O perdão
Vindo trabalhar hoje pela manhã, dentro do carro me fizeram uma pergunta que a resposta, apesar de óbvia, me levava a reflexões sobre o comportamento humano e os apegos, as dependências que o homem cria para se sentir diferente ao longo de sua vida.
Precisamos de pessoas. A espécie humana precisa de seus iguais, precisa de viver em comunidade, precisa de exemplos e precisa da linguagem para se desenvolver.
E sendo assim, escolhemos o meio em que vivemos e vamos nos adaptando a este meio. Vamos adquirindo os modos, os usos e costumes destas pessoas. Vamos criando nossos laços de afinidades, nosso conhecimento coloquial, nossas experiências e definindo nosso caráter sempre em função destas pessoas que nos cercam.
A princípio nosso primeiro meio de convivência é o familiar. Por ser o mais seguro, por ser o que mais importa na formação de nosso caráter, é baseado nas vivências passadas pelos membros mais velhos deste grupo de pessoas. Criamos nosso caráter, estabelecemos nossos limites e conceitos de moral e ética através dos exemplos, das coisas que presenciamos.
Não escolhemos a família onde nascemos mas é baseado justamente em seus exemplos que vamos nos formando como adultos únicos. Criamos nossas individualidades a partir desta coletividade de exemplos.
O que leva uma pessoa a gostar de determinado esporte, tipo de música, gênero de filmes, aptidões profissionais e artísticas, todas estas características são desenvolvidas nas pessoas. Ninguém nasce com as mesmas.
E o que dizer do apego? e o que dizer das considerações e respeito pelas pessoas? Aprende-se isso ou já se nasce com esta característica? E o amor e o perdão? Já se nasce sabendo amar e perdoar? Ou ama-se e perdoa-se na vida de acordo com as conveniências pessoais?
Quando nos é conveniente amar e quando nos é conveniente perdoar?
O amor é incondicional. Ou ao menos deveria ser incondicional. O ato de amar não deveria ser condicionado a nenhum outro tipo de sentimento ou de conveniência.
O perdão é um pouco mais complexo. O perdão é um derivativo do amor. Mas neste caso o perdão não deve ser derivativo do amor condicional. O perdão deve ser concedido mediante apresentação de duas fundamentais atitudes por parte da pessoa que o recebe.
A pessoa para receber o perdão deve apresentar o reconhecimento de seu erro e a disposição de não cometê-lo novamente pois caso contrário, o ato do perdão torna-se inútil e banal pois deverá ser repetido tantas vezes quanto forem necessárias por que os erros e a não disposição para evitá-los acontecerão ciclicamente.
E quem perdoa por perdoar, quem perdoa sem antes ver as credenciais de arrependimento e vontade real do perdoado em não cometer novamente os mesmos erros, nao perdoa. Apenas ama incondicionalmente.
E o que é mais difícil? Perdoar ou pedir perdão?
Para perdoar, necessário se faz abster-se de todo rancor e sofrimento que o erro alheio proporcionou.
Para pedir perdão, necessário se faz abster-se de toda a culpa e sentimento de vergonha por ter errado.
Para perdoar é necessário amar incondicionalmente sem demonstrar.
Para pedir perdão é necessário refletir e mensurar os danos causados a sí mesmo e a terceiros sem ocultar nada e sem comparar nada.
Agora, ambos, perdoar e pedir perdão, tem um algo em comum. Quando comungados, quando amadurecidos, estes dois atos praticados juntos tornam todas as pessoas envolvidas melhores. Mais iluminadas.
Cada qual com sua responsabilidade, cada qual com sua disposição. Cada qual com seu amor.
A propósito: O amor não tem preço e o amor não se paga. Não se deve negar o amor recebido por incapacidade de retribuí-lo. O amor é como a dança.... Ele se aperfeiçoa de acordo com a prática.
E a prática do amor leva as pessoas à perfeição!!!

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