quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Verdade absoluta

Cuidado com a verdade...
Parece estranho falar desta forma mas se analisarmos o que é a verdade, se olharmos profundamente os conceitos sobre verdade e mentira, abstraindo todas as vantagens e vantagens destes antônimos, percebemos que até mesmo estes paradigmas estão propensos a análises e classificações subjetivas.
O que vem ser a verdade e a mentira? São realmente antônimos, representam fielmente o que é e o que não é, simples, absoluto? Eles não coexistem? Seriam dois inimigos como o dia e a noite, o quente e o frio? 
Eu acredito que nem um nem outro são absolutos. Ambos são interpretativos de acordo com convenções, oportunidades, conveniências e interesses. Ambos são empregados tão bem que passam à margem de referencias temporais e sociais.
Diz-se a verdade e a mentira de acordo com os benefícios próprios que ambos valores podem agregar aos nossos interesses e às nossas satisfações. Ambos trazem benefícios e ambos acarretam malefícios se empregados em momentos errados e com pessoas erradas. 
Ambos são usados com a intenção de acertar. Revela-se ou esconde-se fatos, documentos, coisas, sempre com a intenção de satisfação. Algumas momentâneas outras mais duradouras.
O problema é que tanto verdade quanto mentira são praticadas por todos o tempo todo. 
Somos inevitavelmente propagadores e também recebedores destes antônimos e os efeitos que estes causam.
Por exemplo:
Verdades são absolutas nos casos óbvios: O céu é azul, as pessoas morrem, a mulher engravida, o dia é precedido pela noite, a água molha, o pássaro voa, o elefante não....
As verdades absolutas não precisam ser ditas pois são inegáveis, não existe o contrário.
Assim como as mentiras absolutas que também o são.
A verdade subjetiva nunca é absoluta, ela depende de avaliações, considerações, opiniões e validações das pessoas. A verdade subjetiva precisa de bases, de constantes afirmações, precisa de aliados, precisa de convencimento.
Uma pessoa fala tanto sobre sua verdade subjetiva que acaba convencendo quem quer ou enlouquecendo sozinha. Cria um mundo tão frágil psicologicamente que não consegue as bases para ter uma vida regrada nas verdades absolutas. 
Uma pessoa que vive sobre suas verdades subjetivas torna-se cega e egocêntrica. Muitos dirão que estas pessoas são manipuladoras mas eu discordo. A manipulação da verdade é a ferramenta que este tipo de pessoa possui e que lhe dá a sobrevida até que a verdade absoluta invada seus planos e coloque tudo abaixo.
E este momento chega, este momento é adiável porém inevitável.
Este momento vem através de nostalgia, solidão, arrependimento, frustração, tristeza, amargura.
A análise crítica, a auto análise existe dentro de cada um. Alguns a exercem diariamente, outros de tempos em tempos porém um número significativo de pessoas tentam a todo modo não a exercer, protelando até o último instante a sua manifestação.
E quando esta auto análise vem, de uma só vez, instantaneamente, libertando o indivíduo de suas falsas verdades subjetivas, um arroubo de luz invade sua mente, de uma forma tão grande que por muitas vezes chega a cegar. Uma profusão de imagens, um sem número de sentimentos guardados afloram repentinamente modificando definitivamente a sua vida. Nem que seja no seu último segundo de vida. E é exatamente neste último instante, neste último segundo, neste último suspiro de vida que surge aquela velha frase:  De arrependidos, o inferno está cheio...

Não carregamos para nosso túmulo qualquer tipo de sentimento. Apenas o corpo se vai. Todos os sentimentos, todas as experiências, todos os segundos vividos são deixados de lado. São externados através das consequências de nossas atitudes.
Não seremos lembrados pelo corpo que se decompõe sob a terra e sim sobre as atitudes que tomamos em vida.


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