintos plantam as sementes que germinam mais rápido e se alimentam de seu fruto. Porém estas plantas têm seu ciclo de vida mais curto e necessitam de replantio.
Pessoas mais satisfeitas, menos afoitas, tentem a plantar árvores que apesar de demorarem a crescer, também dão seus frutos por muito mais tempo, proporcionam madeira e sombra para o conforto. Servem de moradia para outras espécies de animais, lançam suas próprias sementes sobre o solo. Suportam melhor as tempestades.
Recomeçar, voltar ao início de uma nova semeadura, em uma seara vazia, devastada por uma tempestade, quando já estávamos prestes a colher sua safra é uma amargura muito grande na vida de qualquer pessoa.
Recomeçar, voltar ao início em uma seara com árvores, que permaneceram firmes, fortes, prontas para fornecer novamente seus frutos, sua sombra e seu conforto é realmente o que nos faz acreditar que tempestades são realmente necessárias.
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