Minha mão direita, arqueada em forma de concha ainda não se acostumou sem o conforto de teu seio para preenchê-la durante a noite bem como meus pés que ainda sentem falta do peso dos teus.
Meu olfato não percebe mais o teu cheiro quando fecho os olhos para dormir e nem consigo mais dormir do meu lado da cama.
A cama não tem mais lado. Tem diagonal. Cresceu, ficou imensa sem a tua presença. Os travesseiros não comportam mais as fronhas que durante a noite misteriosamente se desprendem e caem no chão. Cansei de pegá-las e elas permanecem lá, inertes. Teimosas!!!
Muitas vezes tenho a intenção de não guardar o carro na garagem, olho para o telefone e tento ler aquela frase ambígua, que ora me irritava e ora me fazia sentir felicidade pois o tempo de tua chegada já se aproximava. "more, peguei o serra! pode me pegar em barcelona?" Outras vezes vejo a luz do skype piscar ou mesmo o som do celular evidenciando a chegada de algum torpedo.
More, quatro letras com um significado do tamanho do mundo. More, quatro letras que comportam uma vida, uma eternidade. More, quatro letras que não leio mais. Letras que não aparecem em nenhum canto da tela de meu computador ou do meu telefone celular. More, quatro letras que fazem mais falta que água ou que comida.
O termostato do chuveiro não fica mais no nivel 3 de aquecimento faz tempo. Nem mesmo as bolsas com roupas, cadernos, livros e apagadores sobre a cômoda. Elas não estão mais lá. Nem os cabelos no ralo das pias do banheiro.
Faz tempo que não piso em tarrachas ponteagudas de brincos e mesmo os brincos não brincam mais sob a cama, espalhados aos pares misturados.
Peças de baixo não estão mais debaixo da cadeira da cozinha e nem no chão do banheiro. A poeira já embaça a transparência do vidro que separa as bases de madeira da mesa no canto da sala.
Uma caixa gelada de heinekken fechada dentro da geladeira, pronta para consumo não é consumida porém os legumes na gaveta apodreceram e foram para o lixo.
Os cachorros estão aqui, persistentes, bagunceiros, fedorentos e inconscientes a todo o vazio que nos cerca.
Parece que estão na guarda, aguardando.
Não há mais o espelho sobre a cama refletindo toda a profusão de cores das roupas jogadas pelo o quarto.
Enfim, há incontáveis diferenças, incontáveis pormenores que deixaram de existir ou que passaram a existir depois de tua ausência. Dizem que a vida é feita de pormenores, que as pequenas coisas é que fazem de toda a história das pessoas, que são os pequenos frascos que contêm os melhores perfumes que os temperos minúsculos dão o verdadeiro sabor à comida então sendo assim, tenho a vida incolor, inodora e insípida depois de tua partida.
O que se foi, está ido e não faz falta. Nenhuma. Vivemos sem o que se foi. Nada precisa voltar.
Quem se foi, levou muito, levou tudo o que realmente importava. Levou os segundos passados e os por vir, levou os sonhos, deixou os pesadelos. Quem se foi levou alegria, deixou saudade. Quem se foi levou as chaves, não as físicas, não as de metal fundido. Quem se foi levou as chaves de nossas vidas.

Que vai realmente deixa saudades, mas saudades que podem ser esquecidas quando passamos a dar mais valor aos que realmente se importam com agente, pode levar tempo, mas com certeza coisas melhores sempre estao a nossa espera, basta deixarmos que elas fluam e nao fiquemos remoendo coisas que nos deixam para baixo, triste e chateados!!!! te adoro
ResponderExcluirquem escreveu?
ExcluirApesar de toda a dor, angústia,ansiedade, e, sobretudo, a expectativa da volta, você tem que "tocar a vida", tem que aprender novamente uma série de coisas... Tem que lembrar que as meninas, suas filhas, precisam e muito de você. E como boa pessoa que é, tenho a certeza de que muito em breve, você vai virar essa página. lembre-se: nada nessa vida acontece por acaso! Ramon Damásio
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