E em bem menos de um mês eu já sei de tudo que deveria saber. E em bem menos de um mês eu percebi muitas coisas que passaram despercebido no início da década de 1990.
E como primeiro instinto de sobrevivência, eu desistí de uma luta que colocava em risco a minha vida. Neste momento pensava só em mim apesar de estar com meu lado sentimental completamente em frangalhos, destruído pela impossibilidade de um amor adolescente.
Quem já foi adolescente e teve um amor impossível sabe bem do que estou falando. Das revoltas, daquela vontade que o mundo se adapte, mude em favor deste amor. Da falta de compreensão e do egoísmo de acharmos que nossos problemas amorosos eram mais importantes que a fome na Africa, a guerra do iraque, a queda do comunismo no leste europeu, a desigualdade social do Brasil.
Quem já teve um amor impossível na adolescência sabe que não se consegue estudar direito, não se consegue dormir e se alimentar direito, sabe que não dá para pensar em carreira profissional. Tudo se volta para o amor. Ele alimenta e nutre, corpo e alma.
A pressa é o fundamental fator. Ela acompanha o apaixonado dia e noite, acompanhada da ansiedade. A aflição que assola os corações tornam o apaixonado cego, surdo e mudo. Não adiantam os conselhos dos mais experientes, não adianta tentar sossegar o coração do jovem apaixonado. A paixão só aumenta, dia após dia. Um estudo científico ainda comprovará que quanto maior forem os obstáculos, mais apaixonado o casal se torna. Quanto mais conflituosa a relação com as pessoas ao redor, mais sólida e essencial a paixão se torna.
E eu, não sei se feliz ou infelizmente, passei por uma paixão desta forma. Eu sempre me peguei acordado de madrugada, sempre me peguei sonhando acordado, sempre me peguei distraído no meio da multidão.
E eu só tinha olhos para ela, só ouvidos para ela, só pensamentos em torno dela.
E a vida nos separou, e eu me distanciei por medo de acabar literalmente morto e jogado no terreno baldio do Bairro de Fatima, como dizia a minha mãe.
E o tempo passou e eu resolví meus problemas. Viví a minha vida, conhecí meus melhores anos, minhas filhas, minha família. Percebí que os conselhos de todos foram acertados porém fora do contexto, fora da minha realidade temporal na época.
E a cada dia eu ia vivendo, absolutamente dentro dos conceitos que aprendera sobre casamento, lar e família. A cada dia viví tentando repetir os ensinamentos de meu pai em relação à minha mãe.
Mas existem coisas que não dominamos. existem coisas que fogem à nossa vontade e, mesmo eu fazendo para ser igual ao meu pai, não imaginava que as pessoas não são como a minha mãe.
E mesmo eu tento seguido a minha vida, mesmo eu tendo resolvido os meus problemas, a outra parte da minha paixão de adolescente ainda estava lá. Vivendo a sua vida, resolvendo os seus problemas da sua forma, no seu lugar deste mundo.
E eu tomando minhas decisões, fiz com que ela tomasse as suas. Nossas escolhas foram as melhores que a vida nos proporcionava naquele momento mas o momento passou. A vida em uma de suas manobras bruscas, nos colocou frente a frente novamente.
E não é que estava tudo lá como sempre esteve?!?!
E eu não me canso de olhar para aquele olhar tímido, aquela boca maravilhosa com aquele sorriso lindo, que nunca deixou de ser meu! nunca deixou de ser para mim!

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