Algumas vezes fui criticado por sempre estar com a cara fechada e estar indisposto a me divertir com a família. Sempre que estas criticas aconteciam eu rebatia e jogava o motivo de encontro com meu critico.
Hoje eu sei que faço e sempre fiz a minha parte. Não posso confundir diversão com faltas de limites, esbanjamento e displicência doméstica.
Vim de uma geração que as saídas de casa eram mais escassas e condicionadas à uma condição financeira, à um bom andamento dentro de casa durante a semana e também os deveres feitos e notas pertinentes na escola.
Lembro das vezes que quando criança fazíamos viajens à praia, principalmente nova almeida, para os churrascos misturados com arroz na panela com jornal para manter o calor, farofa e vinagrete.
Lembro das vezes que fomos ao SESC em Aracruz, no Ali babá e os 40 quibes em Guaraparí, nas três praias em Setiba, nas noites de sexta ou sábado quando íamos na orla de Camburí comer um sanduíche no Scoobydoo lanches, estacionamento do supermercados São José.
Shoppings não existiam e cinemas eram o São Luiz e Santa Cecília no Parque Moscoso, Paz e Glória nas avenidas Princesa Isabel e Jerônimo Monteiro Respectivamente.
Festas de aniversário eram sempre acompanhada dos pais pois as festas eram dos filhos dos seus amigos.
Não sei se estas lembranças são vivas em minha memória porque eram escassas e maravilhosas mas sei que estes valores estão meio que escondidos nas facilidades dos tempos atuais.
Não sei se isto acontecia só na minha família mas os pais já avisavam desde segunda que se nós, os filhos, nos comportássemos durante a semana, iríamos passear no final de semana. Passávamos eu e minha irmã a semana toda ajudando a nossa mãe nos afazeres domésticos, fazíamos as lições e tentávamos não brigar entre nós para ainda sim, esperar a decisão final deles.
Não sei se isto acontece só na minha família hoje mas as crianças hoje querem impor um passeio a cada sábado e domingo, pizzas, shoppings e cinemas, lanches e festas, encontros com a turma e coisa e tal. Não há um condicionamento. Não há uma relação de troca entre pais e filhos hoje em dia. Parece sim que há uma obrigação.
Hoje também a relação dos pais com os filhos nestes passeios está mais individualizada. A família está junto seja na praia, no shopping, na pizzaria ou em outro lugar e as atividades são separadas por classes. Enquanto pais bebem cerveja e pegam um sol, as crianças estão na água. Não há uma interação, uma atividade unida.
Isso é só comigo?
Mas voltando ao assunto inicial, todas as vezes que sou criticado pelo meu jeito, faço uma análise e identifico que levei sim a vários lugares, fiz sim vários passeios, com a família completa ou não, fui a treinos e campeonatos de volei, fui a apresentações na escola, a reunião de pais, levei a lugares distantes, a lugares perto, fui a parque de diversões, circos. Não fui a cinema ver desenho animado pois o ingresso considero caro e o tempo longo demais para ficar sentado vendo um filme que não queria ver.
Levo para comer pizza, sempre como pizza meio calabresa meio portuguesa quando na verdade gosto mesmo é de frango com presunto.
Sei que hoje minhas filhas conhecem mais lugares que eu conhecia com a idade delas, comeram mais lanches fora de casa e assistiram muito mais filmes que eu.
Lembro-me que cinema era uma vez por ano, nas férias de janeiro em Belo Horizonte com minhas tias, os filmes dos trapalhões.
Lembro-me que não tinha o direito de reclamar e nem de ficar com a cara fechada quando meus pais desmarcavam um passeio ou uma atividade juntos. Eram meus pais, os tempos eram outros.
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